O Paraná foi anunciado nesta quarta-feira (26) como um dos 12 semifinalistas do Prêmio Excelência em Competitividade 2025, iniciativa que reconhece e incentiva práticas inovadoras de gestão pública e desenvolvimento econômico sustentável em todo o Brasil. Neste ano, o Estado concorre com o programa Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (Ageuni), coordenado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), que articula ações nas sete universidades estaduais para fortalecer as vocações produtivas locais e regionais.
As ações selecionadas nesta etapa preliminar da premiação passarão por nova avaliação conduzida por especialistas em administração pública, que definirão seis finalistas, com previsão de divulgação no início de julho. Na fase seguinte, em agosto, serão revelados três vencedores durante o lançamento do Ranking de Competitividade dos Estados 2025 em Brasília, quando ocorrerá a cerimônia de premiação. Além do Paraná, estão na concorrência boas práticas apresentadas por mais dez estados de todas as regiões brasileiras.
A Ageuni foi escolhida entre 333 ações de 20 estados. A premiação é promovida pelo Centro de Liderança Pública (CLP), instituição focada em excelência governamental. Em 2024, o Paraná conquistou o prêmio com o Escritório de Projetos Executivos de Engenharia e Arquitetura (Projetek), outro programa estratégico desenvolvido pela Seti, em parceria com as instituições estaduais de ensino superior, que já beneficiou 59 municípios com 87 projetos de obras públicas, gerando uma economia de R$ 8,8 milhões aos cofres municipais.
Segundo o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, o programa Ageuni representa um modelo inovador de integração entre ciência e setor produtivo. “Esta política consolida o Paraná como uma referência em desenvolvimento sustentável, transformando conhecimento acadêmico em resultados concretos para a economia, com ganhos de competitividade e geração de emprego e renda em todas as regiões do estado”, afirma.
Ele destaca o modelo de governança descentralizada e regional como um dos diferenciais do programa. “A gestão é composta por nove comitês regionais estratégicos, um em cada universidade estadual, e um comitê estadual, com participação de representantes do setor produtivo, governo e sociedade civil organizada, assegurando que as decisões reflitam as necessidades reais de cada território”, explica.
Impacto
A Ageuni é uma política pública de Estado instituída pelo Decreto nº 10.769/2022 para fomentar o desenvolvimento socioeconômico e a competitividade das empresas paranaenses, agregando tecnologia aos processos de produção de bens e serviços. O programa apoia projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) envolvendo empresas, cooperativas, startups, municípios e organizações da sociedade civil, em articulação com as instituições de pesquisa científica e tecnológica e as universidades estaduais.
Na prática, o programa direciona a produção científica para solucionar os desafios do setor produtivo. Em 2023, no primeiro ciclo de prospecção de demandas conduzido pelo Governo do Estado via chamada pública, foram selecionadas 67 projetos apresentados pelas universidades, com investimento total de R$ 28,6 milhões para a execução das pesquisas em diferentes regiões do território estadual. Os recursos são do Fundo Paraná, uma dotação constitucional para o fomento científico e tecnológico, administrada pela Seti.
A distribuição dos projetos demonstra equilíbrio nas diferentes modalidades atendidas. Entre as propostas aprovadas, 21 são de microempresas e microempreendedores individuais (34,85%), com investimento de R$ 9,9 milhões. Outras 11 pesquisas envolvem médias empresas (14,43%), totalizando R$ 4,1 milhões; e 12 projetos atendem demandas de empresas de grande porte (18,19%), com R$ 5,2 milhões. A categoria municípios, cooperativas e outras organizações reúnem 23 iniciativas (32,53%) com o aporte de R$ 9,3 milhões em recursos.
Pesquisas aplicadas
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) lidera dois projetos que exemplificam como a ciência pode revolucionar cadeias produtivas. Um deles propõe um processo para transformar resíduos da produção industrial de laticínios que seriam descartados em ingredientes nutricionais, como prebióticos que melhoram a saúde intestinal e probióticos que fortalecem a imunidade. Os pesquisadores comprovaram a eficácia do método, que pode reduzir em 30% os resíduos industriais e gerar novos produtos para o setor de alimentos funcionais.
O outro projeto desenvolve um método inovador para transformar a pele e as escamas da tilápia, resíduos normalmente descartados pela indústria pesqueira, em colágeno de alta qualidade. Esse ingrediente tem aplicação em produtos dermatológicos e em suplementos que auxiliam no tratamento de desgastes e inflamações nas articulações. Com a fase de testes em laboratório concluída, a equipe de pesquisadores trabalha para adaptar a técnica ao ambiente industrial, com foco na otimização de custos de produção.
Programas integrados
A Ageuni integra outros programas estratégicos do governo estadual que fortalecem a conexão entre ciência e setor produtivo. O programa Paraná Empreende Mais (PEM), por exemplo, já certificou 4.674 pessoas em cursos gratuitos de formação empreendedora, oferecidos pelas universidades estaduais para micro e pequenos empresários de todas as regiões, nas modalidades presencial e online. O Projetek também está vinculado à Ageuni.
Outra iniciativa é o Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), desenvolvido com a Fundação Araucária, que capacita pesquisadores para transformar o resultado de estudos acadêmicos em produtos, serviços e novos negócios. Já o Programa de Residência Técnica em Políticas de Especialização Produtiva, que conta com 40 profissionais de diferentes áreas de formação atuando nas instituições estaduais de ensino superior, para potencializar desenvolvimento produtivo regional no âmbito do programa Especializa Paraná.
da AEN