Sábado, 14 de Dezembro de 2024

Recuperação da restinga na orla de Matinhos ajuda a manter biodiversidade do ecossistema

2024-08-05 às 14:11
Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

As obras de revitalização da orla de Matinhos, no Litoral, vão reconfigurar completamente o perfil da vegetação na cidade. A recuperação da restinga, que já recebeu 1,8 milhão de mudas nativas, beneficia a praia, contribuindo para a manutenção das dunas e ajudando a manter o equilíbrio da biodiversidade do ecossistema.

Os canteiros foram instalados como parte das intervenções do Instituto Água e Terra (IAT) em parceria com o Consórcio Sambaqui, grupo de empresas responsável pelo projeto após licitação pública. “A restinga é importante não apenas pela cobertura vegetal, mas também para ajudar na fixação da areia para formar os cordões de praias, que são estruturas de sedimento arenoso típicas das praias naturais”, explica o engenheiro florestal e consultor do Consórcio Sambaqui, Hiago Adamosky Machado.

As espécies foram plantadas em uma área de 5 hectares ao longo da extensão de 6,3 quilômetros da obra, ampliando em 100% a quantidade de vegetação existente na praia, que era de 2,5 hectares. O investimento nesse processo é de R$ 268 mil. Machado acrescentou que a vegetação criou um cenário ideal para a recolonização do ambiente por espécies de fauna, como corujas buraqueiras, que se alimentam de insetos e roedores que habitam as plantas.

O engenheiro florestal avaliou que a maioria das praias de Matinhos já não tinham restinga, e as poucas áreas em que havia faixa de areia suficiente para sustentar a vegetação sofriam ou haviam sido alteradas com a ocupação humana (antropizadas). “Foi um projeto de recuperação em grande escala. Fizemos o transplante direto das mudas para simular o cenário mais natural possível e trazer o melhor resultado para a recuperação e interação entre essas espécies”, acrescenta.

Machado também reforça que para garantir a recuperação apropriada da vegetação, os frequentadores da praia devem tomar alguns cuidados essenciais. “O ideal é respeitar a delimitação da restinga, acessando a praia apenas pelos caminhos apropriados e não descartando lixo nos canteiros. Além disso, é importante ficar atento à presença de espécies exóticas no local, como as plantas características dos jardins que às vezes são plantadas pela população. Ao verificar alguma dessas infrações, é recomendado acionar a Prefeitura”, aponta.

Procedimento

Ao todo, seis espécies características da restinga foram incluídas nos canteiros: a Blutaparon sp. e Hydrocotyle sp., plantas halófitas com função de fixação do solo; a Canavalia sp., uma leguminosa que facilita a absorção de nitrogênio pelo solo; a Ipomea pes-caprae e a Ipomea imperata, que promovem a circulação de nutrientes; e a Cordia verbenacea e a Polygala cyparissias, que atraem abelhas para facilitar a polinização.

As espécies foram cultivadas ao longo de um ano em um viveiro em Matinhos preparado especialmente para a obra pelo consórcio, com capacidade para produção simultânea de 650 mil plantas. O espaço já não está mais em operação, já que produziu todas as mudas necessárias para a recuperação. Agora, será feito apenas o processo de enriquecimento nos canteiros com plantas transplantadas da restinga de Pontal do Paraná.

Obra

A primeira fase da revitalização da Orla de Matinhos está 94,33% concluída e deve ser entregue no segundo semestre deste ano. O investimento do Governo do Estado é de R$ 354,4 milhões ao longo de uma extensão de 6,3 quilômetros, entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida.

A intervenção inclui a execução de serviços de engorda da faixa de areia por meio de aterro hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem. Além do sistema de drenagem, as obras contemplam a melhoria da pavimentação asfáltica e recuperação de vias urbanas. Em uma segunda etapa, ainda sem previsão para ter início, será recuperado o trecho de 1,7 quilômetro entre os balneários Flórida e Saint Etienne.

da AEN