Com exclusividade ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (15), a deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR), que cumpre agenda em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, neste fim de semana, repercutiu a recusa do presidente americano Donald Trump em participar da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), em novembro, e o anúncio do tarifaço feito por ele, como sanção a países que não o apoiam. Ela falou sobre as relações diplomáticas do Brasil com os Estados Unidos diante desse impacto. “Vamos ter que defender o Brasil e o interesse dos brasileiros. O presidente Lula está fazendo. Esse posicionamento dos americanos e do Trump é um absurdo. Ele está querendo ser o que, o rei do mundo, taxar todo mundo e impor a vontade dele?”, questiona.
“Os Estados Unidos podem muito, mas não podem tudo. E o Brasil é um país altivo e ativo. Acho, sinceramente, que se ele tiver mais ações que venham para cima da gente, vamos ter que utilizar a reciprocidade: taxar também. Eles não são o principal mercado nosso. O principal mercado nosso é a China, é a Ásia. Não são os americanos. Já foram, não são mais”, emenda.
Para Gleisi, as sanções anunciadas por Trump revelam como ele pretende tratar os demais países, o que ela considera “falta de respeito”. “Por isso, fico indignada quando vejo brasileiro, como o pessoal do Bolsonaro, usar bonezinho do Trump. O Tarcísio [de Freitas], governador de São Paulo, comemorar que Trump foi eleito nos Estados Unidos: toma, agora! Quero saber o que eles estão falando sobre isso. Não vi, nenhuma vez, nenhum desses governadores, nenhuma dessas pessoas, se pronunciar sobre as barbaridades que Trump está fazendo contra o Brasil. Eu sou brasileira, não vou ficar fazendo ode à eleição de americano, principalmente de um cara arrogante como Trump, que acha que é dono do mundo”, condena.
A presidente do PT acredita que o Governo Federal do Brasil faz o certo, ao tentar mediar as sanções, mas buscar tomar medidas mais duras em relação a elas. Na visão de Gleisi, ainda que o Governo Federal deva agir com diplomacia, não pode, em nome dela, abrir mão dos interesses do Brasil. “É claro que queremos continuar vendendo para os americanos, para todos os países, mas ninguém precisa colocar o Brasil de joelhos. Nosso país tem soberania, tem autonomia, não temos medo do Trump, não”, ressalta.
Gleisi também abordou a repercussão do Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, onde mais de 4 mil chefes dos Executivos Municipais se reuniram. Em paralelo, houve um encontro estadual dos prefeitos do Paraná, em Foz do Iguaçu, na mesma data.
“Foi um encontro muito importante, pois os prefeitos obtiveram muita informação sobre programas do Governo. Os ministros estavam todos lá para atender. O presidente [Lula] foi e fez um pronunciamento muito legal sobre a relação do Governo Federal com as Prefeituras, uma relação que é de respeito, de colocar programas à disposição. Foi lançado mais um braço do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – de R$ 50 bilhões, com vários programas para o pessoal aderir – casas, creches, unidades de saúde, estradas. Achei que foi muito importante essa relação com nossos prefeitos eleitos ou reeleitos e que começam seus mandatos”, avalia a presidente do PT.
Gleisi salienta que o Encontro permitiu o acesso direto dos prefeitos aos ministros de todas as pastas, a fim de apresentar demandas de seus municípios para os mais variados setores, e tiveram oportunidade de tirar dúvidas sobre a adesão aos programas do Governo Federal e sobre a obtenção de recursos da União. A deputada federal atribui à adesão aos programas federais bastante economia nos cofres municipais.
Ela destaca, também, o reforço que o presidente Lula deu ao programa Farmácia Popular, que desde o início, nos anos 2000, oferece medicamentos mais baratos ou gratuitos. Agora, os 41 medicamentos da lista que ainda não eram fornecidos gratuitamente passam a ser distribuídos sem custo. Fraldas geriátricas e absorventes foram incluídos na lista do programa. “Acho isso muito importante, porque as pessoas precisam desses remédios, às vezes, vão ao médico e não têm como comprar, nem sempre os municípios têm. Agora, todos os remédios para diabetes, para pressão alta, para tudo, se precisar, vai estar na Farmácia Popular, de graça”, comemora.
Durante a semana, em sessão solene de comemoração pelos 45 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Jackeline (Jack) Rocha (PT – ES) destacou a importância de Gleisi Hoffmann na condução do partido, num momento difícil que a sigla enfrentou na recondução de Lula à Presidência. Jack Rocha é a primeira deputada federal negra eleita pelo Espírito Santo, é vice-líder do PT na Câmara dos Deputados e relatora da Lei de Igualdade Salarial.
“Quarenta e cinco anos pode parecer muito, mas também não é tanto tempo para um partido político. O PT nasceu na década de 1980, mas já ganhou cinco vezes a Presidência da República. Isso mostra a importância que tem esse partido. Goste ou não do PT, mas a importância que tem esse partido para a política brasileira, para as lutas brasileiras e para a representação do povo mais trabalhador, o povo mais pobre do país. É um partido que nasceu para isso: para representar aqueles que nunca tiveram vez e voz no sistema político brasileiro. E eu acho que conseguiu, pois, do contrário, não teria essa ascendência que teve. Mas também teve muita perseguição, teve muita gente que não gostava e não gosta do PT, muita gente que tem muito poder e acha que o PT atrapalha”, analisa.
Gleisi considera que presidiu o Partido dos Trabalhadores no momento mais difícil, quando tentava se reerguer após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e no momento em que Lula acabou sendo preso por um ano, 7 meses e um dia (580 dias), nos desdobramentos da Lava Jato. No dia 12 de julho de 2017, Sergio Moro, então juiz federal de primeira instância, condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal envolvendo um tríplex no Guarujá. No dia 8 de março de 2021, o ministro Edson Fachin anulou as condenações de Lula relacionadas à operação Lava Jato, por considerar que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgou o processo fora da área de jurisdição daquela corte, utilizando como base uma decisão anterior da segunda turma do STF no caso Transpetro. Foi determinado que o processo fosse julgado em Brasília. Com isso, Lula recuperou seus direitos políticos e os processos judiciais contra ele foram transferidos para a Seção Judiciária do Distrito Federal, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O processo do triplex acabou arquivado.
“O presidente, nosso maior líder, foi preso. Ninguém achava que isso era possível. Mas nós acreditamos que tínhamos e temos uma causa, ficamos na luta por isso, reunimos nossa militância, nosso pessoal e conseguimos resistir e, de fato, conseguimos tirar o Lula de onde ele estava, mostrando sua inocência e, de novo, construir o caminho da Presidência da República. Uma das coisas mais fortes na minha vida foi isso: foi ver, depois de tudo o que nós passamos, ver o Lula subir de novo a rampa do Palácio do Planalto. E eu tenho muito orgulho de presidir o PT. Muito orgulho de ser a primeira mulher a presidi-lo e de ser filiada a esse partido que contribui tanto para a história brasileira”, comenta Gleisi.
O clima agridoce da condenação a 20 anos de prisão de Jorge Guaranho, pelo assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro e militante do PT, em seguida convertida em prisão domiciliar, a partir de um habeas corpus obtido em instância secundária também foi comentado pela presidente nacional do PT durante o Ponto de Vista. Com a condenação, Gleisi acredita que foi feita justiça. “Política não se faz assim, matando as pessoas. Você pode ter divergências com o outro, fazer disputa de ideias. Mas entrar numa festa de aniversário para matar o outro, porque o outro não pensa igual a você, é um escândalo. Aliás, tinha que ter uma punição bem dura mesmo, para ser pedagógico e isso não acontecer. Comemoramos a sentença que condenou o Jorge Guaranho, mas fomos surpreendidos com isso. Um desembargador – sei lá que interesse tem esse desembargador, não sei a quem ele é ligado – dar isso [habeas corpus que concede prisão domiciliar] alguns dias [depois da condenação]. É uma coisa muito errada. Temos que recorrer, sim”, critica. “Isso tem que chegar às instâncias superiores e vamos lutar para fazer justiça pelo Marcelo”, afirma.
Gleisi desmente os rumores de que o PT estaria preparando Fernando Haddad para suceder Lula na Presidência e confirma que o presidente vai, sim, ser candidato à reeleição em 2026. “Tem um monte de especulação, até porque saiu aquela pesquisa do Datafolha, mostrando que caiu a popularidade do governo. O Lula é nosso candidato, é o nome forte que temos. Vamos virar esse jogo, mostrar o que está acontecendo no Brasil e as realizações. Ele é nosso candidato, sim”, reforça.
A deputada federal também refutou os boatos de que ela estaria sendo sondada para ocupar algum Ministério. “Não tem nada disso. Não conversei com o presidente sobre isso. Fiquem tranquilos, sigo como deputada e presidente do PT”, diz.
Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná. A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM:
Cidade | Frequência (MHz) |
---|---|
Curitiba | 104,9 |
Maringá | 93,9 |
Ponta Grossa | 99,9 |
Cascavel | 93,1 |
Foz do Iguaçu | 88,1 |
Guarapuava | 100,9 |
Campo Mourão | 98,5 |
Paranavaí | 99,1 |
Telêmaco Borba | 104,7 |
Irati | 107,9 |
Jacarezinho | 96,5 |
Imbituva | 95,3 |
Ubiratã | 88,9 |
Andirá | 97,5 |
Santo Antônio do Sudoeste | 91,5 |
Wenceslau Braz | 95,7 |
Capanema | 90,1 |
Faxinal | 107,7 |
Cantagalo | 88,9 |
Mamborê | 107,5 |
Paranacity | 88,3 |
Brasilândia do Sul | 105,3 |
Ibaiti | 91,1 |
Palotina | 97,7 |
Dois Vizinhos | 89,3 |
Londrina | 97,7 |