A Polícia Civil do Paraná (PCPR) investiga um padre preso preventivamente em Cascavel por suspeita de estupro de vulnerável. A delegada Thaís Zanatta, responsável pelo caso, revelou que as denúncias de abuso foram, segundo a investigação, abafadas por superiores na Igreja Católica, o que teria permitido que o religioso continuasse atuando por anos.
A prisão ocorreu no domingo (24), e o padre é suspeito de ter dopado e abusado sexualmente de um jovem de 19 anos enquanto oferecia tratamento para dependência química. Conforme a PCPR, o padre é formalmente acusado por três crimes de abuso, mas o número de vítimas pode ser maior. A delegada afirma que as investigações apontam que a Igreja foi informada de parte dos abusos, mas não levou os casos às autoridades.
Segundo a delegada Zanatta, o primeiro registro contra o padre é de 2010, quando ele ainda era seminarista e teria abusado de outro seminarista, que estava em estado de sonolência. Outro caso foi registrado entre 2013 e 2014, envolvendo um menino de 13 anos que atuava como acólito (auxiliar de missas). A polícia colheu relatos de que o padre realizava festas com bebidas alcoólicas, presenteava crianças e adolescentes e pedia que dormissem em sua casa.
A investigação aponta que o caso de 2010 foi levado ao arcebispo de Cascavel na época, mas nada foi feito. A delegada afirma que o arcebispo teria feito os dois seminaristas assinarem um acordo para que o caso não fosse levado às autoridades. Em 2021, novas denúncias teriam sido encaminhadas para o arcebispo que assumiu a diocese naquele ano, mas também não foram levadas ao conhecimento da polícia.
Em nota, o arcebispo de Cascavel, dom José Mário Scalon Angonese, disse que o padre foi suspenso assim que a denúncia chegou oficialmente à diocese, em 14 de agosto. Ele afirmou que já foi iniciado um processo de investigação, com prazo de 90 dias, e que a decisão de Roma, se confirmado o crime de pedofilia, é pela demissão do estado clerical.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi procurada para comentar o caso, mas não se manifestou até a última atualização da reportagem.