há 2 anos
Redação
Para a análise, os pesquisadores reuniram 152 crianças, com idade entre 7 e 8 anos, em um laboratório e pediram para que elas fizessem um discurso sobre seu aniversário mais recente, que seria filmado e mostrado para outras crianças. Os pais dos pequenos relataram as tendências e níveis de timidez de seus filhos para o estudo, enquanto os pesquisadores acompanharam comportamentos que indicavam nervosismo, como desviar o olhar, aceleração dos batimentos (medida através de um eletrocardiograma) e o quão nervosas as crianças disseram estar, afirmou Kristie.
O trabalho revelou que cerca de 10% das crianças demonstraram um alto nível de estresse enquanto faziam o discurso, assim como um padrão relativamente alto de timidez ao longo do tempo, segundo os pais. Com isso, a pesquisa trouxe evidências de que a timidez pode ser parte do temperamento dessas crianças. Em contrapartida, aproximadamente 25% dos participantes não foram descritos como tímidos pelos pais, mas demonstraram um nível mais alto de estresse social ao dar o discurso.
"É provável que a experiência da timidez em resposta a uma tarefa, como o discurso, é uma experiência relativamente comum e normativa em crianças dessa idade", explicou a pesquisadora canadense, da Universidade Brock. "Para um grupo mais reduzido de crianças temperamentalmente tímidas, contudo, ser o centro das atenções pode ser estressante ao longo do tempo e em vários contextos", acrescentou Kristie.
O estudo possui algumas limitações, como por exemplo o fato de que as crianças participantes eram em sua maioria brancas e da mesma realidade socioeconômica, pontuou Koraly Pérez-Edgar, diretora associada do Instituto de Pesquisa de Ciências Sociais e professora de psicologia na Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA), não envolvida na pesquisa. "Precisamos de estudos maiores e mais diversos que possam nos ajudar a ver o desenvolvimento de grupos de crianças através das comunidades, e em números grandes o suficiente, para acompanhar como essas crianças se comportam ao longo do tempo", opinou.
Segundo Erika Chappini, psicóloga de crianças e adolescentes na Johns Hopkins Children’s Center, em Baltimore (EUA), se a criança evita situações que podem ser proveitosas ou importantes para ela devido ao nervosismo, os pais devem agir. "Em vez de rotular a criança como tímida, descreva o que vê e normalize os sentimentos dela", aconselhou.
Em casos de crianças que já costumam ser mais tímidas com frequência e daquelas que são extrovertidas ou introvertidas, mas que sintam uma timidez esporádica, é fundamental que os pais acolham o que os filhos estejam sentindo, ressalta Natália Morandi. "Exponha progressivamente seus filhos a algumas dessas situações de forma natural, leve e fluida. Pois uma vez que você reforça recusas de evitar determinados contextos, futuramente pode ser mais difícil que as crianças se abram a essas situações, o que pode acabar enrijecendo tais comportamentos evitativos", diz a psicóloga. Os pais também devem demonstrar confiança nas capacidades das crianças, estimular os filhos a participarem e a se exporem em grupos menores, pois assim eles podem se sentir mais tranquilos e confiantes.