Domingo, 13 de Outubro de 2024

PM é afastado após repercussão de vídeo de tortura contra jovem no Paraná

2024-01-22 às 10:33
Foto: Divulgação

Um policial militar foi afastado da corporação, neste domingo (21), após um vídeo em que ele aparece agredindo um jovem repercutir nas redes sociais. Conforme a Polícia Militar do Paraná (PM-PR), o caso teria ocorrido no batalhão em Matelândia, no oeste do estado.

Nas imagens é possível observar quatro rapazes encostados em uma parede com as mãos para trás. Junto com eles está um policial, com uma espécie de bastão na mão. Ele bate com o objeto nas pernas e na sola do pé de um dos jovens. Um outro policial aparece no vídeo, dá uma risada para a câmera e segura o pé do rapaz para cima, enquanto o primeiro PM continua a bater com o bastão no menino, que chora.

Em nota, a Polícia Militar afirma que, após análise preliminar da Diretoria de Inteligência, foi constatado que as imagens são de dois vídeos de datas distintas. A primeira parte do vídeo ocorreu no mês de abril de 2017 e a PMPR informa que teve ciência no ano de 2019. Já a segunda parte, veiculada nas redes neste mês, teria ocorrido em abril de 2017. Segundo a PM, um dos agressores, bem como, o militar que filmou a ação, são os mesmos envolvidos no primeiro caso e que já não estão na Corporação.

“Ainda na segunda parte do vídeo, foi identificado um policial militar do serviço ativo, que não teve envolvimento no primeiro caso, sendo determinado de imediato, o seu afastamento das funções operacionais e a instauração de Inquérito Policial Militar para apurar os fatos”, diz a PM.

Primeiro vídeo

A primeira parte do vídeo ocorreu no mês de abril de 2017 e a PMPR teve ciência no ano de 2019. Conforme a PM, os dois envolvidos responderam processo administrativo expulsório e criminais. “Um deles pediu baixa das fileiras da PMPR, em junho de 2019. Após apuração em Inquérito Policial Militar (IPM) e consequente ação penal, foi condenado pelo Poder Judiciário, em sentença transitada em julgado em junho de 2023, à pena de 3 anos, 8 meses e 24 dias de reclusão e perda do cargo público pela prática do crime de tortura (já não era policial militar)”, consta na nota.

O outro envolvido, respondeu a processo administrativo expulsório em 2019 e foi expulso da corporação. “Na esfera criminal, após apuração em Inquérito Policial Militar, foi condenado pelo Poder Judiciário, em sentença transitada em julgado em abril de 2022, à pena de 1 ano, 6 meses e 20 dias de reclusão e perda do cargo público pela prática de tortura (já não era policial militar)”, diz a corporação.

A Polícia Militar do Paraná repudia os fatos. “A PMPR reitera seu compromisso inabalável com os direitos humanos, a lei, a ordem e a ética, e repudia veementemente qualquer comportamento contrário a esses princípios. A ação ilegal e isolada de um militar estadual não reflete os valores e o profissionalismo da Corporação, que se dedica diuturnamente à proteção e ao bem-estar da população paranaense”, encerra a nota.

Manifestação do MPPR

O Ministério Público do Paraná também se posicionou sobre o caso, na tarde deste domingo (21). Veja a nota na íntegra:

“Sobre o vídeo que circula nas redes sociais – em que policiais militares aparecem agredindo, no interior de uma unidade policial, pessoas privadas de liberdade – o Ministério Público do Paraná em Matelândia informa que, ao tomar conhecimento das imagens, apurou tratarem-se de dois fatos distintos, ocorridos na cidade em datas diferentes no ano de 2017.

Quanto ao primeiro deles, em que um dos detidos está algemado e com uma luva de látex cobrindo a cabeça, já houve apuração e responsabilização criminal dos agentes envolvidos. Os policiais foram condenados, definitivamente, pelo crime de tortura, e foram também condenados à perda do cargo público (autos 0010091-31.2019.8.16.0013).

Quanto ao segundo fato reportado, em que há, aparentemente, o concurso de três policiais militares – dois deles também envolvidos na situação já apurada e que já foram expulsos – informa-se que os fatos não haviam chegado ao conhecimento do Ministério Público e que serão adotadas medidas apuratórias para esclarecimento e eventual responsabilização dos envolvidos.”

Com informações do g1