Sábado, 14 de Junho de 2025

Bolsonaro faz convite inusitado a Alexandre de Moraes para vice em 2026

Ex-presidente é interrogado por suposta trama golpista; julgamento marca fase decisiva para definição de culpabilidade
2025-06-10 às 15:44

Durante o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreu um momento de descontração que chamou a atenção de todos presentes. Ao ser questionado sobre o andamento do depoimento, Bolsonaro perguntou a Alexandre de Moraes, relator do processo e ministro do STF: “Posso fazer uma brincadeira?”. Moraes respondeu, com tom leve: “O senhor que sabe, mas eu recomendo falar com seus advogados”.

Na sequência, Bolsonaro, em tom de brincadeira, declarou: “Gostaria de convidar o seu a ser meu vice em 2026”. O ministro Alexandre de Moraes prontamente respondeu: “Eu declino”. A recusa de Moraes foi acompanhada por risos ao fundo, marcando um ambiente mais descontraído em meio ao contexto formal e tenso do julgamento. O encontro entre Bolsonaro e Moraes já era considerado histórico e simbólico, diante das acusações de tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente e do fato de o ministro ser relator do processo.

Entenda o julgamento

O Supremo Tribunal Federal (STF) está realizando nesta semana uma das etapas mais aguardadas do processo penal que investiga uma suposta articulação golpista para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, é um dos oito réus do chamado “núcleo crucial” da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Como funciona o julgamento: Interrogatórios: A fase atual é de interrogatórios dos réus, que são conduzidos pelo ministro relator Alexandre de Moraes. Após Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também faz perguntas, seguidos pelos advogados de defesa dos acusados.

Réus: Além de Bolsonaro, já foram ouvidos nomes como o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), general Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional), Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), entre outros. O general Braga Netto, preso no Rio de Janeiro, será ouvido por videoconferência.

Transmissão: As sessões são transmitidas ao vivo pela TV Justiça e por grandes portais de notícias, permitindo acompanhamento público em tempo real.

Acusações e contexto

A denúncia da PGR sustenta que Bolsonaro e outros aliados teriam planejado medidas inconstitucionais, como a decretação de estado de sítio e prisão de ministros do STF, para tentar se manter no poder após a derrota nas urnas. O processo foi impulsionado por delações premiadas, especialmente do tenente-coronel Mauro Cid, que afirmou que Bolsonaro teve conhecimento e sugeriu alterações em uma minuta de decreto golpista.

Durante seu depoimento, Bolsonaro negou ter provas das acusações que fez contra ministros do STF em reuniões privadas, classificando suas falas como “retórica” e pedindo desculpas a Alexandre de Moraes.

Próximos passos e possíveis consequências

Após o término dos interrogatórios, acusação e defesa poderão solicitar diligências adicionais. Em seguida, abre-se prazo para alegações finais. Só então o julgamento será marcado, com os ministros do STF decidindo pela condenação ou absolvição dos réus. Caso sejam condenados, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.