Sexta-feira, 15 de Agosto de 2025

Diretora e professora de escola no PR são indiciadas por tortura após criança autista ser amarrada

Caso envolvendo menino autista de 4 anos amarrado a uma cadeira dentro de escola em Araucária revela maus-tratos reiterados e falta de formação dos funcionários
2025-08-14 às 18:31

Um grave caso de maus-tratos contra uma criança autista mobilizou a polícia e a comunidade em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Um menino de 4 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3 e não verbal, foi encontrado amarrado pelos punhos e pela cintura a uma cadeira dentro do banheiro de uma escola particular, situação que configurou crime de tortura. A professora responsável foi presa em flagrante, e a diretora da escola também foi indiciada pelo mesmo crime, após novas evidências surgirem no decorrer da investigação.

A denúncia partiu de uma funcionária da escola que já havia flagrado a criança amarrada anteriormente. Ao perceber novamente a situação, três dias depois, decidiu fotografar e encaminhar as imagens à Guarda Municipal e ao Conselho Tutelar. O menino estava preso a uma cadeira com fitas, faixas e cinto, visivelmente agitado e sem possibilidade de pedir ajuda, dado seu quadro não verbal. Os pais foram imediatamente avisados e enfrentaram o trauma de ver marcas visíveis nos braços do filho.

Investigações revelaram que o menino não foi o único a sofrer maus-tratos na escola. Outras crianças também foram encontradas amarradas em cadeiras, em diferentes locais da instituição. Áudios vazados mostraram que a diretora, que é proprietária da escola, tinha ciência dessas práticas e justificava a contenção dos alunos, mesmo reconhecendo que a situação ocorrida no banheiro foi incorreta. A diretora, que se afastou por motivos de saúde no momento do flagrante, afirmou repudiar o ocorrido, mas a polícia destacou a robustez das provas contra a escola, incluindo relatos de casos anteriores que envolvem agressões e contenções semelhantes.

Além disso, constatou-se que a escola apresentava alta rotatividade e falta de qualificação adequada dos funcionários, muitos deles nem registrados oficialmente. A profissional que prendeu o menino justificou agir sob orientação de uma estagiária pedagoga e alegou que o ato teria sido para conter a agitação do grupo em sala. O Ministério Público solicitou a prisão preventiva da professora, enquanto outras investigações continuam para apurar o envolvimento de mais funcionários.