Estratégia busca neutralizar discurso da esquerda, que responsabiliza Eduardo Bolsonaro pelo aumento das taxas
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está considerando acionar a Casa Branca para tentar reverter o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, gerou forte repercussão política no Brasil e é vista por aliados de Bolsonaro como uma oportunidade de neutralizar o discurso da esquerda, que atribui o aumento das tarifas à atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
Contexto político e reação dos aliados
- Disputa de narrativas: A esquerda brasileira tem explorado o episódio para responsabilizar Eduardo Bolsonaro pelo tarifaço, alegando que sua articulação política nos EUA — especialmente contra o Supremo Tribunal Federal (STF) — teria motivado a decisão de Trump.
- Estratégia de defesa: Aliados de Jair Bolsonaro defendem que a entrada do ex-presidente nas negociações com a Casa Branca pode impedir que a percepção de culpa recaia exclusivamente sobre Eduardo Bolsonaro, além de demonstrar força política e liderança diante do governo Lula.
- Críticas ao governo Lula: O grupo bolsonarista também acusa o Palácio do Planalto e o Itamaraty de inação deliberada, sugerindo que o governo teria deixado o tarifaço avançar para fortalecer o discurso da esquerda em meio à crise de popularidade do Executivo.
- Neutralizar a narrativa adversária: A articulação direta de Bolsonaro com os EUA é vista como uma forma de contestar a versão de que o tarifaço seria resultado exclusivo das ações de Eduardo Bolsonaro, tentando reverter o desgaste junto à opinião pública.
- Riscos políticos: Caso a tentativa de negociação fracasse e Trump mantenha as tarifas, o movimento pode acabar reforçando o discurso da esquerda e aumentar o desgaste da direita.
- Possível impacto judicial: Há preocupação entre aliados de que a atuação de Bolsonaro possa atrair ainda mais atenção do STF, especialmente se a reversão do tarifaço vier acompanhada de sanções administrativas a autoridades brasileiras.
O papel de Eduardo Bolsonaro
- Protagonismo na crise: Eduardo Bolsonaro, atualmente licenciado e residindo nos EUA, foi apontado como articulador junto ao governo Trump. Em nota pública, ele apoiou a decisão de Trump e atribuiu a medida a uma suposta “ruptura com os valores do mundo livre” por parte do Brasil, criticando o STF e defendendo anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
- “Tarifa-Moraes”: O deputado classificou a nova taxação como “Tarifa-Moraes”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, responsabilizando o magistrado e o governo brasileiro pela crise comercial.
Próximos passos
Bolsonaro avalia realizar contato direto com autoridades norte-americanas, possivelmente por meio de um telefonema intermediado por Eduardo Bolsonaro, para tentar reverter a decisão antes de sua entrada em vigor. O governo Lula, por sua vez, tem adotado cautela e pretende aguardar o início da vigência das tarifas para definir uma resposta, descartando por ora retaliações econômicas imediatas.