Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Projeto “Conte lá que eu canto cá” se apresenta para estudantes do DF

2022-05-20 às 14:12

Inspirado na cadência das rimas e na filosofia do poeta e repentista Patativa do Assaré – um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX, o projeto cultural “Conte lá que eu conto cá” se apresenta em Brasília neste mês de maio, só que desta vez, de um jeito diferente: a trupe vai até o público infantojuvenil e leva sua arte a cinco escolas da região administrativa do Distrito Federal. Na próxima semana, serão quatro unidades escolares na agenda: Planaltina EC 09 (23/5), Ceilândia EC Maria do Rosário (24/5), Paranoá EC 01 (25/5) e Gama CE Engenho das Lages (26/5).

A estreia da temporada educacional foi em Brazlândia CEM 01 no dia 11 de maio. A cada visita, os artistas promovem um circuito cênico musical, com concerto, contação de histórias e uma interação lúdica com oficina de catira – ritmo musical e estilo de dança com maior recorrência nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e forte adesão no interior. A prática é transmitida aos estudantes com as tradicionais batidas das mãos e dos pés – originárias de culturas portuguesa, africana, indígena, espanhola e outras europeias.

O grupo é formado pelo músico Marcello Linhos (violeiro e cantor) e a atriz Adriana Nunes – integrantes da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo – e os músicos Nelson Latif (violonista), Marcelo Lima (bandolinista) e Fred Magalhães (percussionista).

Voltado para estudantes entre oito e 12 anos, o projeto visa disseminar a cultura popular e a formação de plateia. A produção lança um novo olhar sobre o sertão do Brasil e desvenda as singularidades por trás dos poemas, histórias, músicas marcantes e dos sotaques.
“Levamos para o palco esses sertões tão múltiplos que aprendi a gostar dentro de casa”, explica Marcello Linhos, um dos idealizadores do projeto, que é filho de mãe goiana e de pai mato-grossense, tal como sua irmã, Adriana Nunes. E juntos, eles fomentam a cultura nordestina. “Acreditamos que o sertão é nossa raiz, que temos o dever de não deixar se perder a história do povo brasileiro, contada e cantada. E tantas vezes passada somente por tradição oral”, complementa Adriana. Com este trabalho, o grupo observa que o público se sente parte, recorda seu valor familiar e de pertencimento enquanto cidadão.

O espetáculo visa incentivar a memória individual e coletiva da plateia. “O que percebemos a cada apresentação é que aos poucos as pessoas foram se desligando da sua raiz. A intenção é fazer com que a plateia se reconecte com essa origem. No fundo todo mundo é caipira. As pessoas têm sempre um pai, um tio com ligação à roça, mesmo que não saibam. Nossa função é despertar essa consciência cultural no público”, diz Linhos.

Com as crianças e adolescentes, a proposta vai além e visa ampliar a visão do estudante, incentivar a contação de histórias e a pesquisa por novas formas de manifestação cultural. “Levar essa diversidade cultural para os alunos é de uma importância primordial. E a possibilidade de estarmos no palco para essas crianças, é graças ao apoio governamental. Do nosso lado temos possibilidade de escolher a dedo as escolas e crianças que têm mais necessidade de ter esse contato com a arte”, finaliza o músico.

O projeto tem apoio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura, principal instrumento de fomento às atividades artísticas e culturais da Secretaria de Cultura do DF. A montagem foi feita no início de 2020, quando o grupo fez várias apresentações em palcos teatrais para a grande plateia de Brasília e partiu em turnê para Moçambique e África do Sul. Depois, também foi transformado em pílulas para Portugal. Com a chegada da pandemia e a impossibilidade de estar nos palcos, foi adaptado para websérie, exibida em 2021. “Neste período, incrementamos o repertório e criamos novos formatos para o espetáculo, não só com músicas e contos, mas trazendo um pouco da história dos compositores, bem como a cultura do Maranhão”, lembra Linhos.

Apesar desta recente trajetória, o músico Marcello Linhos confessa que a arte de Patativa do Assaré está na essência dos artistas envolvidos há mais de 15 anos, como de outros ícones da cultura nordestina e de compositores, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Gilberto Gil, Rolandro Boldrin, Paulo Diniz, Chico Buarque e outros.

O grupo ainda quer mais. Uma das metas para próximas temporadas é inserir no repertório novos autores e compositores e mira o olhar para as culturas do Norte e Sul do país.

SERVIÇO
O que: “Temporada do projeto cultural “Conte Lá que Eu Canto Cá” para escolas da região administrativa do DF

Próximas apresentações:
23/5 – Planaltina-DF | EC 09 (matutino) – entre 10h e 12h
Endereço: Setor Residencial Norte Brasília – DF
24/5 – Ceilândia-DF | EC Maria do Rosário (matutino) – 10h
Endereço: St. N EQNN 21/23 – Ceilândia, Brasília – DF
25/5 – Paranoá-DF | EC 01 (11h e 13h30)
Endereço: Q 26 Cj G Ae 01 – Paranoá, Brasília – DF
26/5 – Gama-DF | CE Engenho das Lages (matutino) (10h, 11h e 13h)
Endereço: BR-060, Km 30 3100 – Gama, Brasília – DF