Sexta-feira, 10 de Maio de 2024

Ponto de Vista: “Conseguimos recuperar os índices de 13 das 16 vacinas do calendário infantil”, comemora ministra da Saúde, Nísia Trindade

2024-04-27 às 14:16

Direto de Brasília, com exclusividade ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (27), a ministra da Saúde, Nísia Trindade abordou as campanhas de combate à desinformação sobre as vacinas, que fizeram, nos últimos anos, decair os índices de cobertura vacinal.

Nísia assumiu o Ministério da Saúde no ano passado com a missão de combater a desinformação das campanhas antivacina e destaca o papel que o próprio presidente Lula exerce ao tornar público quando toma doses de reforço contra a covid e a gripe. “Lançamos o Movimento pela Vacinação, de novo, com Estados e Municípios, foi apoiado pelos governadores dos Estados. O presidente Lula colocou como um dos pontos prioritários na primeira reunião de governadores. Hoje, há uma consciência de que é um problema nacional, de todo o Governo, não só do Ministério da Saúde. Contar com o apoio do presidente Lula é fundamental. Tem uma comissão, a Frente em Defesa da Vacina, na Câmara dos Deputados. Tudo isso soma”, afirma.

As estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde a partir de 2023 envolvem desde campanhas em rádio e TV até ações locais nos municípios, avaliando o que faltava para melhorar a cobertura vacinal. “Não falta vacina, não é um problema orçamentário, quando se fala das vacinas em geral. Conseguimos recuperar [os índices de] 13 das 16 vacinas do calendário infantil. Esse esforço nosso tem dado bons resultados de reverter essa queda: em nove vacinas, conseguimos atingir 80% de cobertura. Ainda não é o percentual que queremos para a pólio, por exemplo, que queremos atingir 90%, mas já é um grande alento de que estamos no rumo certo”, avalia.

Quanto à vacinação da gripe, ainda com baixo índice de cobertura, a ministra pontua que é normal, na fase inicial da campanha, ela demorar a emplacar e os índices tendem a aumentar ao longo dela. Há vários anos, muitos municípios de pequeno porte no Paraná, por exemplo, adotam estratégias como a realização de eventos voltados para idosos no Dia D e alcançam de 90% a 100% de cobertura desse grupo prioritário em um único dia.

Covid

Nísia revela sentir tristeza diante da onda negacionista quanto às vacinas que se alastrou nos últimos anos. “Fico triste e já passei por episódios na própria Câmara dos Deputados, que tem uma Frente em Defesa da Imunização. Mas tanto na Câmara quanto no Senado, é minoria aqueles que se colocam contra a vacinação, falando muito da vacina de covid, mas isso causa um grande problema, porque vemos que há, hoje, muita hospitalização de crianças, óbitos mesmo. No ano passado, foram 350, entre crianças e adolescentes que perderam a vida em função da covid. Estamos nessa campanha sistemática, mostrando todas as evidências, os países que recomendam essa vacinação. Logo, fizemos o esforço de incorporar à Caderneta de Vacinação das nossas crianças a vacinação contra covid”, aponta.

A vacinação contra a covid se fixou como prática anual entre grupos prioritários. “No Ministério da Saúde, temos um Comitê Científico com todas as Sociedades – de Imunologia, de Pediatria, enfim – acompanhando sempre o que está acontecendo no Brasil e no mundo. A determinação sempre será a de reforço anual para alguns grupos específicos que são até numerosos, porque vai desde a população com mais de 60 anos a gestantes, população quilombola, ribeirinha e em situação prisional, que são aquelas mais vulneráveis e mais expostas a contrair a doença. Essa é uma tendência. Há sempre uma evolução das vacinas. Poderemos alcançar uma vacina de mais ampla proteção, portanto, não dá para dizer que será assim sempre. Hoje, é essa a recomendação”, ressalta.

UBSs, UPAs e Saúde da Família

Alguns municípios que receberam a estrutura das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) chegaram a cogitar mudança de finalidade dos prédios devido aos custos de manutenção. Um decreto de 2018 autorizou os municípios a solicitar ao Ministério da Saúde a mudança de objeto em construções executadas com recursos federais. Porém, a validação da mudança de finalidade depende da publicação dessa autorização em Diário Oficial; do contrário, o município precisa ressarcir à União o recurso recebido para a obra.

Na ânsia de abreviar o período de espera por atendimento médico, muitos cidadãos vão direto às UPAs antes de passarem pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o que surta o efeito contrário: a sobrecarga da demanda. Vários desses pacientes ou acompanhantes, inclusive, tumultuam o atendimento por discordarem dos critérios de prioridades de atendimento, que costumam atender o Protocolo Internacional de Manchester ou do próprio Ministério da Saúde quanto ao risco: vermelho (emergência) – atendimento imediato, risco à vida; amarelo (urgência) – paciente pode aguardar de 10 a 30 minutos; verde (pouco urgente) – casos menos graves que podem ser atendidos em até 2h; azul (não urgente) – pode aguardar até 3h.

“Trabalhamos o tempo todo não só em relação às UPAs, mas com relação às UBSs, porque se essas estiverem funcionando bem, isso tem um papel muito grande”, salienta.

Nísia destaca o lançamento, por parte do Ministério da Saúde, de ações importantes em todo o Brasil, a exemplo do fortalecimento do Saúde da Família. A Emenda Constitucional 95, conforme a ministra, criava um limite financeiro para ações em Saúde e havia uma previsão de redução de até 60% nos recursos para a pasta entre 2022 e 2023. A chamada “Emenda da Transição” permitiu reverter a situação.

“Até 2024, tivemos um implemento de R$ 41 bilhões no orçamento do Ministério da Saúde – isso é muito importante e é o que está nos permitindo atuar para fortalecer a saúde da população através do Sistema Único de Saúde (SUS) e isso tem sido feito junto com uma melhoria da gestão”, diz.

O Ministério da Saúde criou um programa para reduzir as filas de espera por cirurgias e o Paraná aderiu, com seu plano estadual. “Em todos os Estados, conseguimos chegar a 650 mil cirurgias realizadas, dentro de uma meta de 500 mil”, comemora.

Mais Médicos e Mais Especialidades

Quanto ao programa Mais Médicos, o Ministério ainda está completando o quadro de 28 mil do programa. “Já temos 1.280 médicos atuando no Estado do Paraná. Pude recebê-los em Ponta Grossa, com o deputado [federal] Aliel Machado. Fui também à Universidade Estadual de Ponta Grossa, que tem um trabalho muito bom na área da saúde, em seu Hospital Regional. Alcançamos, no caso do Paraná, um número de médicos que tinham sido previstos, mas ainda estamos com 3 mil médicos em processo de finalização do curso e vamos dar uma atenção especial a todos os estados”, diz.

Já em relação ao Mais Especialidades, Nísia afirma ser um programa que busca, em primeiro lugar, reduzir o tempo de espera entre a ida até uma UBS, a consulta especializada e os exames. “Estamos reforçando esse atendimento fazendo com que não se pague procedimento isolado, por exemplo, pagar um exame, depois pagar uma consulta. A partir do diagnóstico inicial do paciente, temos um conjunto de procedimentos que sejam necessários e remunerar por isso, garantindo, portanto, que haja menos tempo de espera e que ele seja atendido em tudo aquilo que é necessário. Essa é a filosofia do programa”, explica.

Para fazer isso, tem sido utilizadas as Policlínicas, os laboratórios do SUS e toda a rede filantrópica “que tem tido uma excelente interação”. “O presidente Lula sancionou a lei de atualização anual da tabela do SUS. Estamos nos desprendendo dessa questão de pagar procedimento pela tabela. A tabela ainda existe, mas, no caso das cirurgias, por exemplo, liberamos até quatro vezes o valor da tabela, mediante compromissos e planos dos Estados. É, ao mesmo tempo, recurso, mas também é gestão, pensando no cuidado integral”, ressalta.

“Estamos trabalhando para um aumento dos especialistas, ampliando as residências, vendo onde há carência de profissionais”, frisa.

SUS Digital e Telessaúde

Nísia destaca, também, uma estratégia do SUS Digital: fazer a transição digital usando uma rede de dados de forma integrada. Assim, não apenas os profissionais de Saúde, o Ministério e os gestores vão poder acompanhar o histórico dos pacientes, como o próprio cidadão vai ter acesso a seu histórico clínico pelo aplicativo Meu SUS Digital. “Essa integração é muito importante e há possibilidade do uso da telessaúde, que vai facilitar muito. Em Curitiba, por exemplo, está avançada essa questão. Estamos começando com um plano para organizar essa ação em todo o Brasil, dos nossos quase 5,6 mil municípios, só três não aderiram e nenhum deles é do Estado do Paraná. Acho que será uma adesão integral”, afirma.

Confira a entrevista na íntegra

Ponto de Vista 

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.