Durante o programa Manhã Total desta segunda-feira (23), transmitido pela Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) e pela plataforma YouTube, o morador de Ponta Grossa Guilherme de Mattos, do bairro Jardim Tropeiros 1, falou sobre os vídeos que publicou nas redes sociais criticando a ausência de asfalto e saneamento em sua rua. A repercussão levou à resposta direta da prefeita Elizabeth Schmidt e do secretário de infraestrutura e planejamento Luiz Honesko. Guilherme explicou que decidiu tornar a situação pública após perceber a paralisação das obras iniciadas em fevereiro, mesmo após um processo no Ministério Público do Paraná (MPPR) ter resultado na assinatura de um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Município e o MP, prevendo a execução das melhorias até outubro de 2024. Na entrevista, ele mostrou os documentos gerados da ação do MP.
Um processo iniciado junto ao MP em 2021 garantiu prazo para que a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa realizasse obras de pavimentação e saneamento na Rua Eduardo Levandoski Filho, no Jardim Tropeiros 1. A partir de uma manifestação formal feita por sua mãe, Serly Aparecida Mattos, moradora do local, o MP abriu um inquérito civil para apurar a adoção de providências por parte da gestão municipal. A apuração resultou na assinatura de um TAC entre o Município e o MP, fixando prazo até outubro de 2024 para execução das obras.
No parecer que fundamenta o arquivamento do inquérito, emitido em abril de 2023, o promotor Jânio Luiz Pereira afirma que o TAC visa solucionar os problemas abordados no processo “visando realizar as obras de pavimentação asfáltica e implantação de rede coletora de esgoto na Rua Eduardo Levandoski Filho, nesta cidade, inclusive mediante a recuperação de área pública invadida”. O promotor destaca ainda que o Município assumiu obrigações e que, após o arquivamento, os autos foram remetidos ao Conselho Superior do Ministério Público do Estado do Paraná.
Guilherme, filho da solicitante, reforça que a situação foi bem acompanhada pelo MP. “A gente percebe que o assunto foi de interesse do Ministério Público porque ouviu todas as partes envolvidas. Mas aí cada parte alega uma coisa, um diz que precisa de um estudo topográfico, outro alega várias outras coisas”, comenta. “Nesse documento do MP cita que todos os estudos foram concluídos, só não foi feito o asfalto e nem o esgoto”, afirma.
Após perceber a paralisação das atividades no local, Guilherme começou a divulgar a situação nas redes sociais (veja abaixo). “Começaram a tirar todo o cascalho da rua no dia 15 de fevereiro, iniciaram a preparação para as obras e seguiu com barro”, relata. Segundo ele, em 17 de maio caminhões da Prefeitura levaram pedras conhecidas como 4A e depois disso a obra parou. “Eles colocaram aquelas pedras gigantes na rua e nunca mais apareceram”, diz.
Segundo o morador, a situação causou prejuízos diretos à sua mãe, que teve que arcar com R$ 3.500 em consertos no carro novo que havia adquirido após se aposentar. “As pedras são gigantescas e os veículos atolam”, afirma. “Para a Elizabeth e para o secretário pode ser um valor baixo”, ironiza. “Mas para minha mãe, que havia se aposentado recentemente e comprou o veículo novo, é muito dinheiro e que poderia usar com outra coisa”, desabafa.
Guilherme conta que chegou a enviar mensagens à prefeita pelas redes sociais antes de publicar o último vídeo, que viralizou. “Antes de fazer aquele vídeo, que gerou a indignação da prefeita, mandei mensagem para ela e marcava os vereadores quando lembrava”, diz.
Ele também critica a postura do secretário de infraestrutura e planejamento, Luiz Honesko. “O secretário disse no vídeo que está em dia a execução da obra que é de 540 dias. Se eles foram em 17 de maio e jogaram as pedras, têm até 500 dias para fazer a obra e está rigorosamente em dia”, comenta. “Os moradores e o direito de ir e vir que se lasque. Isso é maldade e má fé”, acusa.
Em participação no programa, Guilherme foi questionado se teria ligação com algum grupo político. Ele negou. “Não tenho nenhuma ligação política e nem com grupo político”, reforça. Também destacou que não recebeu apoio de parlamentares da cidade. “As únicas manifestações que eu vi de pessoas públicas de Ponta Grossa foram no meu vídeo, a reportagem da gestora no perfil dela. Todas as interações foram no perfil dela”, diz.
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O vídeo publicado por Guilherme, em que critica a ausência de asfalto e sugere que a prefeita retire o título de prefeita do Instagram, circulou em grupos e redes sociais e levou a uma resposta da gestora. Em seu perfil oficial no Instagram, Elizabeth Schmidt declarou que “o desaforo é a ausência do argumento” e disse que, aos 74 anos, ainda aprende sobre resiliência sendo prefeita. Ela pediu desculpas pela forma como o vídeo foi conduzido e disse que “não existe varinha mágica” para resolver problemas históricos.
Elizabeth destacou que a rua está incluída no projeto Asfalto Novo PG, financiado por meio do Finisa junto à Caixa. Informou ainda que licitações no valor de R$ 95 milhões foram anunciadas para pavimentação de sete vilas, e que o município aguarda liberação de mais R$ 160 milhões do Governo do Estado. Finalizou pedindo respeito e verdade no debate público, dizendo que a gestão segue trabalhando para atender a população.
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Dois dias depois da fala da prefeita, o secretário Luiz Honesko usou as redes sociais da Prefeitura para explicar a situação da obra. Segundo ele, as pedras e o material já espalhado fazem parte da preparação para a pavimentação. “Tem gente que ainda não entendeu: obra de pavimentação é um serviço planejado que não é feito da noite para o dia. Ainda mais quando se espera por ele há 30, 40 ou 50 anos”, diz a legenda do vídeo.
O secretário afirma que o trabalho naquele trecho já foi contratado e que boa parte dos serviços foi executada. “Em Ponta Grossa, a Prefeitura está fazendo o que precisa ser feito. Essa é a verdade. O pessoal que gosta de reclamar sempre vai procurar um motivo”, declarou.
Ele também disse que a gestão já investiu mais de R$ 600 milhões em pavimentação e que dezenas de ruas têm obras em andamento. Ao final do vídeo, ele informa: “Logo o asfalto vai chegar também aí na rua Castelo Branco, viu!”.
Luiz Honesko também criticou diretamente o morador. “Um vídeo que demonstra desconhecimento técnico e, sinceramente, má fé”. E reforçou que o cronograma da obra está dentro do previsto. “O prazo é de 540 dias e o prazo vai até 25 de novembro. Ou seja, estamos rigorosamente dentro do cronograma”, disse.
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Confira o programa Manhã Total na íntegra: