Quinta-feira, 22 de Maio de 2025

Projeto GGPEL: Saiba como ajudar as crianças a superarem a ansiedade na volta às aulas

2023-01-31 às 14:04

Janeiro termina e as férias escolares também. Para alguns alunos esse momento desperta inseguranças: será que o ano letivo será legal? Vou gostar dos meus novos professores e dos meus colegas de classe?

As dúvidas são naturais pelas incertezas sobre um novo ambiente e o que os espera nele. Porém, para algumas crianças e adolescentes a preocupação excessiva gera muita ansiedade e isso prejudica o bem-estar. “Essa ânsia faz com que a pessoa esteja diante de um acontecimento que a tira de uma certa constância, da zona de conforto. Por exemplo, todo domingo muitas pessoas são acometidas pela ansiedade pré-segunda, porque sabem que vão retornar aos seus locais de trabalho ou a sua rotina”, diz Rosa Mariotto, psicóloga e doutora pela USP.

Como identificar isso?

  • Há crianças que verbalizam sobre a ansiedade, deixando claro a aflição de voltar à escola.
  • Já aquelas que não conseguem falar diretamente deixam algumas pistas (sobretudo no comportamento): crianças que perguntam muito sobre o retorno das aulas e se mostram tensas com isso.
  • Há aquelas ainda mais reservadas, em que o acúmulo de angústia se revela por meio de sintomas físicos, como: dores de barriga e de cabeça sem explicação, ânsia de vômito, chorro sem motivo, agressividade, alterações no sono (dormir pouco ou muito) e de alimentação (falta de apetite ou muita fome).

“Tem crianças que são extremamente verbais, que falam o que sentem, são educadas para nomear os sentimentos. Algumas até já sabem o que é ansiedade. E tem crianças mais retraídas, que precisam achar um canalizador para se expressar, muitas vezes na forma física”, pontua Larissa Câmara, ludoterapeuta e psicóloga infantojuvenil.

Por que há ansiedade no fim das férias?

Psicólogas explicam que a ansiedade nesse período é normal por muitos fatores. Três se destacam:

  • Deixar a zona de conforto para lidar com o desconhecido. É a chamada ânsia expectante, quando há espera por alguma coisa. Em idade escolar, há dúvidas sobre o novo ano, os professores e os colegas. A angústia é ainda maior entre quem vai começar em uma nova escola, quem mudou de classe ou de período no colégio e vai precisar se adaptar a uma nova turma. Isso é comum também nos adultos: basta pensar naqueles que começam um novo emprego e ficam tensos nos primeiros dias.
  • Deixar as férias para encarar as obrigações da escola. Voltar às aulas é, para muitos alunos, renunciar ao prazer para retornar à rotina de aulas, que exige dedicação e comportamentos mais regrados –como horário para acordar e dormir, fazer lição, limitando o tempo livre e de brincadeiras.
  • Crianças menores, em especial, sofrem com a ansiedade de separação dos pais após passar um longo período com eles nas férias.

“A criança passa muito tempo com os pais, em ambiente seguro, conhecido, que sabe exatamente o que vai encontrar, e na volta às aulas tem que lidar com pessoas diferentes”, ressalta Larissa.

  • O inverso também pode ocorrer: há quem queira tanto retornar às aulas que desenvolve sintomas de ansiedade. É necessário ter atenção também a esse perfil, porque o equilíbrio das emoções é importante ao bem-estar.

Como ajudar?

Identificar os sinais de ansiedade pré-volta às aulas é o primeiro passo. E, a todo o momento, o diálogo é a melhor ferramenta.

É preciso que os pais validem os desconfortos de seus filhos, pois são angústias reais. Minimizar pode intimidá-los e impedir que compartilhem as queixas no futuro.

A escuta sem julgamentos ajuda a descobrir os motivos de sofrimento. E só se trata a ansiedade efetivamente quando se identifica as suas causas —ter sofrido bullying na escola, dificuldades com os professores ou com o ensino, brigas com colegas de classe.

A participação da escola também ajuda na identificação desses problemas. É papel das instituições comunicar quando veem algo errado. Muitas vezes, a ansiedade também reflete no desempenho em sala de aula e dificuldades de aprendizados.

Não acolher traz riscos

  • Pais devem lembrar que a construção social de crianças e adolescentes ainda está em desenvolvimento.
  • Lidar com o novo já é enfrentar um turbilhão de emoções quando adulto. Isso é potencializado para os pequenos, ainda sem maturidade emocional.

 

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