Foz do Iguaçu acaba de ganhar uma nova arma na luta contra a dengue: é a Biofábrica de Mosquitos Método Wolbachia, inaugurada nesta segunda-feira (29). A ideia é procriar e liberar no meio ambiente mosquitos Aedes aegypti contaminados com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam.
A unidade é resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional, Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto WMP (World Mosquito Program), Governo do Paraná e prefeitura de Foz do Iguaçu. O investimento da Itaipu foi de R$ 161.556,20, em equipamentos e adequação do espaço, de aproximadamente 166 metros, localizado no Horto Municipal de Foz do Iguaçu.
“A Itaipu é parceira nesse processo há muito tempo. Temos discutido essa questão da Wolbachia desde 2019 e dado suporte, tanto técnico quanto financeiro, para que esse momento chegasse aonde chegou, que é justamente a concretização da biofábrica de mosquitos”, explicou o gerente da Divisão de Iniciativas de Responsabilidade Social da Itaipu Binacional, Kleber Vanolli.
O chefe da Assessoria da Responsabilidade Social da Itaipu, Eduardo Augusto Scirea, destacou o uso da ciência e da tecnologia e, principalmente, das colaborações institucionais no combate à dengue. “Quando existe convergência e parceria para melhorar a qualidade de vida da população, há responsabilidade social, e isso é papel da Itaipu Binacional”, afirmou.
Nova tecnologia para velhos problemas
Os mosquitos, que serão liberados no ambiente, não são geneticamente modificados e não são transmissores de outras doenças. O método reduziu 96% dos casos de dengue na Austrália, onde foi desenvolvido.
“O método Wolbachia foi descoberto na Austrália, por volta dos anos 2009. Identificou-se uma bactéria presente na mosca da fruta que, quando presente no Aedes aegypti, é capaz de bloquear a replicação do vírus da dengue. Com a chegada da chikungunya e da zika, observou-se que essa bactéria, que vive dentro da célula do inseto, também prejudica a replicação desses vírus”, explicou Diogo Chalegre, líder de Relações Institucionais e Governamentais do Instituto WMP – iniciativa internacional sem fins lucrativos que busca proteger a comunidade global de doenças transmitidas por mosquitos.
De acordo com a WMP, serão produzidos aproximadamente 1.300 mosquitos por semana. Esses insetos serão liberados por meio de uma van que, durante 20 semanas, percorrerá uma área que corresponde a pouco mais de 50% do território da cidade de Foz do Iguaçu.
“Antes de fazer qualquer liberação de mosquito, a gente faz um trabalho extremamente importante no campo, que é a atividade de engajamento comunitário, ou seja, nós conversamos, dialogamos com a população nas diversas frentes, saúde, educação, lideranças sociais, informando o que vamos fazer”, complementou Chalegre.
Quando os mosquitos com Wolbachia são soltos no ambiente, eles se acasalam com os insetos locais, e a nova geração também carrega a bactéria. Gradualmente, a proporção de mosquitos com Wolbachia cresce e se mantém elevada, eliminando a necessidade de novas liberações.
“Esperamos que seja um método efetivo para reduzir drasticamente a infeção do vírus da dengue nesse novo período epidemiológico”, afirma a Diretora da Secretaria do Estado do Paraná, Maria Goretti Lopes.
Foz do Iguaçu e Londrina estão entre as seis cidades selecionadas no Brasil para participar das etapas finais do método. Há planos de instalação de uma biofábrica em Curitiba. De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná, até a semana passada, o estado registrou mais de 8.995 casos da doença e 22 óbitos.
da assessoria