O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) passou a noite no chão do plenário 5 da Câmara dos Deputados, onde foi realizada a reunião do Conselho de Ética que recomendou sua cassação por quebra de decoro parlamentar. Em greve de fome há mais de 30 horas, o parlamentar anunciou que permanecerá no local até que o plenário da Câmara confirme ou rejeite a decisão.

A cassação foi aprovada por 13 votos contra 5, motivada por um episódio em abril de 2024, quando Braga expulsou, com chutes e empurrões, o militante Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), após este ter insultado sua mãe, que estava gravemente doente e faleceu semanas depois. O deputado alega perseguição política e aponta interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no processo.

Braga tem recebido acompanhamento médico e ingerido apenas água e isotônicos. Sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), e aliados políticos têm demonstrado apoio. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) chegou a cogitar aderir à greve de fome, mas foi convencida a lutar por outros meios.

A situação gerou manifestações dentro e fora da Câmara. Indígenas realizaram rituais espirituais em solidariedade ao deputado, enquanto lideranças partidárias organizaram um ato ecumênico com orações e palavras de apoio. A decisão final sobre sua cassação ainda depende de votação no plenário principal da Casa, onde são necessários 257 votos para confirmar a perda do mandato.

Braga afirma que sua atitude é uma forma de resistência contra o que chama de “orçamento secreto” e acusações injustas. “Vou às últimas consequências”, declarou em rede social. Enquanto isso, seu partido prepara recurso à Comissão de Constituição e Justiça para tentar reverter o parecer do Conselho de Ética.