há 20 horas
Redação

O tornado que atingiu o Sudoeste do Paraná na última sexta-feira (07) deixou um rastro de destruição em Rio Bonito do Iguaçu. O fenômeno, confirmado pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), provocou ventos estimados entre 300 e 330 km/h, equivalentes a um tornado de categoria F3 na escala Fujita, arrancando telhados, árvores e destruindo completamente dezenas de edificações. Seis pessoas morreram na cidade e outra em Guarapuava.
Casas e comércios foram ao chão e ruas foram tomadas por destroços. “É um cenário muito triste, de guerra”, resumiu o secretário de Estado das Cidades, Guto Silva, que acompanha as operações de resposta desde o primeiro dia. “A cidade está machucada, fragilizada. Não tem escola, não tem creche, não tem mercado. A prioridade agora é restabelecer a infraestrutura e acolher as famílias”, relata.
Segundo estimativas da Defesa Civil, ao menos 1 mil pessoas ficaram desalojadas e cerca de 28 desabrigadas na cidade. A resposta ao desastre foi imediata e mobilizou governos municipal, estadual e federal e também a Itaipu Binacional. A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) realizou uma sessão extraordinária e aprovou medidas para agilizar o repasse de recursos a municípios em situação de calamidade.
O presidente da Casa de Leis, Alexandre Curi, anunciou que o governador Carlos Massa Ratinho Junior liberou R$ 50 milhões do Fundo de Calamidade, enquanto a própria Alep destinou mais R$ 3 milhões, totalizando R$ 53 milhões para ações emergenciais.
O plano prevê repasse direto e a fundo perdido de até R$ 50 mil por família que tenha perdido total ou parcialmente a moradia, mediante cadastro e vistoria. “Com esse recurso ela vai poder comprar o material de construção e reformar a sua casa. É um dinheiro direto para as famílias”, destaca Curi.
O governo federal também confirmou apoio financeiro e técnico. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDIR) reconheceu a situação de calamidade e deve liberar verbas complementares. Segundo o deputado federal Aliel Machado (PV), a União já destinou R$ 15 milhões para reconstrução de estruturas públicas.
A estrutura de saúde da região foi uma das mais pressionadas nas primeiras 24 horas após o tornado. O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, informou que cerca de 750 pessoas foram atendidas em hospitais de Laranjeiras do Sul, com mais de 60 transferências para unidades de referência em Cascavel e Guarapuava nas primeiras doze horas.
“Chegaram 32 ambulâncias para apoio, fizemos internações e garantimos insumos essenciais como soro e bolsas de sangue”, relatou. O foco agora é a prevenção de doenças e a continuidade de tratamentos interrompidos. As equipes de saúde atuam com campanhas de vacinação contra tétano, distribuição de antibióticos e acompanhamento de gestantes e pacientes crônicos.
Além do atendimento físico, há preocupação com a saúde mental dos moradores. O Ministério da Saúde enviou equipes com especialistas ao município. “Foram mais de 700 pessoas feridas. Isso afeta demais. Se nós nos comovemos, imagine quem estava lá. É um trauma que vai durar muito tempo”, destacou Aliel.
O desafio da reconstrução também começou já nos primeiros dias. A Itaipu Binacional, em parceria com o Crea-PR, mobilizou cerca de 30 engenheiros e técnicos para avaliar os danos estruturais e elaborar projetos de recuperação.
“O objetivo é acelerar a reconstrução de escolas, postos de saúde e moradias com segurança e planejamento”, afirmou Carlos Carboni, diretor de coordenação da Itaipu. A estatal também disponibilizou maquinário pesado e apoio logístico para desobstrução de vias e transporte de donativos.
O prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sezar Augusto Bovino informou que a prefeitura está coordenando os trabalhos na cidade. Ele reforçou que a chave PIX oficial para doações financeiras é 95.587.770/0001-99, vinculada ao CNPJ do município, e orientou que contribuições sejam feitas exclusivamente por canais oficiais.
A tragédia mobilizou uma onda de solidariedade em todo o Paraná. Voluntários também se organizaram pelas redes sociais para arrecadar donativos e ajudar na triagem de mantimentos e roupas. “A fé, a esperança e a solidariedade do povo paranaense é muito maior que qualquer tornado”, disse Alexandre Curi.