O PSDB aprovou nesta quinta-feira (5) a incorporação do Podemos, em decisão tomada por ampla maioria durante sua 17ª convenção nacional, realizada em Brasília. Foram 201 votos favoráveis, dois contrários e duas abstenções, demonstrando apoio quase unânime à união das legendas, que agora aguarda a aprovação do Podemos em sua própria convenção e, posteriormente, a homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A medida, chamada de “incorporação com características de fusão”, foi a saída encontrada pelo PSDB para contornar a crise interna e a perda de relevância política após a debandada de quadros importantes e a pior bancada de sua história no Congresso. O partido, que já comandou o país com Fernando Henrique Cardoso e polarizou a política nacional por décadas, atualmente conta com apenas 13 deputados federais e três senadores, além de ter perdido dois de seus três governadores para o PSD nos últimos meses.
Com a união, a nova legenda, batizada provisoriamente de “PSDB+Podemos”, deve reunir 28 deputados federais e 7 senadores, tornando-se a sétima maior bancada da Câmara e a quarta maior do Senado. A expectativa é que a nova sigla também alcance a quinta maior fatia do fundo partidário, com cerca de R$ 90 milhões, e um Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) estimado em R$ 380 milhões para 2026.
Apesar do otimismo das lideranças, a incorporação ainda enfrenta impasses sobre a governança da nova legenda, como o rodízio na presidência e a definição do nome e número a ser usado nas urnas. O acordo prevê que, nos três primeiros anos, a direção nacional será dividida entre lideranças do PSDB e do Podemos, com mandatos alternados de seis meses a um ano.
A escolha pela incorporação, e não fusão, se deve à federação do PSDB com o Cidadania, que impede a fusão formal antes de 2026 sem anuência da outra legenda. Com a incorporação, o PSDB mantém seu nome e estrutura, absorvendo o Podemos e evitando penalidades eleitorais.
O senador Álvaro Dias (Podemos-PR), em entrevista ao D’Ponta News, uma das principais vozes do partido, defendeu publicamente a redução do número de siglas partidárias no Brasil, mas alertou para os desafios regionais que podem dificultar a efetivação da união:
“Olha, eu sempre defendi a redução do número de siglas partidárias no país. Temos um excesso, uma verdadeira anarquia partidária, muitas siglas, não temos partidos, temos siglas para registro de candidaturas. Por isso, em tese, sou amplamente favorável à fusão do Podemos com o PSDB. No entanto, há dificuldades, não é um assunto liquidado, na minha opinião, porque os acertos regionais colocarão à frente dificuldades. Vamos, portanto, aguardar.”
Já para Beto Richa, presidente do PSDB, a fusão é resultado de uma alternativa forte para a política do grupo. “A união do PSDB com o Podemos cria um partido que representa uma alternativa forte, de equilíbrio, e competitiva do ponto de vista eleitoral, o que é muito bom para o Brasil”, afirmou Beto Richa.