Segunda-feira, 09 de Junho de 2025

Governo investe R$ 11 milhões em programa que amplia oportunidades para docentes e universitários

Investimento do Governo do Estado é de R$ 11 milhões
2025-06-09 às 15:54
SETI PR

Pesquisas avançadas, laboratórios modernos, novas culturas e experiências de vida transformadoras. Com apoio do Governo do Estado, estudantes e professores das universidades paranaenses públicas e privadas estão ultrapassando fronteiras geográficas e científicas por meio da nova modalidade do programa Ganhando o Mundo, que já firmou parcerias com instituições de ensino superior de seis países e conta com investimento de R$ 11 milhões para concessão de 100 bolsas de iniciação científica e 100 de pós-doutorado.

Inspirada no modelo voltado a alunos do Ensino Médio, a nova vertente, chamada Ganhando o Mundo da Ciência, é coordenada pela Fundação Araucária e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O programa original, criado em 2019, já levou 1.240 adolescentes ao Exterior e tem outros 2 mil com viagem garantida neste ano. Agora, a versão voltada ao ensino superior amplia o alcance com foco na internacionalização da ciência paranaense, por meio de parcerias para intercâmbio acadêmico com instituições do Canadá, Japão, França, Holanda, Itália e Índia.

Atualmente, os órgãos estaduais trabalham na oficialização de novas parcerias com universidades da China, Austrália, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Singapura, Moçambique, Polônia e Finlândia, além de novas instituições canadenses.

Para participar do programa, os interessados devem atender aos critérios definidos em edital (confira AQUI), além de diretrizes específicas de cada universidade parceira. No caso dos estudantes, é necessário estar regularmente matriculado em cursos de graduação ou pós-graduação, participar de projetos de pesquisa com orientação docente, possuir bom desempenho acadêmico e comprovar proficiência no idioma do país de destino.

Os professores devem atuar como orientadores em projetos de iniciação científica ou desenvolver atividades de pós-doutorado. A seleção é realizada por chamada pública, com avaliação do mérito técnico-científico do projeto, aderência à área temática da instituição parceira e proficiência no idioma exigido pela universidade.

Segundo o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, além do benefício direto aos intercambistas, a iniciativa contribui com o processo de internacionalização das universidades paranaenses. Ele lembrou que o Paraná é um dos estados que mais fornece bolsas de iniciação científica, com quase 5 mil bolsistas, sendo metade deles estudantes de universidades públicas estaduais.

“A ciência e a tecnologia dependem muito de parcerias e projetos de cooperação em nível nacional e internacional, tanto é que os países que despontam como líderes na produção de riquezas por meio do avanço científico possuem instituições de ensino muito internacionalizadas”, afirmou Wahrhaftig.

“O Paraná tem uma rede de pesquisadores muito robusta para os padrões brasileiros e do hemisfério Sul e, com o Ganhando o Mundo da Ciência, estamos fomentando o intercâmbio em áreas estratégicas para o desenvolvimento socioeconômico do Paraná. Por isso, buscamos países e instituições de ensino específicas atreladas às necessidades estaduais”, acrescentou o presidente da Fundação Araucária.

Entre os campos prioritários para esse intercâmbio estão, por exemplo, tecnologias voltadas ao agronegócio (agrotecnologia), o uso sustentável de recursos biológicos para geração de produtos e energia (bioeconomia), a aplicação de ferramentas genéticas para melhorar a produção agrícola (agrogenômica) e o uso da genômica para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças (genômica aplicada à saúde). Esses temas têm se destacado no Paraná por seu potencial de impacto no desenvolvimento regional e devem seguir ganhando importância nos próximos anos.

Todas as despesas dos selecionados são custeadas pelo Governo do Estado, incluindo a passagem aérea, visto, seguro médico, auxílio-moradia e acomodação. Os alunos também recebem uma ajuda de custo mensal no período que durar a experiência internacional. Mais informações sobre as edições do programa estão disponíveis no site da Fundação Araucária ou pelo e-mail [email protected].

PONTE PARANÁ-JAPÃO
O primeiro grupo que integra o Ganhando o Mundo da Ciência viajou em abril deste ano. São dois estudantes de graduação e três de pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado), que foram para a Universidade Provincial de Kyoto (KPU), no Japão. Depois de passarem um semestre desenvolvendo pesquisas em áreas como entomologia, genômica e agronegócio, eles retornarão ao Paraná em outubro.

Gabriel Luis Back Wendler, do 4º ano de Licenciatura em Ciências Biológicas na Unioeste, em Cascavel, sempre quis estudar fora, mas não esperava uma chance ainda na graduação. Em Kyoto, ele dá continuidade à iniciação científica em entomologia (estudo de insetos), com foco em impactos na produção agrícola. “Sem esse apoio eu não teria condições de fazer uma viagem dessas”, disse.

Desde os primeiros dias no Japão, Gabriel se surpreendeu com a nova rotina, sobretudo do convívio com estudantes de outros países, com quem também pratica inglês, e com os japoneses, que, segundo ele, ensinaram muito sobre respeito e civilidade. “Essa troca de experiências é a minha parte favorita. Mesmo sendo um idioma difícil, por estarmos imersos o aprendizado acontece mais rápido”, contou.

Ele pretende seguir carreira acadêmica e considera fazer o mestrado fora do país. “Quero trazer para o laboratório da Unioeste visões e perspectivas diferentes que estou aprendendo aqui em Kyoto”.

Outro integrante do grupo paranaense no Japão é o professor Jackson Kawakami, do Departamento de Agronomia da Unicentro, que realiza atividades de pós-doutorado na KPU. Seu estudo compara o DNA de bactérias e fungos no manejo orgânico e convencional do cultivo de uva e feijão — duas culturas em que o Paraná se destaca nacionalmente. “Trata-se de um campo relativamente novo de pesquisa, mas no qual a Universidade de Kyoto tem se destacado”, afirmou.

Para além da pesquisa, Kawakami valoriza o intercâmbio como uma experiência transformadora. “O contato com uma cultura, idioma e costumes tão diferentes promove não apenas avanços científicos, mas também humanos. Ampliamos nossa visão de mundo”, destacou o professor.

Ele também enxerga o intercâmbio como uma ponte para oportunidades profissionais. “Estabelecemos contatos com professores do Japão e de outros países, o que pode abrir portas para que meus orientandos e outros alunos e docentes das estaduais venham para cá. O Japão tem grande interesse em aprofundar parcerias com o Brasil”, explicou.

Um exemplo é o de um doutorando brasileiro que atua com um produto de interesse comercial de uma empresa japonesa. “Provavelmente será contratado e passará a fazer negócios com o Brasil. As possibilidades são muitas”, disse Kawakami.

De acordo com a estudante de Bacharelado em Farmácia da Unioeste Larissa Akemi Ishida, a longa viagem até o Japão – que durou cerca de 36 horas – foi recompensada pela receptividade da comunidade universitária de Kyoto. “Apesar dos japoneses serem tímidos, fomos recebidos com carinho e amor pelas pessoas. Todos nos ajudaram muito na adaptação inicial e muitos me falaram sobre a vontade de também conhecerem o Brasil”.

Com o uso de equipamentos diferentes, cujo acesso é quase impossível no Brasil, Larissa já tem conseguido avançar em suas atividades de iniciação científica. “A oportunidade de poder ver e utilizar essas máquinas no laboratório é a maior conquista que eu tive, tanto que meu orientador e eu estamos muito animados e planejamento futuras publicações do nosso trabalho”, disse.

NOVOS DESTINOS
O próximo grupo de acadêmicos paranaenses embarca para Compiègne, na França, no fim de julho, dentro da parceria com a Universidade de Tecnologia de Compiègne. O acordo com a Fundação Araucária, firmado no fim de 2024, tem duração prevista de quatro anos. Na primeira etapa da cooperação, foram ofertadas 46 vagas para estudantes de graduação e mestrado, além de duas para doutorado e duas para pós-doutorado – todas já com inscrições encerradas.

Atualmente, estão abertas as inscrições para o Ganhando o Mundo da Ciência com destino à Universidade de Wageningen, na Holanda. O intercâmbio está previsto para ocorrer entre agosto de 2025 e janeiro de 2026, na cidade homônima. São três vagas disponíveis: uma para estudante de graduação, uma para doutorado e uma para pós-doutorado, com foco em pesquisas nas áreas de Agrotecnologia e Ciência dos Alimentos. As inscrições seguem até 15 de junho.

Em agosto, será lançado um novo edital com dez vagas para estudantes de graduação interessados em um intercâmbio de seis meses na Universidade de Alberta, localizada em Edmonton, no Oeste do Canadá, próxima à fronteira com os Estados Unidos.

O Governo do Estado também firmou acordos de cooperação com a Universidade de Ferrara, na região de Emília-Romanha, na Itália, e com a Universidade de Pune, uma das mais tradicionais da Índia. Ambas as instituições são reconhecidas internacionalmente e têm áreas de atuação que dialogam com vocações estratégicas do Paraná.

A Universidade de Ferrara se destaca em áreas como biotecnologia, ciências farmacêuticas e meio ambiente, enquanto a Universidade de Pune tem forte atuação em tecnologia da informação, inteligência artificial e inovação. As vagas e os critérios de seleção ainda estão em definição junto às instituições parceiras.

As informações são da Agência Estadual de Notícias.