há 9 horas
Edilson Kernicki

Com exclusividade ao D'Ponta News e ao programa Ponto de Vista, apresentado por João Barbiero, na Rede T de Rádios, neste sábado (1º), ao vivo, para todo o Paraná, o secretário de Estado de Segurança Pública, Cel. Hudson Leôncio Teixeira, avaliou os resultados da operação desencadeada contra o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, nesta semana. A ação terminou com 121 mortos (117 civis e quatro policiais) e 113 detidos.
O secretário considera muito remota a possibilidade de que a operação desencadeada no Rio possa contribuir para uma fuga ou infiltração de membros de facções para outros Estados, como o Paraná. "Claro que, num caso isolado, pode acontecer, como aconteceu daquele faccionado do PCC, que estava envolvido na morte do delegado de São Paulo, que veio para o Paraná. Fomos lá e houve troca de tiros, mas foi um caso isolado", diz. Cel. Hudson se refere à morte de um suspeito de participar da execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes. Umberto Alberto Gomes, de 39 anos, era considerado foragido e foi morto na manhã de 30 de setembro, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Outros nove envolvidos foram detidos no estado de São Paulo e dois são considerados foragidos.
"Pode ser que um ou outro venha para se esconder ou para passar pelo estado, mas não vejo a possibilidade de migrar o crime da região [do Rio de Janeiro] para o estado do Paraná. A gente acompanha muito isso, com nossa Inteligência e com nossa Polícia Penal. Estamos atentos e prontos para qualquer situação que fuja à normalidade", enfatiza. "Mas não vejo a necessidade de as pessoas se preocuparem com isso agora", complementa.
A pedido de Ratinho Junior, o secretário de Segurança Pública do Paraná foi o primeiro a entrar em contato com o secretário da mesma pasta no Rio de Janeiro, Victor César dos Santos, "para colocar, efetivamente e não politicamente, a Segurança do Estado do Paraná à disposição do Rio de Janeiro, com o envio de tropas, se fosse necessário, o envio de tecnologia, de equipamento. Ele agradeceu, mas, para o momento, não era necessário", relata. "Não é um movimento político, mas um movimento de solidariedade do Estado do Paraná com o Estado do Rio de Janeiro. É uma situação que foge a toda a regra. É uma situação de tomada de território, de guerrilha urbana. O Estado se omitiu por muito tempo e o crime tomou conta, criou um Estado paralelo no Rio de Janeiro", analisa.
O secretário de Segurança Pública do Paraná não considera positivos os resultados da operação no Morro do Alemão. "Não vejo como positiva uma situação que tem como resultado morte. Tivemos lá pessoas que morreram, marginais ou não. Tivemos vários policiais que foram baleados, quatro entraram em óbito. Não vejo como positivo um resultado como esse. Mas entendo que a situação lá difere de qualquer outra. Ali, os marginais já sabiam que teria operação. Não tem como ter movimentação de mais de 2 mil policiais do Estado do Rio de Janeiro sem que o crime tenha conhecimento", avalia. "Eles sabiam, se prepararam, se armaram, equiparam drones com explosivos, usaram fardas para se misturar e parecer que eram policiais do BOPE", complementa.
"O Estado saiu e a milícia tomou conta dessa comunidade. Qualquer inserção do Estado ou retorno do Estado agora é traumática. A meu ver, o que eles fizeram foi traumático. Morreu muita gente, mas agora não pode ser mais. Não adianta fazer operação e sair. O Estado tem que retomar o controle da energia, da internet, do gás, enfim. Quem comanda hoje isso são as milícias", afirma.
Paraná
No Estado do Paraná, a Segurança Pública comemora bons resultados, com 97% de esclarecimento nos crimes de homicídios e a redução de homicídios dolosos, de janeiro a setembro, de 1.498 para 865, em comparação ao mesmo período do último ano - recorde histórico reconhecido pelo Ministério da Justiça. "Nesta semana, divulgamos o balanço, do Estado do Paraná, da Segurança, dos índices. Realmente, ficamos muito felizes com tudo isso, porque são vidas que foram salvas; jovens que não tiveram acesso às drogas; pais de família que retornaram para suas casas. O Paraná foi reconhecido, pelo Ministério da Justiça que mais reduziu homicídios em 2025", destaca.
Pela série histórica, iniciada em 2007, os resultados de 2024 para 2025, segundo o coronel, são os melhores no que se refere à redução de homicídios em todo o Estado. "Isso se dá, obviamente, primeiro, pelo investimento que o governador Ratinho tem feito na Segurança, em equipamentos, na reestruturação das carreiras, na tecnologia, na contratação de novos policiais, depois da integração das polícias do Estado do Paraná - que foi um dos objetivos e metas quando ele me convidou para trabalhar na Secretaria", avalia.
"Tínhamos polícias que não se conversavam, não sabiam das operações uma das outras e, hoje, sentamos à mesma mesa e tratamos de nossas metas para a redução [dos homicídios e da criminalidade] e isso tem dado muito certo", pontua.
Na visão do Cel. Hudson, mais importante que todo o investimento feito, o resultado deve ser atribuído, principalmente, à qualidade do serviço dos policiais. "São qualificados e treinados, homens e mulheres muito comprometidos, o que tem dado esse resultado bastante importante no cenário nacional e, no nosso Estado, não é diferente", frisa.
O secretário, que é policial militar desde 1989, conhece profundamente os problemas que a segurança pública no Estado já enfrentou em administrações anteriores, como a falta e sucateamento de viaturas e, até mesmo, limitação de combustível, e a redução de efetivo, por exemplo. "Vivi na pele isso, pois sou policial desde 1989 e a gente passou por várias fases e nenhuma delas se compara à de hoje. Não tínhamos combustível para trabalhar, tínhamos que deixar os veículos desligados e selecionar quais ocorrências nós atendíamos. As viaturas que usávamos eram as piores. Inclusive, perdemos vários policiais em acidentes, em acompanhamentos com veículos que não eram compatíveis com a missão", observa.
"Armamento, nem se fala. Agora, o Governo está entregando mais de 3 mil fuzis e carabinas, que nós não tínhamos, nessa proporção. Recentemente, o governador entregou cinco helicópteros para a sociedade, dos quais, três para a Polícia Militar; um para a Polícia Civil e um para o Corpo de Bombeiros Militar", observa. Para fevereiro, serão entregues sete veículos blindados, que estão sendo produzidos no Canadá. Cel. Hudson ressalta, ainda, que as corporações estão preparadas para, eventualmente, combater os assaltos a bancos, que marcaram a segurança pública estadual na década de 2010 e que ele comemora não terem ocorrido mais, graças a ações e incremento no setor de segurança.
"Ainda sou policial"
O secretário comentou uma ocorrência que foi vista como inusitada, mas que, para ele, é muito comum, que aconteceu em setembro, quando socorreu um ciclista atropelado por uma moto, em Curitiba, e descobriu que a vítima possuía pendências judiciais, com um mandado de prisão em aberto. O homem foi preso por dever pensão alimentícia. "Minha vida inteira lidei com isso. Chama a atenção pela função que ocupo, agora, mas continuo sendo policial. Estávamos nos deslocando para o trabalho, pela manhã, e me deparei, junto da equipe, com um acidente de trânsito, onde um rapaz, um ciclista, havia sido atropelado por uma motocicleta. De pronto, paramos ali para prestar socorro ao rapaz, que estava caído. Já quando cheguei, observei que estava meio estranha a conduta do ferido. Olhei, do lado dele, um cigarro de maconha. A todo momento, ele queria levantar, porque um amigo vinha buscá-lo e notei que ele já estava meio diferente. Disse: 'você vai esperar aí, aguardar o Siate vir te socorrer'. Na panturrilha dele, havia uma tatuagem de carpa - é uma tatuagem que, costumeiramente, no crime, usam para identificar quem pratica roubos. Pedi para o capitão que estava comigo checar o nome desse rapaz e tinha um mandado de prisão em aberto. Tomamos as providências, o Siate socorreu e ele já foi encaminhado ao presídio, para dar cumprimento ao mandado de prisão", relembra.