Uma ex-funcionária de uma escola particular de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, afirmou que a diretora da instituição tinha pleno conhecimento — e até participação — em episódios de maus-tratos contra alunos. A denúncia veio à tona após a repercussão do caso envolvendo um menino autista de 4 anos, encontrado amarrado dentro do banheiro da escola, e uma menina de 3 anos que, segundo os pais, teve álcool jogado em sua boca.
Segundo relatos, o menino, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e não verbal, foi encontrado preso a uma cadeira, com os pulsos e a cintura amarrados por tiras de tecido. A professora responsável confessou o ato e foi presa em flagrante por maus-tratos. Investigações posteriores revelaram que o menino já havia sido amarrado em outras ocasiões, inclusive em dias diferentes e em ambientes distintos dentro da escola, como na sala da diretora.
A advogada da família do menino relatou que, após a divulgação do caso, surgiram novas denúncias e imagens mostrando práticas semelhantes com outras crianças. Ex-funcionários afirmam que a prática de amarrar alunos era recorrente e que havia autorização da coordenação e da direção da escola. A diretora, que também é proprietária da instituição, teria, segundo os relatos, conhecimento e anuência das ações, apesar de, publicamente, afirmar que estava afastada por motivos de saúde e desconhecia os fatos.
A Polícia Civil investiga se houve omissão ou participação direta de outros funcionários, incluindo a diretora e a coordenadora. O caso segue em apuração, com expectativa de novos depoimentos e possíveis indiciamentos por omissão ou participação nos maus-tratos. A escola, em nota, lamentou o ocorrido, afirmou colaborar com as investigações e declarou que repudia qualquer ato de violência contra crianças. As aulas foram suspensas temporariamente após a repercussão dos casos.