Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024

Ex-mulher de promotor que já violou medida protetiva 101 vezes quebra silêncio

2023-06-11 às 16:34

Um promotor de justiça do Ministério Público do Paraná (MPPR) já descumpriu 101 vezes a medida protetiva obtida pela ex-mulher dele, a servidora pública Fernanda Barbieri, que se sente acuada e refém da morosidade da Justiça em punir seu agressor. Segundo a vítima relatou ao jornal O Globo, as agressões físicas, verbais, patrimoniais e sexuais começaram há seis anos. Na entrevista, ela quebrou o sigilo do processo que Fernanda disse silenciá-la. Fernanda viu no recurso a única forma de se fazer ouvida.

A vítima adotou de vez o home office e abandonou a vida social. Desde 2017, o promotor que, aliás, já atuou na área de violência doméstica, ameaçava dar socos na ex-mulher, já jogou água quente nela e ameaçava afastá-la da filha.

Laudos médicos judiciais apontam que o promotor sofreria de transtorno bipolar e alcoolismo. Fernanda disse que os ataques surgiram em 2017 e que ela hesitou em denunciar porque acreditava que ele fosse mudar. No entanto, a situação se agravou gradativamente. “A situação foi se tornando mais grave, ele bebia e colocava a vida da minha filha em risco, e eu comecei nessa missão de denunciar as violências. Hoje eu vivo vendo atualizações do processo, esperando Justiça. Não tenho mais vida social, não posso ir trabalhar, nem ficar na minha própria casa em Londrina porque ele alugou um apartamento perto”, relatou ao O Globo.

O promotor foi condenado a três anos e meio de prisão por ter cometido importunação sexual contra a ex, em 2019. Ele teria tocado as partes íntimas dela, dentro de um carro, na frente da própria filha, então com dois anos, e de um amigo que estava no carro.

No fim de 2019, ela pediu a medida protetiva, ao temer pela própria vida. Ele deveria se manter afastado a uma distância mínima de 200 metros dela e de seus familiares. Uma quebra de sigilo no telefone da vítima e de seus parentes revelou que ele enviou 49 mensagens, algumas com insultos.

“Chegou a me oferecer R$ 30 mil para que eu retirasse a denúncia. Ele me levou até Curitiba para mudar o depoimento, dizendo que senão eu sofreria um processo desgastante. Retirei a queixa e depois fiz outro pedido de medida protetiva, até que ele foi condenado”, expõe a vítima. O promotor continua solto e não foi afastado do cargo, em Ibiporã (PR).

O promotor recebeu duas advertências institucionais. Em julho de 2020, teve prisão preventiva decretada por importunação sexual e a pena foi elevada para quatro anos, devido ao descumprimento de medidas protetivas. Sua defesa conseguiu que ele ficasse em prisão domiciliar. O MP pediu a revogação da prisão em setembro de 2020, que seria restabelecida em caso de “fatos novos”.

Fernanda alega que outras 52 violações foram cometidas, das quais duas são investigadas. O MPPR disse aO Globo que não responderia à denúncia devido ao “sigilo”, mas garantiu que acompanha o caso por intermédio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos. Em nota, o escritório Alves e Faria Advocacia, que representa a vítima, disse que “o agressor é Promotor de Justiça e a reprovabilidade dos fatos demanda o rigor das instituições”.

Com informações do Extra