Uma carta elaborada por comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022 fez com que manifestantes acampados no Quartel General (QG) do Exército se sentissem seguros para avançar em direção à Praça dos Três Poderes, segundo afirmou o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, em áudio obtido pela Polícia Federal (PF).
De acordo com o áudio da CNN Brasil, a carta foi vista por organizadores dos acampamentos como um respaldo das Forças Armadas para que eles pudessem tomar a frente do movimento e intensificar manifestações antidemocráticas contra o resultado das eleições presidenciais, inclusive com o deslocamento das manifestações para a frente dos prédios do STF e do Congresso Nacional.
No final de novembro de 2022, comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica divulgaram uma carta intitulada “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”. O documento defendia o direito da livre manifestação e condenava quaisquer ações que restringissem os protestos.
Segundo Mauro Cid, os organizadores dos acampamentos tinham medo de se expor e sofrer retaliação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. No entanto, ao saberem da carta, sentiram que o Exército garantiria a segurança deles.
O áudio de Mauro Cid foi extraído de celulares e computadores apreendidos durante a investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2022, que resultou na denúncia de 34 pessoas por atos contra o Estado Democrático de Direito.