Terça-feira, 08 de Julho de 2025

Bolsonaro é indiciado pela PF no caso da “Abin Paralela”

2025-06-17 às 10:39
Foto: Reprodução/Internet

O inquérito que apura o uso indevido de ferramentas de monitoramento pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi concluído pela Polícia Federal (PF) e enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação ficou conhecida como o caso da “Abin Paralela”, em referência à estrutura supostamente criada à margem dos trâmites legais da agência.

Segundo a CNN, o relatório da PF resultou no indiciamento de mais de 30 pessoas. Entre elas estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) – que dirigiu a Abin durante o governo Bolsonaro – e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

De acordo com o relatório, Alexandre Ramagem teria sido o principal articulador do suposto esquema de espionagem ilegal. A PF afirma que ele organizou a operação enquanto ocupava a chefia da Abin. Jair Bolsonaro, por sua vez, foi indiciado por “ter conhecimento do funcionamento da estrutura paralela e se beneficiar diretamente dela”, além de “não ter tomado nenhuma medida para interromper a prática de espionagem ilegal”.

Carlos Bolsonaro foi apontado como chefe do chamado “gabinete do ódio”. Segundo os investigadores, o grupo teria utilizado informações coletadas ilegalmente para produzir conteúdos nas redes sociais com o objetivo de atacar adversários políticos do então presidente. Conforme consta no relatório, a estrutura teria operado para “disseminar conteúdos nas redes sociais com o objetivo de atacar adversários políticos do ex-presidente”.

A investigação também envolveu integrantes da atual gestão da Abin. O atual diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, está entre os indiciados, juntamente com outros membros da cúpula. Eles são suspeitos de tentar obstruir as investigações. Em uma das etapas da apuração, a PF relatou que computadores teriam sido ocultados por funcionários da agência. Os equipamentos foram posteriormente localizados e apreendidos.

Um dos principais elementos da investigação é o uso supostamente irregular do sistema de geolocalização israelense FirstMile, desenvolvido pela empresa Cognyte (ex-Verint). Segundo o relatório, a ferramenta foi usada para rastrear localizações de até 10 mil celulares por ano, especialmente no ano de 2021, em período pré-eleitoral.

Entre os alvos do monitoramento estariam ministros do STF, parlamentares e jornalistas, de acordo com a PF. A estrutura utilizada para essas ações teria funcionado de forma paralela aos procedimentos oficiais da Abin, fora dos controles institucionais da agência.

A conclusão do inquérito marca mais um desdobramento relevante no caso, que agora aguarda análise do STF para as próximas etapas processuais.