Sexta-feira, 30 de Maio de 2025

Azul pede recuperação judicial nos EUA e ações desabam após anúncio

Pedido de proteção no Chapter 11 busca reduzir endividamento bilionário; ações desabam até 40% em Nova York
2025-05-28 às 09:44

A Azul Linhas Aéreas protocolou nesta quarta-feira (28) um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, recorrendo ao chamado Chapter 11, mecanismo que permite a reestruturação de empresas em dificuldades financeiras sem interromper suas operações. O pedido ocorre em meio a um cenário de endividamento elevado, agravado pelos efeitos da pandemia de Covid-19 e por dificuldades para levantar capital nos últimos meses.

O plano apresentado pela companhia prevê a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e a obtenção de um financiamento de US$ 1,6 bilhão na modalidade DIP, que dará fôlego ao caixa da empresa durante o processo. Além disso, há a possibilidade de novos aportes de capital, incluindo investimentos das parceiras estratégicas United Airlines e American Airlines, que poderão se tornar acionistas relevantes e ocupar assentos no conselho da Azul.

O anúncio derrubou as ações da Azul negociadas nos EUA, que chegaram a cair cerca de 40% no pré-mercado, refletindo a apreensão dos investidores quanto ao futuro da companhia. No Brasil, os papéis acumulam perdas expressivas ao longo do ano. Apesar do pedido de proteção judicial, a Azul garantiu que suas operações seguem normalmente, incluindo voos e vendas de passagens. O CEO John Rodgerson afirmou que o objetivo é otimizar a estrutura de capital, sobrecarregada pela pandemia da Covid-19, turbulências macroeconômicas e problemas na cadeia de suprimentos da aviação.

Segundo a CNN Brasil, a companhia também informou que descontinuou todas as projeções financeiras para 2025, diante da incerteza gerada pelo início do Chapter 11. A dívida da Azul atingiu R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um salto significativo em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o caixa encolheu para R$ 655 milhões. O endividamento se agravou devido à desvalorização do real, alta dos juros internacionais, atrasos em financiamentos governamentais e dificuldades para captar recursos, além de problemas globais na cadeia de suprimentos de aeronaves e peças.

Com o Chapter 11, a Azul espera reduzir seu índice de alavancagem e otimizar a frota, renegociando contratos de leasing e buscando maior sustentabilidade operacional e financeira. A expectativa é concluir a reestruturação em até um ano, já que o pedido foi apresentado com acordos pré-negociados com credores e investidores estratégicos. A entrada da Azul no Chapter 11 interrompe negociações de fusão com a Gol e a coloca no mesmo caminho já trilhado por outras grandes aéreas latino-americanas, como Gol e Latam, que também recorreram à proteção judicial nos EUA para sobreviver à crise do setor pós-pandemia.