Quinta-feira, 02 de Outubro de 2025

Câmara aprova isenção de imposto de renda para renda; Gleisi Hoffmann comemora “justiça tributária”

Proposta, que segue para o Senado, beneficia milhões de trabalhadores e visa maior taxação sobre os super-ricos
2025-10-02 às 13:51

A Câmara dos Deputados aprovou por unanimidade o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda (IR) Pessoas Físicas com renda mensal de até R$ 5 mil, marcando o que a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), classificou como o “início da justiça tributária” no Brasil em entrevista exclusiva ao programa Manhã Total do Grupo D’Ponta. A proposta, que segue agora para o Senado Federal, também estabelece uma redução parcial do imposto para quem recebe até R$ 7.350 mensais.

A ministra Gleisi Hoffmann, que atuou na articulação para a votação e acompanhou o processo no plenário, destacou a importância da medida para a economia e a sociedade. “De fato foi uma vitória muito grande, uma vitória articulada por muita gente, e principalmente acho que é uma vitória do presidente Lula, que está num processo de cumprimento de um grande compromisso de campanha dele: ‘Nós precisamos isentar de impostos trabalhadores que ganham menos e fazer com que os mais ricos paguem imposto nesse país’”, afirmou a ministra.

Mais Dinheiro no Bolso do Trabalhador

A partir de 2026, com a sanção da lei, quem ganha até R$ 5 mil não pagará mais Imposto de Renda. A expectativa é de que a mudança beneficie cerca de 16 milhões de contribuintes, injetando mais dinheiro na economia e, consequentemente, impulsionando o comércio e a indústria. “Para você ter uma ideia, um professor, uma professora que ganha perto de R$ 5 mil e hoje paga 27,5% de imposto, deixará de pagar. No ano, isso vai equivaler quase que a um outro salário, R$ 4 mil e poucos reais. Então seria um 14º para a pessoa. Entra uma renda muito significativa. E isso é justiça tributária,” explicou Hoffmann.

A ministra reforçou que a circulação desse dinheiro é fundamental. “Quem faz a economia circular é o povo trabalhador. E o nosso povo trabalhador ganha pouco. Essa iniciativa do presidente é exatamente isso. A gente começar a fazer justiça tributária e começar a fazer com que o trabalhador tenha um rendimento maior.”

Taxação para os Super-Ricos

Para compensar a isenção, a proposta inclui a criação de um imposto mínimo progressivo para pessoas com rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, o que atinge o chamado “topo da pirâmide”. “Quem que vai pagar? Aqueles que ganham acima de R$ 1 milhão por ano vão começar a pagar uma alíquota efetiva de 10%. Tudo que eles ganham somado, qual será a alíquota efetiva? 10%. Que a maioria desse pessoal que ganha acima de R$ 1 milhão, paga uma alíquota de 2,5%”, pontuou a ministra, destacando a disparidade atual.

A nova taxação deve atingir cerca de 141 mil contribuintes de alta renda. “Para você ver como é o grau de concentração de renda no país. De 141 mil para 16 milhões” de beneficiados, concluiu Hoffmann. A aprovação unânime na Câmara, mesmo após meses de discussão e resistência, é vista pela ministra como um reflexo da pressão popular e da clareza do benefício social da proposta.