O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, emocionou-se em um vídeo de sua delação sobre o envolvimento no atentado de 8 de janeiro.
Segundo Cid, ao contrário de outras pessoas investigadas, ele perdeu tudo o que tinha. “Tem gente milionária. Tem gente que não perdeu nada. Eu não, eu perdi tudo que eu tinha. A família está vendendo os imóveis. Eu não tenho minha carreira mais, coisas que são pesadas pra gente. E quando eu não tenho nem pra onde sair… eu não posso sair, a imprensa vai atrás. E nem mais direito a conversar eu tenho. Se eu desabafo com amigo, se eu grito com amigo, no outro dia está na imprensa”, declarou Cid em seu depoimento.
O militar afirmou que se referiu a Bolsonaro e a generais envolvidos no caso quando mencionou “gente milionária”. “Obviamente eu estava falando do presidente Bolsonaro, dos generais… porque todo mundo que está envolvido, está na reserva. Todo mundo que está envolvido na investigação está na casa dos seus 60 anos, 70 anos, já teve sua vida toda, já atingiu seus objetivos de vida e estão sendo investigados. Eu não, eu perdi tudo. Estou com 45 anos e vendo minha carreira desabar na minha frente”, disse Cid.
O depoimento emocionado de Cid contrasta com a situação de outros investigados, que parecem ter mantido seus patrimônios e carreiras após os eventos do 8 de janeiro.
Em um dos trechos, Cid se emocionou ao comentar o vazamento de um áudio de sua filha, que foi divulgado por veículos de imprensa. No áudio citado, a filha do militar fazia referência a uma intervenção militar com soldados nas ruas, em apoio à manutenção de Bolsonaro no poder. Durante o depoimento, Cid lamentou a exposição de seus familiares e criticou a imprensa por divulgar informações privadas. Ele afirmou que sua família está sofrendo com as consequências das investigações e reportagens.
“A imprensa revirou minha vida toda, revirou até a vida do meu irmão, da minha irmã, que nem mora no Brasil. Expôs tudo. Expôs áudio da minha filha”, declarou Cid. Visivelmente abalado, ele relatou que sua filha ficou assustada após o vazamento e questionava o que poderia acontecer com ele. “Minha filha fica chorando em casa: ‘O que vai acontecer com meu pai?'”, disse, antes de se emocionar e chorar.
Cid também criticou o que chamou de “desserviço” da imprensa ao expor áudios privados como forma de atrair cliques e visualizações. Durante o depoimento, ele reforçou que está recluso para evitar causar mais problemas à sua família.
