Terça-feira, 29 de Julho de 2025

Ponto de Vista: Dos piores aos melhores momentos do PT “Nunca mudei minha linha de ação e fidelidade aos militantes e ao projeto do partido”, afirma Arilson Chiorato

Durante entrevista ao vivo, Arilson Chiorato fala sobre trajetória política, eleições internas do PT e sua participação ativa na militância
2025-07-24 às 14:39
D’Ponta News

O deputado estadual, presidente do Partido dos Trabalhadores no Paraná (PT-PR) e líder da oposição na Assembleia Legislativa (Alep), Arilson Chiorato, concedeu entrevista ao programa Ponto de Vista, da Rádio T, apresentado por João Barbiero. Na conversa, Chiorato falou sobre as eleições internas do Partido dos Trabalhadores, que seguem em segundo turno neste domingo (27), com votação das 9h às 17h.

Chiorato iniciou explicando o funcionamento do Processo de Eleições Diretas (PED) no PT, destacando a importância da participação de todos os filiados. “O voto do filiado em qualquer uma das 280 cidades que estão aptas a votar vale tanto quanto o voto de vereador, deputado ou ministra”, destaca.

Segundo ele, a direção do partido é escolhida democraticamente nos níveis municipal, estadual e nacional. “É sempre uma questão de unidade política porque todo mundo participa. E a participação no partido é de acordo com o número de votos que você tem. Se uma chapa faz 30%, ela tem direito a 30% de ocupação do diretório do partido”, explica.

Ele lembra que no primeiro turno do processo no Paraná, 18 mil filiados participaram da votação. “A gente tem uma expectativa de que a votação se repita ou até mesmo aumente e isso é ótimo porque aumenta a participação política e garante que as pessoas estão construindo o futuro do nosso partido e obviamente votando nas postura política que ela quer que o partido tenha”, cita.

Trajetória e momentos de crise no partido

Durante a entrevista, Arilson relembrou sua entrada no movimento político do partido e a primeira disputa interna em 2016, quando perdeu por 15 votos para o exdeputado Doutor Rosinha. Mesmo assim, foi convidado por Rosinha para ser vice-presidente. “Nesse meio tempo o Lula foi preso com o Rosinha como presidente”, relembra.

Na época da prisão do ex-presidente, as eleições internas do PT estavam em curso. Ele disputou novamente, conquistou cerca de 90% dos votos e assumiu a presidência. “Assumi o partido em um consenso das lideranças políticas do partido”, revela.

Chiorato recorda o difícil contexto político da época. “Enfrentei toda a lawfare da Lava Jato contra o PT estadual”, diz. Ele também comenta sobre o bloqueio de 30 meses do fundo partidário durante sua gestão. “É muito complicado tocar o partido sem estrutura por tanto tempo. Foi um momento extremamente delicado”, observa.

A expressão “lawfare”, formada pela junção de “law” (direito) e “warfare” (guerra), surgiu na década de 1970 e foi popularizada com um conceito militar pelo general Charles Dunlap Jr., da Força Aérea dos Estados Unidos, em 2001. Ela descreve a utilização das leis como uma ferramenta de guerra, substituindo métodos militares tradicionais para alcançar objetivos operacionais. No contexto político, “lawfare” refere-se ao uso do sistema jurídico como uma arma contra adversários, transformando o processo legal em uma estratégia para fins políticos.

Com Lula impedido de disputar a eleição de 2018, o PT lançou Fernando Haddad como candidato, mas acabou perdendo a disputa. Chiorato lembra o impacto político daquele momento. “O primeiro impacto foi a vitória de Bolsonaro, que se tornou presidente; além disso, Ratinho Júnior assumiu o governo do Paraná, e Sérgio Moro foi nomeado ministro”, observa.

No entanto, ele ressalta que o partido soube resistir e consolidou sua força nas eleições de 2022. “A gente sobreviveu politicamente e conseguimos um caldo político muito grande quando, em 2022, eu consegui fazer uma concertação política e polarizamos a eleição com o Ratinho. O Lula fez 38,5% dos votos no Paraná”, relembra. Esse percentual, segundo Chiorato, representa aproximadamente 2,4 milhões de votos.

Crescimento do PT no Paraná

Chiorato aponta que o partido cresceu em número de votos, mas não conseguiu traduzir isso em cadeiras. “O problema é que elegemos os mesmos 123 vereadores que a gente tinha”, comenta. Ele explica que a aliança com o Partido Verde (PV) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB) contribuiu para que o PV aumentasse sua bancada. “Saltou de 18 para 33 vereadores no estado e isso muito pela nossa coligação”, diz.

A nova regra eleitoral 80/20 também impactou os resultados. “O vereador mais votado da cidade é do PT só que o partido fez 75% da cadeira e ele ficou de fora”, exemplifica, citando Colombo como exemplo.

Em Curitiba, o partido obteve votos para eleger cinco vereadores, mas só três tinham 20% dos votos necessários. “Essa mudança fez com que a gente tivesse um aumento muito grande de votos, 25% de voto à mais e não conseguimos avançar”, diz.

Para as prefeituras, o crescimento foi de 17%. “Saiu de aproximadamente 180 mil votos para aproximadamente 200 mil votos, isso representa 17% à mais”, exemplifica. Ele ressalta que isso ocorreu mesmo sem lançar candidatos do PT em grandes cidades como Curitiba, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu.

Chiorato também cita a expansão organizacional do partido. Quando assumiu a presidência, o PT estava presente em 262 cidades. Hoje, são 300 diretórios e 60 comissões provisórias. “Falta só 39 cidades para estarmos presentes em todas as cidades do Paraná. Há um crescimento orgânico do partido”, avalia.

Participação na militância

Ele lembra que, antes das eleições internas, visitou 187 cidades com seu carro, totalizando 35 mil quilômetros rodados. Também promoveu encontros regionais para debater o partido. “Onde eu não consegui estar fisicamente, conseguimos reunir regionalmente as pessoas”, destaca.

No atual processo interno que o partido passa, foi o único candidato a participar das 12 plenárias regionais. “Isso é tão verdade que os outros dois concorrentes do primeiro turno que foram o deputado Tadeu Veneri e o professor Hermes Leão estão comigo no segundo turno”, destaca. “Se eu fosse um mal presidente, se eu estivesse distante da base, por que eles estão comigo neste processo?”, indaga.

Segundo ele, é raro na história recente do PT que todas as forças políticas estejam do mesmo lado. “Eu tenho apoio da corrente, que é o campo majoritário que é da Construindo Um Novo Brasil (CNB) onde tem figuras como a Gleisi Hoffmann, como a deputada Lenir de Assis e a deputada Ana Júlia Ribeiro. Tenho também o apoio da militância socialista que é capitaneada pelo deputado Tadeu Veneri. Tenho apoio da Democracia Socialista que é a deputada federal Carol Dartora, é uma aglutinação de forças”, aponta.

Oposição ao governo Ratinho

Na Alep, Chiorato se define como oposição ao governo estadual. “Eu não concordo com a privatização das escolas, eu não concordo com a venda da Copel, não concordo com a venda Celepar, não concordo com as terceirizações”, exemplifica.

Ele afirma que sua oposição não é pessoal, mas ideológica. “Eu sou oposição às mazelas que ele faz que é contra ao o que o PT prega. Eu defendo as bandeiras históricas do partido”, afirma.

Chiorato critica fortemente a postura do governador Ratinho Júnior, afirmando que ele adota uma gestão equivocada do ponto de vista administrativo ao implementar o que ele define como “estado mínimo” no Paraná. “Nós temos uma gestão fiscal de 20 bilhões no orçamento do estado, sendo que 20% desse valor favorece grandes conglomerados econômicos. Quem é dono de uma pequena empresa, de um micro negócio, que emprega pessoas, não recebe nenhum benefício disso”, afirma. Ele destaca que o PT continuará na linha de frente contra esse modelo de gestão, que ele chama de ‘Ratismo’.

Independência e soberania do PT

Chiorato afirma que o partido não aceitará interferência externa. “O PT vai se manter à esquerda no Paraná, nós somos contra o Bolsonarismo, o lavajatismo e o Ratismo. Nós temos lado, o povo do Paraná nos escolheu, votou em seus deputados para defender as bandeiras populares e a nossa história política. Não vamos permitir que tenha interferências nesse processo interno do partido”, garante.

Ele também denuncia situações em que prefeitos de outros partidos pedem votos a servidores petistas. “O Lula está fazendo neste momento que o Brasil seja soberano, defendendo a não interferência norte-americana no tarifaço, nas questões econômicas e políticas do país. E vamos fazer isso no Paraná também, o PT é soberano e tem o seu caminho próprio”, afirma.

Comunicação e formação política

Chiorato defende a renovação na comunicação do partido. “Precisamos mudar muitas coisas e a nossa comunicação, por exemplo, tem que ser inovada. Estamos perdendo de goleada como o Brasil perdia para a Alemanha em 2014 de 7 a 1”, cita.

Ele propõe que temas políticos sejam usados para formação da população. “O PT foi a favor a vida toda da redução de jornada de trabalho que não permitisse a redução do salário. Sempre falávamos isso e não conseguíamos ter eco na sociedade”, cita.

Como exemplo, menciona o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), criado no Rio de Janeiro. “Isso criou um caldo político e vai acontecer a redução da jornada da escala 6×1, não tenho dúvida disso”, afirma.

Ele aponta também a necessidade de organizar o partido de novas formas. “Temos que organizar o partido de outros formatos tradicionais, temos que criar coordenações regionais por exemplo nos Campos Gerais”, cita.

Eleições internas continuam neste domingo

O segundo turno das eleições do PT-PR acontece em todo o território estadual neste domingo (27), com votação das 9h às 17h. Arilson Chiorato disputa a reeleição contra o deputado federal Zeca Dirceu.

Sobre o Ponto de Vista

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná. A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site (AQUI) ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências:

FM: T Curitiba 104,9MHz;
T Maringá 93,9MHz;
T Ponta Grossa 99,9MHz;
T Cascavel 93,1MHz;
T Foz do Iguaçu 88,1MHz;
T Guarapuava 100,9MHz;
T Campo Mourão 98,5MHz;
T Paranavaí 99,1MHz;
T Telêmaco Borba 104,7MHz;
T Irati 107,9MHz;
T Jacarezinho 96,5MHz;
T Imbituva 95,3MHz;
T Ubiratã 88,9MHz;
T Andirá 97,5MHz;
T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz;
T Wenceslau Braz 95,7MHz;
T Capanema 90,1MHz;
T Faxinal 107,7MHz;
T Cantagalo 88,9MHz;
T Mamborê 107,5MHz;
T Paranacity 88,3MHz;
T Brasilândia do Sul 105,3MHz;
T Ibaiti 91,1MHz;
T Palotina 97,7MHz;
T Dois Vizinhos 89,3MHz
T Londrina 97,7MHz.