Com exclusividade ao Ponto de Vista, apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (10), o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara, falou sobre o crescimento do setor no Paraná, ações da administração estadual, entre outros assuntos.
Tecnologia e Inovação
Na agricultura, as inovações tecnológicas também fazem parte do processo de mudança, desde a agricultura rudimentar, que era praticada com poucos recursos, até a agricultura moderna, que é sustentada pelas inovações tecnológicas, Norberto Ortigara destaca a necessidade de estudar frequentemente e se atualizar sempre. “É necessário muito estudo, preparo e acompanhamento. Eu peguei todas as fases da agricultura, desde a fase rudimentar [manejei muito arado de boi], na época da força bruta e da terra fértil por natureza”, afirma. “Depois através de pesquisa e novos inventos nós criamos esse jeito moderno de fazer agricultura com a colaboração de muita gente”, complementa.
As inovações tecnológicas vieram para ficar e a tendência é que cada vez mais se desenvolva tecnologias específicas para cada setor. “Nos tempos presentes e no futuro, cada vez mais, a inovação, ciência e tecnologia tornarão o trabalho menos penoso”, aponta o secretário. Ele aponta que a terra continua sendo muito importante no processo de produção agrícola, porém destaca que o conhecimento aplicado na produção é responsável por 70% da colheita. “É muita inovação e chegaremos no tempo do ‘ultra-refinamento’ da agricultura de precisão, faremos muito mais e melhor com menos recurso da natureza e do bolso”, comenta.
Estar próximo às inovações e do agricultor é um passo que o secretário considera importante para estar alinhado e auxiliar o setor a se alinhar com essas mudanças e processos. “Eu procuro estar sempre muito próximo, incentivando meus próprios times de pesquisa e orientação técnica a todos evoluírem ao lado do agricultor”, ressalta.
A visão em relação à preservação do meio ambiente também se faz presente nas prioridades do secretário, que destaca essas inovações tecnológicas como auxiliares nesse processo não desmatamento. “Queremos mostrar ao mundo que produzimos uma agricultura sustentável e estamos muito distantes de eventuais problemas, que possam estar ocorrendo, com desmatamento ilegal etc. O Brasil é muito grande [e tem espaço para tudo], a gente de fato não precisa derrubar mais nenhuma árvore para se produzir o dobro do que se produz hoje”, destaca. “É só ter um aproveitamento mais racional, por exemplo, desses milhões hectares de pastagem que produzem pouco, com modelos mais inteligentes de integração entre lavoura/pecuária/floresta, agricultura de baixo carbono, enfim, todas as evoluções que vieram para o bem e virão mais”, complementa.
Desafios
A infraestrutura do país é um dos desafios que o homem do campo tem que enfrentar durante o processo de produção, segundo o secretário. “Os agricultores passam por alguns desafios no país. Um deles é a infraestrutura do país, que é lamentável, a gente faz um esforço grande para ser eficiente na roça ou nas criações e evoluímos bastante [a nossa média subiu muito e pode subir mais]. Mas nós temos, via de regra, as mesmas estradas de 20, 30, 40 anos atrás, temos portos que já evoluíram muito, mas nem se comparam com outros portos eficientes do mundo”, afirma Ortigara. “Então o agricultor que não forma o preço, que é um tomador de preço [o que sobra é dele], precisa manejar bem os seus custos e um sistema de transporte, seja por caminhão ou novas ferrovias no país, ajudará a ‘sobrar mais no bolso do agricultor’, porque o custo pode baixar”, complementa.
A ausência de conectividade é outro desafio que o agricultor precisa superar, segundo o secretário. “Nós temos a ausência de conectividade, ou seja, não tem sinal em grande parte do território rural ou o sinal é muito fraco. E a gente não consegue usar toda a tecnologia que se tem disponível. Na prática, você vai a uma revenda e compra uma colheitadeira ou semeadeira de altíssimo valor, e sem o sinal da internet, você fica com muita coisa embarcada que pagou e não usa, então a conectividade é um fator importantíssimo”, afirma Ortigara.
A água é outro desafio no mundo do agronegócio. “O desafio da água tem sido mais frequente. A perda por eventos adversos, como a seca e veranicos. O nosso desafio é de produzir água, através da proteção de nascentes, guardar a água da chuva, por exemplo, em cisternas grandes ou em tanques escavados [públicos ou não] e passar a usar um pouco mais da água na irrigação como uma medida de aumento de produtividade, de baixar o custo e para redução de risco”, ressalta.
Política econômica
Sobre as políticas econômicas voltadas ao agronegócio, o secretário defende que a política de crédito deve ser justa com o agricultor e um seguro que evolua. “O Governo Federal deve divulgar, nas próximas semanas, o ‘Plano Safra 2023/24’. Ele está com dificuldade em ‘achar dinheiro’ para reduzir o juro para o agricultor [ainda está sendo votado o arcabouço no Senado]”, aponta Ortigara. “Para nós do Sul, é muito importante o sistema de apoio [crédito], porque não temos a ‘pegada’ de grandes fazendeiros que tem o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, que fazem muitos negócios [adubo, semente etc] a ‘prazo safra’. Nós queremos um crédito que seja coerente com os nossos custos e um seguro que evolua, estados como o nosso [Paraná], São Paulo e outros já vêm mantendo uma participação importante no pagamento do prêmio do seguro. A União precisa evoluir [precisa destinar R$2 bilhões no mínimo] para que a gente tenha mais pessoas fazendo o seguro. Quanto mais pessoas fizerem o seguro, mais proteções teremos”, aponta.
Sobre o auxilio aos agricultores do Governo Estadual, o secretário destaca a pavimentação de trechos estratégicos e o incentivo ao aproveitamento de energia renovável. “Nós temos procurado agir em várias frentes. Um deles é o apoio do Governo em trechos relevantes de estradas rurais. Segundo, nós temos uma redução do custo [do dinheiro] muito importante para aquele que quer gerar a própria energia [energia estável de qualidade], aproveitamento do sol, por exemplo. Já estamos perto de 20 mil agricultores que usufruíram de redução de custo do financiamento, que o Governo do Estado já ‘bancou’ mais de R$200 milhões de juros, através de bancos credenciados conosco [Banco do Brasil, Sicredi, Sicoob, Cresol e BRDE] e vamos continuar evoluindo”, ressalta.
“Estou renovando esta política. Todo agricultor com direito ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) continuará tendo juro zerado para financiar o investimento para a geração de energia por placa fotovoltaica”, afirma o secretário. “Temos a possibilidade de fazer muita geração de biogás, para virar energia térmica, elétrica ou refinado a 95% produzirmos biometano para uso veicular equivalente ao gás natural. Para todo ‘pronafiano’ nós vamos ‘bancar’ o juro integral para quem fizer biodigestor. Para os demais agricultores, tanto de placa, quanto de biodigestores, nós vamos pagar pelo menos cinco pontos percentuais [se o juro é 10, a gente paga cinco e o agricultor paga cinco], e vamos evoluir bastante nessas questões”, complementa.
As pequenas cooperativas também são foco de programas do Governo Estadual. “Nós temos um programa que apoia as pequenas cooperativas. Temos 189 pequenas cooperativas organizadas em torno de fruta, legume e verdura [algumas com produção animal], elas são fornecedoras de alimentação escolar, fornecedoras de comida nas compras institucionais e estão entrando cada vez mais no mercado. Para elas, fornecemos capital de investimento, estamos lançando neste momento um programa importante de incentivo à irrigação. Também baixaremos o juro e ‘pronafiano’ paga zero”, aponta Ortigara.
Todos os programas estão no site da secretaria.
Gripe aviária
A gripe aviária é outra preocupação para o setor produtivo do Brasil. As cepas desse vírus atacam principalmente as aves, mas podem também atacar os seres humanos. Os principais sintomas em humanos são: dor de garganta, febre acima de 38°C, dor no corpo, mal-estar geral, calafrios, fraqueza, dor abdominal, tosse seca, espirros e secreção nasal.
“Nós estamos há seis meses apertando a vigilância, ‘apertando’ todo mundo para tomar medida simples como: não deixar ninguém entrar no ambiente de trabalho, fazer a desinfecção de veículos que entrem nas propriedades, fechar os aviários [sem deixar a porta aberta], pelar os aviários como medida de biossegurança. São medidas simples, que agora precisam ser redobradas”, explica o secretário.
Confira a entrevista completa: