Sexta-feira, 05 de Setembro de 2025

Concurso do Tribunal de Justiça do Paraná enfrenta denúncias de irregularidades na aplicação das provas

Denúncias de irregularidades no processo seletivo para técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Paraná levam o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a Câmara Municipal de Curitiba a investigarem a lisura e a transparência do certame
2025-09-04 às 17:15

Candidatos ao concurso público para técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), realizado no último dia 24 de agosto, relataram diversas irregularidades durante a aplicação das provas, que colocam em xeque a lisura e a isonomia do certame. Com mais de 72 mil inscritos disputando 60 vagas distribuídas em dez cidades do estado, o concurso teve denúncias que foram encaminhadas ao Ministério Público do Paraná e geraram questionamentos também no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).

Segundo relatos obtidos pelo G1 Paraná, foram registrados casos de ausência de detectores de metais nas entradas e saídas das salas, uso de celulares e até relógios inteligentes com acesso à internet por candidatos dentro dos ambientes de prova, presença de embalagens de alimentos com rótulos proibidos, além do uso de lápis e canetas em materiais não transparentes. Em algumas salas, fiscais aparentemente despreparados conduziram a prova, provocando confusão e atrasos no início da avaliação.

As denúncias não se restringem à capital Curitiba, atingindo também locais de aplicação em Maringá e outras cidades. Candidatos afirmam que houve falta de fiscalização efetiva, permitindo comunicação entre concorrentes, e tentativas frustradas de registrar as ocorrências oficialmente, pois não teriam existido atas para tal finalidade. As redes sociais do TJPR também registraram manifestações semelhantes, reforçando a preocupação com o processo.

O edital do concurso é claro ao proibir o uso de qualquer dispositivo eletrônico durante a prova, com exceção apenas para documentos digitais no momento da identificação ao entrar na sala, e determina a retirada das baterias dos celulares antes de seu acondicionamento em envelopes lacrados. O consumo de alimentos e bebidas só é permitido em recipientes transparentes e sem rótulos, regras que, segundo os denunciantes, não teriam sido rigorosamente aplicadas.

Em resposta, o Instituto AOCP, organizador oficial do concurso com vasta experiência, divulgou nota afirmando que todas as normas legais e de segurança foram rigorosamente cumpridas, incluindo o uso de detectores de metais e treinamento extensivo da equipe. Alegou também que alguns candidatos foram eliminados por descumprimento das regras, embora a quantidade de eliminados seja informação a ser liberada apenas pelo Tribunal de Justiça. O TJPR informou que acompanha as reclamações e que tomará as medidas cabíveis caso as irregularidades sejam comprovadas.

Parlamentares locais também manifestaram preocupação com os relatos. A vereadora de Curitiba, Camilla Gonda (PSB), protocolou requerimentos solicitando esclarecimentos acerca da ausência de detectores eletrônicos e do procedimento das fiscalizações, além de questionar a inexistência de atas para registro dos incidentes denunciados. Ela enfatiza que tais falhas comprometeriam a equidade entre os candidatos. O caso está sob análise da 4ª Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público em Curitiba, além da Terceira Inspetoria de Controle Externo do TCE, que examinam as denúncias para decidir as ações futuras. Enquanto isso, os candidatos aguardam respostas concretas para garantir que o concurso siga princípios éticos e democráticos, assegurando que a seleção seja justa e transparente para todos os participantes.