Segunda-feira, 25 de Agosto de 2025

Investigação aponta que Igreja teria abafado denúncias contra padre preso no PR

Delegada afirma que superiores foram informados sobre casos de abuso de vulneráveis, mas não os levaram à polícia
2025-08-25 às 16:52
Reprodução / PCPR

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) investiga um padre preso preventivamente em Cascavel por suspeita de estupro de vulnerável. A delegada Thaís Zanatta, responsável pelo caso, revelou que as denúncias de abuso foram, segundo a investigação, abafadas por superiores na Igreja Católica, o que teria permitido que o religioso continuasse atuando por anos.

A prisão ocorreu no domingo (24), e o padre é suspeito de ter dopado e abusado sexualmente de um jovem de 19 anos enquanto oferecia tratamento para dependência química. Conforme a PCPR, o padre é formalmente acusado por três crimes de abuso, mas o número de vítimas pode ser maior. A delegada afirma que as investigações apontam que a Igreja foi informada de parte dos abusos, mas não levou os casos às autoridades.

Segundo a delegada Zanatta, o primeiro registro contra o padre é de 2010, quando ele ainda era seminarista e teria abusado de outro seminarista, que estava em estado de sonolência. Outro caso foi registrado entre 2013 e 2014, envolvendo um menino de 13 anos que atuava como acólito (auxiliar de missas). A polícia colheu relatos de que o padre realizava festas com bebidas alcoólicas, presenteava crianças e adolescentes e pedia que dormissem em sua casa.

A investigação aponta que o caso de 2010 foi levado ao arcebispo de Cascavel na época, mas nada foi feito. A delegada afirma que o arcebispo teria feito os dois seminaristas assinarem um acordo para que o caso não fosse levado às autoridades. Em 2021, novas denúncias teriam sido encaminhadas para o arcebispo que assumiu a diocese naquele ano, mas também não foram levadas ao conhecimento da polícia.

Em nota, o arcebispo de Cascavel, dom José Mário Scalon Angonese, disse que o padre foi suspenso assim que a denúncia chegou oficialmente à diocese, em 14 de agosto. Ele afirmou que já foi iniciado um processo de investigação, com prazo de 90 dias, e que a decisão de Roma, se confirmado o crime de pedofilia, é pela demissão do estado clerical.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi procurada para comentar o caso, mas não se manifestou até a última atualização da reportagem.