Quinta-feira, 09 de Maio de 2024

Ponto de Vista: “A dengue é, de fato, um grande problema, tema de preocupação”, avalia ministra da Saúde, Nísia Trindade

2024-04-27 às 12:10

Com exclusividade ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (27), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, abordou as ações do Ministério da Saúde para conter o avanço dos casos de dengue em todo o Brasil. O Paraná é o estado com a terceira maior incidência de casos registrados desde o início de 2024.

“A dengue é, de fato, um grande problema, tema de preocupação. Tenho acompanhado a situação do Brasil e do Paraná, em particular. O Paraná não está, atualmente, tendo um aumento de casos, mas está numa situação de muitos casos de dengue. Aliás, o Sul do Brasil, nos últimos anos, vem vivido epidemias que são fruto de mudanças climáticas. Nesse ano, com o fenômeno El Niño, só aumentou. É realmente uma grande preocupação”, disse.

Nísia relata que, em conversa com o secretário de Estado da Saúde do Paraná, Beto Preto, ele revelou preocupação com o fato de nunca ter se constatado tanto mosquito Aedes aegypti em seu município, Apucarana, como antes. “É uma situação que temos trabalhado com campanha junto com os Estados e Municípios. Nada sobre dengue foi feito a partir do gabinete da ministra, mas o tempo todo com Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Fizemos assim com o Dia D e várias outras ações que têm sido feitas”, pontua.

As campanhas pontuais nos municípios se justificam pela necessidade de um contato direto com a comunidade na conscientização sobre o combate aos focos, tendo em vista que a maior parte deles estão nas casas e quintais. “Acho muito difícil que se resolva, mas temos muitas medidas que já, desde o ano passado, estávamos trabalhando e que precisamos intensificar para médio e longo prazo. Hoje, é muito importante essa conscientização da sociedade, porque 75% dos focos do mosquito encontram-se nas nossas casas ou no seu entorno”, diz.

Outro importante aspecto nesse combate à proliferação de focos e que compete às Prefeituras é a limpeza urbana, pois a coleta regular evita o acúmulo de lixo, especialmente de materiais plásticos que acabam virando criadouros do mosquito, que dependem apenas de uma pequena quantidade de água para depositar seus ovos e procriar. Nísia também enfatiza a necessidade de sempre se cobrir adequadamente os reservatórios de água, como caixas e cisternas.

“Contamos muito com o trabalho do Saúde da Família, dos agentes comunitários e os agentes de endemias, que são aqueles que vão às casas para controlar esses focos”, afirma. A ministra recomenda à população que sempre receba bem esses agentes. Mas vale o lembrete de ficar atento à identificação dos agentes, por crachás e uniformes.

“Além de insumos e da destinação de larvicidas, por exemplo, que foram feitos desde o ano passado, destinamos também R$ 256 milhões para os municípios para as ações de prevenção. Agora, no mês de maio vamos estruturar o plano para o próximo ano, como vai se dar esse controle. Isso foi feito com essa participação de Estados e Municípios, com orientações técnicas nossas. São muito importantes as ações de controle, do papel dos agentes de endemia de ir até as casas e olhar os focos, mas precisa ter uma forte participação de todos os níveis de Governo, das Prefeituras e dos Estados também, aprendendo com essa questão de como a rede se organiza quando tem um grande número de casos. Para isso, organizamos muitos cursos e estão todos disponíveis para os profissionais de saúde. Organizamos uma nova edição e publicamos um manual de manejo clínico, ou seja, como tratar a dengue. Muitas vezes, as pessoas agravam porque não estão sendo adequadamente tratadas. Precisam ser hidratadas e com sinais de agravamento precisam, muitas vezes, ser internadas mesmo. Tudo isso que vimos trabalhando de forma muito intensa já desde o ano passado”, comenta.

Para este ano, o Ministério da Saúde já alocou R$ 1,5 bilhão – quase seis vezes mais que em 2023 – para atender aos casos de emergência. Esses recursos são distribuídos mediante decreto de situação de emergência por Estados e Municípios, o envio da demanda para o Ministério e da elaboração de planos de contingência. “Nosso papel é ajudar nesse controle e nessa organização. O plano [de contingência] é fundamental, pois não adianta só o recurso, se não houver boa gestão”, pondera.

Vacinação contra a dengue

A vacinação contra a dengue adotou como estratégia imunizar crianças de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue entre janeiro de 2019 e novembro de 2023, depois apenas das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Anvisa. Com essa prioridade, a vacinação conta com o apoio das escolas.

“Temos feito muitas ações com o Ministério da Educação, como a vacinação nas escolas. Eu tomei a vacina antipólio quando eu tinha cinco anos de idade, que era o início da vacinação, na minha escola. Estamos fazendo a vacinação nas escolas e isso é muito importante”, destaca.

Nísia confirma a intenção do Ministério da Saúde em estender a vacinação contra a dengue para outros públicos. “Tem dois caminhos. Estamos trabalhando desde janeiro, fortemente, nisso, quando foi feita a incorporação da vacinação atual, que é a vacina Qdenga, que só foi aprovada entre seis e 60 anos. Não é possível vacinar a população idosa, que é aquela que mais se agrava. Tem o caminho da vacina do Instituto Butantan, que está para ser submetida à Anvisa, que é quem atesta que a vacina é eficaz e segura, em todo o mundo, existem agências desse tipo, o Brasil não fica atrás. Depois disso, o Ministério incorpora ao SUS”, explica.

O Ministério da Saúde ainda não possui números fechados sobre a disponibilidade de doses da vacina para o ano que vem, a partir da aprovação da vacina do Butantan, para confirmar se haverá doses disponíveis para todos, mas Nísia já antecipa que o público abrangido aumentará significativamente.

“O outro caminho é a Fiocruz, que vai fazer uma parceria e incorporar essa tecnologia da vacina japonesa Qdenga, que é a que nós temos hoje, e também buscando possíveis parcerias com o setor privado. Talvez a população não saiba, mas vacina é muito complexo o desenvolvimento e a produção. Cada inovação, até fazer num lugar diferente, tem que ter um controle muito rigoroso. Como a Fiocruz e o Butantan são instituições com plantas muito bem avaliadas, estou muito otimista com esse aumento, mas ainda não temos números para poder divulgar”, afirma.

Confira a entrevista na íntegra

Ponto de Vista 

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.