“Como ser um(a) aliado(a) da diversidade sem perder a sua identidade?” O tema foi trazido nesta quinta-feira (7), no encerramento da programação da 5ª Semana da Diversidade, promovida pela Itaipu Binacional, por meio do Comitê de Gênero, Raça, Diversidade e Inclusão, e Itaipu Parquetec. O doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Andrio Robert, da plataforma Papo de Homem, proferiu uma palestra magna, pela manhã, no Auditório Cesar Lattes. O foco foi aproximar o corpo masculino da empresa para a discussão dessas questões tão sensíveis e importantes para a sociedade.
“A maioria dos homens não se vê como um sujeito da diversidade. Ele não pensa que, quando ele envelhecer ou sofrer um acidente, vai depender de espaços que têm acessibilidade. O homem dificilmente se coloca nesse lugar, porque nunca se vê como um sujeito vulnerável, passível de sofrer algum acidente, de ter alguma mudança brusca na vida que possa colocá-lo em outro lugar. E, muitas vezes, aquilo que ele achava que não era importante, passa a ser crucial”, explica Andrio Robert.
Durante o bate-papo, o palestrante explicou que, antes de tudo, é preciso entender o que é diverso. Segundo ele, trata-se de um espaço no qual existem muitas diferenças de ideias, corpos, gênero, sexualidade e forma de ver o mundo. Homens e mulheres têm as suas diferenças, mas precisam ser respeitados na sua individualidade. “Tudo é diverso. Se não for, não é natural, assim como na natureza e no convívio entre os seres humanos”, refletiu. Como acontece com as mulheres, os homens têm as suas vulnerabilidades muitas vezes ignoradas pela sociedade.
Mesma linguagem
Para o diretor administrativo de Itaipu, Iggor Gomes, hoje, a empresa e todas as suas fundações, o fundo de pensão da Fibra e a Fundação Itaiguapy, que administra o Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), estão falando a mesma linguagem em relação ao tema. Estudos demonstram que 95% das lideranças entendem que é fundamental a inserção da diversidade nas corporações, “mas nem todas as pessoas são simpáticas ao assunto”, afirmou.
“Por isso, quero reforçar aqui o compromisso da Itaipu com o Comitê de Gênero, Raça, Diversidade e Inclusão. Não existe uma sociedade da barreira para dentro e uma outra sociedade da barreira para fora (referindo-se a Itaipu). É uma só”. Iggor Gomes lembrou que Itaipu é signatária do Pacto Nacional pela Equidade, Inclusão, Diversidade.
“Estamos dispostos a avançar o que for possível nesse debate. A gente ainda vive muito no pensamento da subjetividade. Feminismo, questão de gênero, raça, não é comigo, mas, na verdade, o homem é um grande parceiro desses temas, assim como o branco é um grande parceiro das questões raciais. Precisamos enfrentar essas barreiras, porque senão a gente acaba reforçando segregações”, ressaltou.
Maior público
A coordenadora do Comitê de Gênero, Raça, Diversidade e Inclusão da Itaipu, Jessica Maris da Rocha Maciel, afirmou que a estratégia de fazer o convite para a participação de Andrio Robert, do Papo de Homem, na Semana da Diversidade, foi pensando exatamente no público masculino da Itaipu, que corresponde à maioria do quadro funcional. Hoje, a Itaipu e o Itaipu Parquetec, os dois realizadores do evento, têm majoritariamente um público masculino, até porque no setor elétrico há essa configuração também. “A gente sentia que o comitê e essas áreas que trabalham na diversidade estavam sempre conversando mais com as mulheres e mais com as pessoas que já se veem, de certa forma, representadas pela pauta da diversidade”, destacou.
Segundo ela, trazer esse conteúdo foi uma forma de tentar aproximar públicos que não ainda têm tanta proximidade com o tema ou que não se engajam tanto com as atividades de sensibilização dessa temática de diversidade, equidade e inclusão. “Não tem como a gente avançar na equidade de gênero, raça e inclusão, de qualquer público minoritário, sem que a gente tenha aliados de todos os povos, de todos os tipos de pessoas. É uma forma que encontramos para começar a construir essas alianças entre os corpos funcionais da Itaipu e do Itaipu Parquetec. A intenção é focar não no que nos diferencia, mas sim naquilo que nos une”, pontuou.
Enzo Maschio Figueiredo, da Divisão de Desenvolvimento de Recursos Humanos, reflete que a Itaipu está vivendo um novo momento. “É um movimento grande que está acontecendo na empresa em relação à diversidade, cuidado e inclusão, e, às vezes, o homem pode se sentir fora dessa discussão, mas o nosso papel é chave nessa construção. Minha expectativa é poder, depois dessa palestra, continuar conversando sobre o tema com outros colegas e avançar sobre a causa”, disse. Para ele, a diversidade de temas trazidos na programação traz um sentimento de pertencimento aos empregados, o que é bom para toda a empresa.
Focada na sensibilização
A programação da Semana da Diversidade foi focada em sensibilizar, informar e trazer referências na inclusão e direitos humanos a todo o corpo funcional da Itaipui e fundações. Desde a primeira edição, em 2019, são abordados temas relacionados à proteção de públicos vulneráveis e à importância de um papel protagonista da Itaipu no apoio a essas causas. Durante a semana, foram realizadas cinco atividades, presenciais e on-line, com mais de 230 participantes. A programação incluiu oficinais de tecnologias assistivas e defesa pessoal para mulheres, debate sobre diversidade na tecnologia e bate-papo sobre indícios de violência doméstica e o que é interseccionalidade.
da Itaipu Binacional