Terça-feira, 16 de Setembro de 2025

Tecpar realiza pesquisas para desenvolver kit de diagnóstico de doença bovina

2025-09-16 às 14:46
CURITIBA; 22/07/2025; Pesquisadora bolsista Rossana do TECPAR; Curitiba; Paraná; Brasil; Foto: Hedeson Alves/TECPAR

O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) iniciou um projeto de pesquisa para desenvolver, validar e registrar um teste nacional para diagnóstico de leucose enzoótica bovina (LEB), doença viral que afeta bovinos em todo o mundo, sendo o rebanho de leite o mais atingido. O estudo está sendo conduzido em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

A intenção é de que o Tecpar passe a produzir e comercializar o kit do método conhecido como Elisa – Ensaio de Imunoabsorção Enzimática, para diagnóstico na nova Planta Produtiva de Insumos Veterinários do Tecpar, que está sendo construída em Curitiba. Atualmente o Brasil conta com apenas duas opções de kit Elisa aprovados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que são importados dos Estados Unidos e da França.

“Esse kit representará um avanço importante na área da saúde animal, contribuindo para a nacionalização de insumos essenciais à pecuária brasileira, especialmente ao gado leiteiro e gado para exportação. Este é um passo importante para que o Brasil possa ser independente dos insumos importados e para que o Paraná assuma o protagonismo nesse mercado”, afirma o diretor-presidente do Tecpar, Eduardo Marafon.

A parceria entre o IBMP e o Tecpar nessa importante contribuição para a saúde animal valoriza a tecnologia e produção nacionais, segundo o diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IBMP, Fabricio Marchini. “O desenvolvimento de produtos brasileiros e a troca de conhecimento entre as instituições de pesquisa e inovação são fundamentais para o fortalecimento da ciência e da soberania do país”, destaca.

PADRÃO OURO – O teste Elisa é uma alternativa precisa para detecção da infecção por retrovírus em rebanhos bovinos, contribuindo de forma eficiente para o controle e erradicação da doença. Devido a sua eficiência e sensibilidade, capaz de identificar até animais infectados sem sintomas, é um dos métodos diagnósticos recomendados pela Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) como padrão ouro.

No Tecpar, o projeto de nacionalização do produto está sendo desenvolvido pela pesquisadora Rossana Baggio Simeoni, que é farmacêutica com pós-doutorado em Ciências da Saúde e especialista em microbiologia, com a colaboração do Instituto Pasteur de Montevideo (Uruguai).

“Este projeto envolve não somente o desenvolvimento de um produto para diagnóstico, mas uma plataforma tecnológica de um método de diagnóstico muito utilizado no meio veterinário, que proporcionará a criação de outros kits, abrindo um novo mercado para o Tecpar”, diz Rossana.

INFECTOCONTAGIOSA – A leucose enzoótica bovina é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus da leucose bovina, podendo ser transmitida de forma vertical (da mãe para o feto), ou horizontal, entre indivíduos da mesma espécie. A transmissão acontece por contato direto ou indireto – através do leite, placenta, secreções, saliva ou contato com sangue infectado.

A erradicação e o controle da doença são baseados no diagnóstico precoce e no isolamento dos animais infectados. Na maioria dos casos a LEB se apresenta de forma assintomática, sendo identificada somente pelo aumento dos linfócitos no sangue. Já a forma maligna está presente em 1% a 10% dos animais infectados, com a formação de tumores, e pode ser fatal. Sem um controle eficaz, a doença pode ocasionar redução na produtividade, perdas econômicas e restrições comerciais.

Embora a Organização Mundial de Saúde Animal classifique a LEB como doença de notificação obrigatória, o diagnóstico ainda não é indicado em programas sanitários no Brasil. No Paraná, a ocorrência da leucose bovina deve ser comunicada à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

No cenário internacional, o diagnóstico da LEB passou a ser exigido nos certificados zoosanitários de exportação de gado vivo de certos países, como Japão, Coreia do Sul, Turquia, Emirados Árabes, China, Israel e União Europeia.

NOVA PLANTA – Para apoiar o setor veterinário, o Tecpar está em fase de aprimoramento da capacidade de produção de antígenos para diagnóstico. Inicialmente, o novo Centro de Insumos para Diagnósticos Veterinários (CIV), que está sendo construído no câmpus CIC do Tecpar, em Curitiba, fabricará insumos para a pesquisa da brucelose, tuberculose e leucose bovina.

A área total do laboratório será de cerca de três mil metros quadrados e a projeção é que, quando pronta, a unidade tenha capacidade produtiva de 40 milhões de doses ao ano. O investimento para a construção, feito pelo Governo do Estado, é de R$ 41,5 milhões.

COLABORAÇÃO – Para aprimorar o produto em desenvolvimento, o Tecpar solicita a colaboração de profissionais da classe veterinária de todo o país para a coleta de informações sobre o diagnóstico diferencial da leucose enzoótica bovina. O questionário está disponível neste link. (https://forms.gle/5p235EAwEqhMCteS8)t