Um homem de 44 anos viveu por oito anos com uma faca alojada no peito sem suspeitar do perigo. O caso aconteceu na Tanzânia e ganhou repercussão internacional depois de ser publicado no Journal of Surgical Case Reports em 31 de maio. O paciente só procurou atendimento médico ao perceber uma secreção com mau cheiro logo abaixo do mamilo direito. Surpreendentemente, ele não apresentava dor, febre, falta de ar, tosse ou alterações nos sinais vitais.
Durante a investigação, o homem lembrou que havia se envolvido em uma briga quase uma década antes, sofrendo cortes no rosto, costas, tórax e abdômen. Na ocasião, recebeu apenas suturas nos ferimentos; como não sentia sintomas preocupantes, exames de imagem não foram realizados, e ninguém suspeitou da permanência de um objeto no corpo.
O diagnóstico só foi possível após uma radiografia revelar uma lâmina metálica presa no lado direito do tórax, encostada à escápula, mas sem lesionar órgãos vitais. Especialistas afirmam que o acúmulo de pus e a secreção foram causados pela presença do corpo estranho e pelo dano aos tecidos ao redor, intensificados pelo tempo de permanência da faca na região.
O paciente passou por cirurgia de emergência para a retirada da lâmina e drenagem do pus. Ele ficou um dia na UTI e permaneceu internado por mais dez dias para acompanhamento, com recuperação considerada positiva e sem complicações posteriores. Segundo os médicos, o caso enfatiza a importância de exames de imagem em lesões penetrantes, mesmo quando os sintomas aparentes são leves ou inexistentes, já que situações como essa podem passar despercebidas e gerar riscos à saúde.
Além de ressaltar os desafios do diagnóstico em contextos de trauma, a surpreendente resistência demonstrada pelo paciente chama atenção para as capacidades do corpo humano em conviver com objetos estranhos por longos períodos quando não há lesão direta de órgãos vitais. O caso reforça a necessidade de avaliação minuciosa em atendimentos de urgência, especialmente em regiões onde recursos diagnósticos podem ser limitados.