A Prefeitura de Ponta Grossa determinou, nesta sexta-feira (26), a retirada dos anúncios digitais sobre a licitação da merenda escolar. A decisão ocorre após repercussão negativa e questionamentos de vereadores, educadores, servidores e veículos de imprensa, entre eles o D’Ponta News. As peças publicitárias, veiculadas em sites, redes sociais e escolas, afirmavam ser “mentira” a existência de privatização da merenda, sustentando que a terceirização já é praticada há anos.
A ofensiva de esclarecimento institucional pode ter sido motivada pelo aumento das críticas sociais e reportagens que detalham riscos da ampliação da terceirização nos serviços de alimentação da rede municipal, estimados em R$ 94,8 milhões para 2025. Segundo a Prefeitura, o novo edital busca modernizar a gestão da merenda integrando contratos de fornecimento, preparo, logística e manutenção, mantendo a contratação de empresas já presente no sistema.
Em comunicações oficiais, a secretária municipal de Administração, Isabele Moro, assegurou a permanência dos atuais servidores, como merendeiras, e a continuidade das compras da agricultura familiar. No entanto, a distribuição de panfletos em massa nas escolas e o uso da estrutura pública para defesa do projeto acentuaram as críticas. O Sindicato dos Servidores Municipais (SindServ) acusou a prefeitura de “propaganda política” sem consulta pedagógica nem debate transparente com a comunidade escolar.
Na Câmara Municipal, vereadores entraram com pedidos de investigação junto ao Ministério Público e Tribunal de Contas, exigindo apuração sobre a legalidade e o real custo da publicidade institucional. Professores relataram que foram orientados a entregar os panfletos nas mochilas e agendas das crianças, sem espaço para contraponto ou discussão prévia, o que gerou temores de represálias e constrangimento no ambiente escolar.
O novo edital prevê a contratação de uma empresa privada para centralizar o fornecimento e gestão das refeições dos estudantes das escolas municipais. O contrato, estimado em cerca de R$ 88,9 milhões, engloba desde o preparo e distribuição de 90 mil refeições diárias até a manutenção de equipamentos e logística de suprimentos. Enquanto a Prefeitura defende que a medida trará modernização, eficiência e economia, opositores, sindicatos e especialistas apontam risco de perda de qualidade na alimentação, menor controle público, precarização do trabalho dos profissionais da área e impactos negativos para pequenos produtores locais.
As discussões públicas também expuseram a insatisfação de parte dos educadores, que denunciaram terem sido obrigados a participar da distribuição dos materiais oficiais para defender a proposta, mesmo com receio de sofrer sanções. O vereador Geraldo Stocco (PV) destacou que o volume de mobilização imposto à categoria “nunca ocorreu antes, nem para distribuir materiais pedagógicos importantes, mas somente quando o assunto é defender a decisão política do Executivo”. Após pressão social e institucional, a prefeitura determinou a suspensão imediata de toda publicidade relacionada à licitação da merenda.
Por Heryvelton Martins