Por Camila Souza
A noite de terça-feira (05) foi marcada por uma situação envolvendo a vereadora enfermeira Marisleidy Rama (PMB) e o Partido da Mulher Brasileira (PMB). O partido instaurou um processo administrativo contra a parlamentar, alegando possível infidelidade partidária por várias questões internas, além de ter votado contrário ao aumento do IPTU em Ponta Grossa. As atitudes da vereadora teriam contrariado as diretrizes da sigla e gerou uma série de repercussões públicas.
Logo após a notícia ganhar repercussão, a parlamentar usou as redes sociais para se manifestar. Em um post no Instagram, publicado durante a noite de terça-feira (05), Marisleidy escreveu:
“ALERTA DE INFIDELIDADE… AO POVO?
Gente, me ajuda a entender: uma vereadora vota contra o aumento de impostos, ou seja, ela defende o bolso da população, e o partido dela decide abrir um processo por infidelidade partidária?
Espera aí… desde quando ser fiel ao povo virou INFIDELIDADE? Se fosse a favor de subir tarifa, estava tudo certo?
Então quer dizer que agora temos que escolher: ser fiel ao partido ou ao povo? Porque os dois, pelo visto, não dá mais pra ser.
Quando um parlamentar vota CONTRA um projeto que pesa no bolso do cidadão, deveria ganhar é destaque, não processo.
Mas tudo bem, né? Tem gente que acha que democracia é concordar com tudo que o partido manda. Só falta agora colocarem no estatuto: “pensar por conta própria será punido com rigor!”
Resumindo: eu defendo o povo… e vou ser julgada por isso. Parece piada, mas é notícia”
Nos comentários, diversos internautas manifestaram apoio à vereadora.
“Este é um problema da política, muitas vezes os candidatos são pessoas boas, com boas intenções, mas a velha politicagem acaba corrompendo a pessoa e a pressão é tanta que ela acaba cedendo a corrupção por medo, insegurança. Mas fico muito feliz que você foi forte e não se deixou levar, confie nos seus princípios eles vão te levar longe”
“Aí que a gente vê o trigo separado do joio, quando uma pessoa honesta entra na política e não segue o sistema eles acham maneira de tirar essa pessoa do poder de defender o povo. Parabéns minha amiga e vereadora Marisleidy, tenho muito orgulho de você. Deus abençoe e que a enfermagem se manifeste em sua defesa”
“Que vergonha da política desse Brasil, onde o certo é forçado a tomar atitudes erradas. Nesse meio político é muita corrupção, tentando e forçando silenciar quem quer fazer o certo pelo povo”
*atualize a página caso não apareça a publicação!
Ver essa foto no Instagram
Após a repercussão, a direção estadual do PMB encaminhou uma nota à imprensa nesta quarta-feira (06) pela manhã. O comunicado diz:
“O Partido da Mulher Brasileira (PMB), por meio de seu Secretário-Geral Estadual no Paraná e Presidente da Comissão Interventora em Ponta Grossa, Marcello Borges de Sampaio, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos, diante das manifestações públicas da vereadora Marisleidy Rama, filiada ao partido:
Ao contrário do que tem sido insinuado em determinados espaços públicos, o processo administrativo interno instaurado pela direção estadual não se trata de retaliação ou
perseguição política em virtude de seu voto contrário ao aumento do IPTU no município. Tal narrativa, que vem sendo repetida por ela e por seu entorno, desconsidera a complexidade dos fatos e a seriedade dos procedimentos adotados no âmbito partidário.
Desde o início do mandato da vereadora Marisleidy Rama, há registros formais de conflitos internos com a antiga Comissão Provisória Municipal, à época presidida por Ednir Campos, resultando em impasses e desavenças sobre a condução política e institucional do mandato.
A origem dos problemas reside, em grande parte, na postura de independência absoluta adotada pela parlamentar, contrariando as diretrizes partidárias e o Estatuto do PMB, o qual prevê expressamente que todos os ocupantes de cargos públicos eletivos e os servidores comissionados indicados por parlamentares devem estar filiados à legenda, como forma de manter a coesão ideológica e programática da agremiação.
Além disso, a direção estadual dispõe de registros documentais e mensagens de assessores diretos da vereadora, incluindo o chefe de gabinete, contendo ofensas e tentativas de imposição de condutas à Executiva Estadual. Tais episódios datam, inclusive, de janeiro de 2025, período inicial do atual mandato, quando foi exigida a presença obrigatória da direção estadual na cerimônia de diplomação da vereadora — algo totalmente fora da normalidade institucional, dado que o partido possui representantes eleitos em diversos municípios do estado.
Ao longo dos últimos meses, a direção partidária tentou reiteradas vezes estabelecer diálogo institucional com a parlamentar, sempre com o intuito de orientar, esclarecer e alinhar expectativas quanto às diretrizes do PMB. Contudo, não houve retorno.
Desde o dia 18 de fevereiro de 2025, todos os contatos feitos via telefone e mensagens foram ignorados sob a justificativa de “estar em reunião” — sem qualquer retribuição
posterior.
Há, também, indícios de tentativa de golpe partidário, com movimentações nos bastidores para destituir a atual direção municipal e assumir o controle da legenda ocalmente, o que não condiz com os princípios democráticos nem com o processo legal estabelecido pelo Estatuto do PMB.
Convém lembrar que, embora a vereadora tenha obtido 1.344 votos, o mandato só foi conquistado devido ao coeficiente eleitoral atingido com os votos de toda a chapa proporcional, composta por diversos candidatos do PMB. Portanto, é equivocado o argumento de que tenha sido eleita “sozinha”. Outros nomes da Chapa, como Baixinho Valentim, Giancarlo Hinaro e outros, também contribuíram decisivamente para a conquista da cadeira.
A direção estadual reforça que o processo disciplinar atualmente instaurado está em fase inicial, seguindo rigorosamente os trâmites legais e estatutários. Quando concluídas as diligências preliminares, a vereadora será formalmente notificada, com direito a ampla defesa e contraditório. Havendo apresentação de provas satisfatórias, o processo poderá ser arquivado. Caso contrário, seguirá ao Conselho de Ética, que poderá deliberar por advertência, suspensão ou expulsão, com eventual pedido de perda de mandato por infidelidade partidária, conforme previsto na legislação eleitoral e no Estatuto da sigla.
O PMB reafirma seu compromisso com a democracia interna, a ética partidária e o respeito às instituições. Não aceitamos discursos que deturpam a verdade dos fatos nem permitiremos que interesses pessoais sobreponham-se ao projeto coletivo e à responsabilidade institucional”.
Secretário-Geral Estadual no Paraná e Presidente da Comissão Interventora em Ponta Grossa, Marcello Borges de Sampaio | Foto: Divulgação
A equipe de jornalismo do D’Ponta News entrou em contato com a vereadora, que respondeu que irá se pronunciar na tribuna da Câmara Municipal de Ponta Grossa ainda nesta quarta-feira (06). A equipe segue acompanhando o caso.
Leia também: Partido abre processo contra vereadora da base de Elizabeth após voto contrário ao aumento do IPTU