O governo federal confirmou, nesta terça-feira (25), a demissão de Nísia Trindade do comando do Ministério da Saúde. A decisão foi anunciada após especulações que vinham ganhando força nas últimas semanas. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi escolhido para assumir a pasta.
A saída de Nísia ocorre em meio a críticas à sua gestão e insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os resultados apresentados. Entre os principais pontos de desgaste estão a epidemia de dengue, que atingiu recordes em 2024 com 6,5 milhões de casos, e a crise nos hospitais federais do Rio de Janeiro, marcados por precariedade e denúncias de corrupção. Além disso, o Congresso e setores do governo apontaram uma suposta falta de habilidade política da ex-ministra para lidar com demandas parlamentares e liberar recursos.
Apesar das críticas, Nísia liderou iniciativas importantes, como a ampliação do programa Farmácia Popular, que passou a oferecer gratuitamente 41 itens em farmácias credenciadas. Ela também esteve à frente de projetos para a produção nacional de vacinas contra dengue e outros vírus, anunciados recentemente.
A escolha de Alexandre Padilha para o cargo reflete uma estratégia política do governo. Ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, Padilha é considerado um nome experiente e com bom trânsito no Congresso. Sua nomeação também busca fortalecer a relação entre o Executivo e o Legislativo em um momento delicado para o governo Lula, que enfrenta queda de popularidade.
A troca no Ministério da Saúde faz parte de uma reforma ministerial mais ampla que vem sendo discutida no Palácio do Planalto. O objetivo é dar maior visibilidade às políticas públicas da área e reforçar a imagem do governo junto à população.
Nísia Trindade é socióloga e foi presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela assumiu o Ministério da Saúde em 2023, no início do terceiro mandato de Lula. Sua nomeação foi vista como um gesto técnico e simbólico para recuperar a credibilidade da pasta após o negacionismo científico observado no governo anterior[3][5].
Apesar dos desafios enfrentados durante sua gestão, Nísia recebeu apoio significativo de servidores do ministério e manteve uma postura firme até o último momento. Durante um evento recente ao lado de Lula, ela foi ovacionada por funcionários presentes, mesmo sob clima de despedida.
