Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024

Ponto de Vista: Número de escolas de tempo integral salta de 34 para 412, frisa secretário de Educação do PR, Roni Miranda Vieira

2024-01-07 às 08:23
Foto: SEED/PR/Divulgação

Em bate-papo exclusivo ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (6), o secretário de Estado da Educação, Roni Miranda Vieira, afirma estar satisfeito com os resultados colhidos pela pasta ao longo do ano de 2023, que são motivo de orgulho para o setor no Estado. “A Educação do Estado do Paraná é referência hoje no Brasil. Semanalmente, recebo várias comitivas de Secretarias [de Educação] do Brasil, que vêm conhecer nosso trabalho em relação à Educação”, afirma.

O número de escolas e colégios estaduais de tempo integral saltou de 34, em 2019, para 412 a partir de 2024. “Essas escolas atendem desde o 6º ano – meninos e meninas de 10 anos de idade – até a 3ª série do ensino médio, que é o estudante que já tem 17 anos. Ele fica o dia todo na escola, ou seja, entra de manhã, por volta das 7h40 e fica até as 17h e tem várias matérias diferentes das regulares”, explica. Além do currículo regular, o currículo diversificado inclui as disciplinas de empreendedorismo, robótica e programação, por exemplo.

Outro aspecto promovido pelo ensino integral é o desenvolvimento do programa Mais Merenda, “o maior programa de segurança alimentar do país, lançado pelo governo Ratinho Júnior. Servimos, na escola integral, cinco refeições aos estudantes”, diz Vieira. Os alunos recebem café da manhã, lanche às 10h, almoço, lanche às 15h e mais uma fruta na saída. “É um preocupação e sensibilidade para com os estudantes, pois muitos deles veem na escola a oportunidade de ter uma alimentação adequada”, acrescenta.

Segurança nas escolas

“O tempo integral traz, além de todo o desenvolvimento de conhecimento do estudante, uma questão de segurança: essa criança ou adolescente não vai ficar na rua no contraturno. Fica na escola, acompanhado por toda uma equipe qualificada de professores e de profissionais da educação que dão esse apoio”, enaltece.

Ainda no que diz respeito à segurança nas escolas, em 2023, o Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé (PR) foi alvo de ataque: um ex-aluno entrou no estabelecimento dizendo que ia buscar o histórico e matou dois alunos a tiros, antes de ser imobilizado por um professor e detido. Em 2018, dois adolescentes de 15 anos, alunos do 1º ano do Ensino Médio, foram internados num Centro de Socioeducação depois de ferir a tiros dois colegas, em Medianeira (PR).

De todos os ataques em escolas do Brasil registrados desde 2001, 58,3% ocorreram a partir de fevereiro de 2022, no pós-pandemia. De 2001 a 2021, foram contabilizados 15 ataques. Somente em 2022, foram 10. Mais 11 em 2023. Os dados fazem parte de um relatório assinado por pesquisadores da Unicamp e Unesp, que integram o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem).

“O ensino integral trabalha também essa parte socioemocional. É um problema sério que existe na sociedade brasileira, na verdade, no mundo, como um todo, a situação emocional e comportamental das pessoas. Também trouxemos as escolas cívico-militares e, a partir de 2024, teremos 312 escolas cívico-militares no Paraná, em que temos a presença do militar da reserva dentro da escola e isso gera um sentimento de segurança. É um trabalho em parceria com a Secretaria de Segurança (SESP), juntamente com a Polícia Militar e a Polícia Civil. A Polícia Civil faz um papel de inteligência, preventivo, e a Polícia Militar faz um trabalho também preventivo, mas de preparação dos nossos profissionais e estudantes para que, em situação de ataque a escola saiba como se comportar e quais protocolos seguir nesse processo”, explica.

Além disso, a Secretaria de Educação assinou um convênio com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) para a contratação de 203 psicólogos e 100 assistentes sociais, que vão atuar nos 32 Núcleos Regionais de Educação (NREs), com atuação in loco nas escolas, com trabalho preventivo e formativo para profissionais e estudantes das 2120 escolas e colégios da rede estadual de ensino.

Outro aspecto abordado pelo secretário nessa seara diz respeito ao diálogo com toda a comunidade escolar e o papel crucial dos pais, para que observem de perto o comportamento dos filhos, o que levam ou trazem em suas mochilas, com quem falam nas redes sociais, se a rotina sofre alterações bruscas, enfim, elementos que possam contribuir para detectar se eles sofrem algum assédio, bullying ou até mesmo depressão. Vieira salienta que esses aspectos tornam o adolescente mais vulnerável a ser atraído como “presa” por essas organizações que planejam ataques a escolas. “Naquele período do auge da violência, a Polícia Civil apreendeu em torno de 80 [crianças e] adolescentes entre 11 a 13 anos de idade. Normalmente, os pais não tinham informação de que o filho estava se relacionando com esse tipo de gente”, diz.

Escolas cívico-militares

Quanto à polêmica em torno das escolas cívico-militares, modelo que foi descontinuado em âmbito nacional, mas mantido no Paraná, que terá 312 instituições nesse modelo a partir de 2024, Vieira avalia que é uma reivindicação da sociedade paranaense e, em segundo lugar, as escolas cívico-militares tiveram indicadores educacionais “extremamente satisfatórios”: “84% das escolas cívico-militares melhoraram suas notas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)”.

O secretário de Educação ressalta que a escola cívico-militar é diferente da escola da Polícia Militar. “Primeiro, a gestão da escola é de um diretor e uma professora da Rede. Os militares são monitores, são militares da reserva, que cuidam da disciplina, da organização, do fluxo de entrada e saída dos recreios e saídas de aula; prezam também pelo trabalho colaborativo e de respeito ao próximo, às regras e leis – como as filas e respeitar o espaço de cada um”, diz.

“Vale ressaltar que essas escolas passaram por uma consulta. Foi a vontade da comunidade, dos pais, dos estudantes, dos professores que votaram para que essas escolas se tornassem cívico-militares ou não. Isso é respeitar, não é uma decisão abrupta do secretário, tornando uma escola cívico-militar ou tirando uma escola cívico-militar da comunidade”, enfatiza.

Em dezembro de 2023, 23 instituições de todo o Paraná optaram pelo modelo cívico-militar e se somaram a outras 83 que tinham passado pela consulta pública em novembro. Com os outros 194 colégios que já funcionavam nessa modalidade, mais os 12 do programa nacional, que foram incorporadas pelo Estado, o número chega a 312.

Educação Profissional

Filho de agricultores analfabetos, que tiveram seis filhos, Roni Miranda Vieira foi o primeiro dos seis filhos a concluir o ensino médio e fazer uma faculdade. “A Educação foi sempre uma grande oportunidade na minha vida. Devo tudo que sou hoje à Educação”, diz.

“Pensando no meu próprio contexto de vida, vejo a Educação Profissional como uma grande oportunidade para nossos adolescentes e jovens. 84% dos adolescentes que concluem o ensino médio nas escolas públicas do Brasil não fazem curso superior, nem trabalham. São os conhecidos como nem-nem. Isso é grave. Tenho encampado essa bandeira, junto com o governador Ratinho Junior de levar a educação técnica para os estudantes. Tínhamos cerca de 120 escolas que ofertavam cursos técnicos. Hoje, temos 1,2 mil escolas que passaram a ofertar cursos técnicos em todo o Paraná, nas diversas áreas: administração e gestão; agricultura e agronegócio; saúde e área educacional”, ressalta.

Na visão do secretário, o certificado de curso técnico faz o estudante sair mais preparado para a vida e para o mercado de trabalho, com dignidade e qualidade de vida. “Fechamos o ano [de 2023] com 20 mil estudantes da área técnica fazendo estágio ou como jovem aprendiz dentro das empresas. Nossos meninos e meninas estão saindo preparados para ingressar no mercado de trabalho. Peço aos empresários que deem oportunidade para nossos meninos e meninas”, enaltece.

Valorização dos profissionais

No que toca à valorização dos profissionais da Educação, o governo anunciou, em fevereiro de 2023, concurso público para professores. Depois, promoveu o reajuste de 13,25% dos salários de todos os professores da rede estadual de ensino. “Com isso, os professores que ingressam na rede estadual de ensino, que começam a dar aula na rede estadual do Paraná começa com salário de R$ 6.150”, acrescenta.

“Levamos os professores para conhecer o que tinha de melhor na Educação no mundo. Levamos para a Finlândia e para o Canadá. Foram 100 professores que tiveram essa oportunidade de vivenciar este momento”, diz.

Também foi retomado o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que tem como objetivo a formação continuada dos Professores do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública Estadual.

“Além disso, temos o Programa Formadores em Ação, por onde passaram 35 mil professores. Quem dá esses cursos, o que me dá muito orgulho, é o professor da sala de aula que dá o curso para seus colegas, que trabalha com seus colegas, semanalmente, a pauta de metodologia. Com isso, conseguimos trazer unidade e uma organização em rede e não cada escola puxando para um lado ou outro”, diz.

Por fim, ele menciona a renovação de contrato dos professores contratados em regime de Processo Seletivo Simplificado (PSS). Em torno de 17 mil professores temporários tiveram seus contratos renovados.

“É assim que se faz Educação: com planejamento, trabalhando com resultado e valorizando, principalmente, a aprendizagem dos estudantes”, enfatiza. A partir de 2024, o Paraná terá meio milhão de estudantes fazendo aulas de programação no currículo regular – e não no contraturno diversificado – tanto nos colégios integrais, quanto nos cívico-militares e nos de ensino médio regular.

Educação inclusiva

“Nós temos, hoje, no Paraná a melhor educação e esse resultado não acontece ‘de graça’. É um trabalho e esse trabalho tem que ser voltado para a inclusão também, a fim de atender a esses estudantes que precisam muito do apoio e de um trabalho especializado, para o acolhimento e desenvolvimento cognitivo”, diz.

Nesse âmbito, o Paraná trabalha em três frentes: uma parceria com as APAEs e instituições similares, com repasse de recursos estaduais; com profissionais que dão apoio a esses estudantes dentro de sala de aula e, em terceiro, com as salas de atendimento especializado – as salas de recursos – que atuam no contraturno escolar.

“Temos mais de 3,5 mil salas de aula espalhadas por todo o nosso Paraná, que fazem esse atendimento no contraturno, onde tem um profissional qualificado, especializado em educação especial, para dar esse atendimento adequado aos nossos meninos e meninas. A educação especial no Paraná é levada a sério, tratada com respeito e com todo o carinho que se necessita para esses meninos e meninas, para que tenham a mesma oportunidade, que sejam integrados à sociedade, de forma a ocuparem seus espaços”, ressalta.

Perfil

Roni Miranda Vieira, nasceu em Foz do Iguaçu em 1982. Foi estudante da Rede Estadual de Ensino e é graduado em História e pós-graduado em Geografia e História do Paraná. Em 2005, iniciou a carreira docente como professor da rede estadual, contratado via Processo Seletivo Simplificado (PSS). Dois anos depois, em 2007, já aprovado em concurso público, ele assume o cargo de professor de História no Colégio Estadual Djalma Marinho, em Campo Largo. Em 2011, eleito diretor da instituição, Roni inicia o processo que consolidaria sua vocação como gestor educacional.

Em 2015, após conquistas na gestão do colégio, recebeu o convite da Seed-PR para assumir a subchefia do Núcleo Regional de Educação da Área Norte, onde permaneceu até 2017, quando assumiu a chefia do NRE, na qual permaneceu por dois anos.

Já em 2019, assumiu a convite do então secretário Renato Feder a chefia do Departamento de Acompanhamento Pedagógico (DAP) da Seed, sendo responsável pela implantação de programas como o Tutoria Pedagógica. De abril de 2020 ao final de 2022, Roni foi diretor de Educação da Seed, gerindo a área responsável pela articulação de políticas públicas educacionais, formação continuada dos professores da rede e fortalecimento da aprendizagem dos estudantes do Estado, ajudando a levar o Paraná ao 1º lugar do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do ensino médio entre as redes estaduais de ensino de todo o País.

Ponto de Vista

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.