As duas primeiras mulheres a atuarem como estivadoras no cais do Porto de Paranaguá iniciaram suas atividades neste mês. Atualmente, 986 estivadores trabalham nos Portos de Paranaguá e Antonina. Agora, as irmãs gaúchas Eduarda e Fernanda Garcia da Costa fazem parte desse grupo. A primeira escala de trabalho foi cumprida no último sábado (10).
Um estivador é um trabalhador especializado na movimentação e organização de cargas em portos. Sua função principal é carregar e descarregar navios, utilizando equipamentos como guindastes e empilhadeiras para movimentar mercadorias. Os estivadores também são responsáveis por arrumar e sinalizar a movimentação das cargas, garantindo a segurança e a eficiência das operações.
A Portos do Paraná tem se empenhado para ampliar a presença feminina em todas as suas atividades, inclusive por meio de adequações na infraestrutura. O cais, por exemplo, foi adaptado com banheiros femininos em 2022. “É um momento histórico. São mulheres que tendem a agregar ainda mais à nossa capacidade de mão de obra aqui em Paranaguá”, afirmou o diretor de Operações da Portos do Paraná, Gabriel Vieira.
Ao todo, 37 mulheres foram aprovadas no processo seletivo para trabalhadores portuários avulsos (TPAs), realizado pelo Ogmo (Órgão Gestor de Mão de Obra) de Paranaguá. A seleção teve 7.415 inscritos, sendo 815 mulheres (10,9%). Entre as aprovadas, estão 14 estivadoras, duas arrumadoras, 15 conferentes e seis vigias. Algumas ainda aguardam convocação para assumirem os postos.
O processo seletivo teve como critério de desempate o fator gênero, dando prioridade às mulheres como forma de incentivar a ocupação de funções tradicionalmente masculinas. O Ogmo também desenvolve o programa Companheiros de Jornada, que estimula trabalhadores experientes a acolherem e apoiarem os novos profissionais.
“Temos mulheres portuárias que genuinamente acreditam no crescimento e no desenvolvimento do Porto pela diversidade. Este momento, idealizado lá atrás, está se concretizando hoje, o que nos traz uma alegria imensa”, disse a diretora executiva do Ogmo, Shana Bertol.
Este foi o primeiro processo seletivo interno realizado pelo Ogmo Paranaguá. Anteriormente, as vagas eram preenchidas por indicação. “Agora, vamos ter um ambiente de trabalho mais respeitoso, mais cuidadoso, porque essas mulheres têm muito a ensinar para nós”, declarou o presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná e da Intersindical, João Fernando da Luz.
A primeira a ingressar no trabalho foi Eduarda, de 27 anos, estudante de Letras – Português/Inglês, que trabalhava como garçonete no Rio Grande do Sul. “Quando vi que duas mulheres haviam passado no processo seletivo da Estiva, há dez anos, na minha cidade, fiquei com isso na cabeça. Prometi que um dia faria a prova e passaria também. Quando abriu aqui em Paranaguá, não pensei duas vezes e vim”, contou Eduarda.
Já Fernanda, de 33 anos, advogada, veio a Paranaguá apenas para acompanhar o marido na prova – mas foi ela quem passou. Ambas têm familiaridade com o setor portuário por influência do pai, arrumador no Rio Grande do Sul. “Assim como nos inspiramos nas nossas conterrâneas de Rio Grande, esperamos incentivar as mulheres parnanguaras a participarem das próximas seleções”, ressaltou Fernanda.
As informações são da Agência Estadual de Notícias.