Com exclusividade ao Ponto de Vista, apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (9), o secretário do Planejamento do Estado do Paraná, Luiz Augusto Silva – ou Guto Silva, explanou acerca dos benefícios do hidrogênio renovável verde como fonte de energia, que se tornou assunto de interesse internacional.
A Terra chegou a 8 bilhões de habitantes, segundo projeção das Nações Unidas (ONU), em novembro do ano passado e pode chegar a 10 bilhões por volta de 2050 – menos de 250 anos depois de o planeta ter 1 bilhão de habitantes simultaneamente, o que ocorreu em 1804. “Tem ocorrido um incremento substancial na Índia, Bangladesh, Nigéria. A população do mundo está crescendo e vai precisar de alimento e aí o Brasil e, mais especificamente, o Paraná tem um destaque muito forte e vai precisar de energia para abastecer e girar toda essa economia. A energia, capitalizada pela questão da Ucrânia e, agora, do Oriente Médio, todo mundo sabe que vai demandar o desenvolvimento de novos mecanismos para a geração de energia. Aí é que entra o hidrogênio, como o grande combustível do futuro. As previsões são que, em 2050, mais de 20% de toda a matriz energética do mundo será movida a hidrogênio. Significa que os navios serão movidos a hidrogênio, os aviões, grande parte de frota pesada, maquinário, caminhões e, sobretudo, as indústrias. Será a grande fonte de energia”, avalia.
Por outro lado, o mundo ainda se debruça sobre a questão de como e onde produzir hidrogênio barato. “Algumas regiões do mundo têm uma carta do baralho. O Paraná tem o baralho inteiro“, afirma o secretário, ao considerar a gama de fontes de energia limpa que o Estado produz e consome, como a hidrelétrica, a eólica e a fotovoltaica, por exemplo.
“Temos muito dejeto de frango e suíno e biomassa e uma coisa interessante: nessa nova matriz energética, o agronegócio é irmão gêmeo na produção de energia. A produção de energia, como era antigamente, um rio ou hidrelétrica, não será mais assim no futuro, será na pequena propriedade rural”, diz. Além da energia fotovoltaica (“energia solar”), os dejetos das granjas podem ser transformados em biomassa e hidrogênio. “A transição energética no mundo todo se dará pela biomassa e, no Paraná, com toda essa produção agrícola, que gera muita biomassa, mas jogamos fora. Estamos jogando dinheiro fora”, diz.
Silva afirma que o Paraná tem como projeto liderar a produção de hidrogênio verde no mundo, com a molécula oriunda da biomassa, que são os dejetos, sejam da bovinocultura, da piscicultura, da avicultura e da suinocultura. “Nossa ideia é que toda essa produção de biomassa se transforme em energia. É diferente do processo de hidrogênio em que está apostando o Ceará e o Piauí, que é o processo de eletrólise – a divisão da molécula de água (H2O) através de energia. Esse é o modelo tradicional do hidrogênio”, compara.
Como desvantagem, a produção de hidrogênio a partir da eletrólise é muito mais cara. Por isso, o Paraná decidiu investir numa molécula mais barata: o biogás gerado a partir de biomassa.
Em outubro, o secretário foi até a capital da Bélgica, Bruxelas, onde participou do evento da Cooperação Internacional entre Cidades e Estados, organizado pela União Europeia. O Paraná foi o único estado brasileiro a participar do evento, ao lado das cidades de São Paulo, Fortaleza e Manaus, na apresentação de estudos de caso e melhores práticas de desenvolvimento urbano sustentável.
“É um orgulho falar do Paraná num dos grandes palcos do mundo sobre política pública. Tive oportunidade de dizer aos europeus que, enquanto estamos discutindo transição energética, o Paraná produz 18% de toda a energia do Brasil, que é um país continental e, desses 18%, 98% já são limpos. Nós já fizemos a transição energética. Alemanha, Itália, Espanha têm de 40% a 45% de matriz limpa, enquanto no Paraná já são 98%. O que estamos preocupados agora é com outro ciclo: queremos produzir hidrogênio e limpar o meio ambiente desses dejetos com biomassa”, ressalta.
O secretário frisa que o Paraná é tanto uma potência agrícola quanto é uma potência energética. “Temos que começar a falar e contar o que está acontecendo aqui”, aponta.
Ponto de Vista
Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.
A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz; T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa 99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.