Domingo, 28 de Setembro de 2025

Prefeitura suspendeu ‘propaganda da mentira’ sobre privatização da merenda, mas manteve licitação em PG

2025-09-28 às 13:15

Ao contrário do que muita gente pode estar pensando, a Prefeitura de Ponta Grossa não cancelou o projeto de licitação da merenda escolar municipal, apenas suspendeu a campanha de divulgação que indicava que a terceirização já estaria consolidada como uma forma de privatização. A polêmica gerou debates intensos entre gestores públicos, vereadores, representantes das comunidades escolares e trabalhadores da educação, evidenciando a necessidade de maior transparência e diálogo no processo.

Decisão veio após críticas sobre falta de transparência e pressão de servidores

Após repercussão negativa, denúncias do Sindicato dos Servidores Municipais e questionamentos de vereadores, a prefeitura determinou a retirada dos conteúdos digitais que defendiam o modelo de terceirização da merenda escolar. Os materiais indicavam, de forma enfática, que a gestão da merenda estava privatizada há anos, omitindo nuances do processo e ampliando o desconforto entre profissionais da rede e comunidade local. Servidores e professores relataram terem sido obrigados a distribuir panfletos com posicionamento institucional nas mochilas e agendas dos alunos, sem espaço para contraponto, debate ou esclarecimentos.

O Sindicato apontou uso indevido da estrutura pública para defesa do projeto, além de ausência de consulta pedagógica e participação efetiva da comunidade escolar. Vereadores requisitaram investigação sobre o custo dos materiais e a legalidade da campanha junto ao Ministério Público e Tribunal de Contas, destacando que a iniciativa pode ter extrapolado os limites éticos da publicidade institucional.

Novo edital não extingue empregos e mantém compras da agricultura familiar

A secretária municipal de Administração, Isabele Moro, reiterou que os trabalhadores já concursados, especialmente as merendeiras, permanecerão atuando nas escolas, e que o município continuará priorizando compras junto à agricultura familiar. Segundo Moro, o edital busca modernizar o processo, integrando contratos para fornecimento, preparo das refeições, logística e manutenção dos equipamentos escolares. O valor estimado da licitação ultrapassa R$ 88 milhões, correspondendo à gestão de 90 mil refeições diárias na rede municipal. Para a gestão, a medida busca garantir eficiência, economia e qualidade sem comprometer os vínculos dos servidores efetivos.

Oposição aponta riscos e questiona modelo

Opondo-se à proposta, vereadores e representantes sindicais alertam para a possibilidade de perda de controle público, precarização dos direitos trabalhistas, impactos negativos na economia local e risco de queda na qualidade da alimentação escolar. Eles apontam que o debate foi conduzido de forma unilateral, com pressão sobre profissionais contrários e ausência de discussão democrática. Parlamentares prometeram judicializar o caso e denunciaram o uso intensivo de verba pública na campanha, sugerindo que a mobilização dos servidores e a presença popular nas sessões indicam insatisfação generalizada sobre os rumos do projeto.

Prefeitura nega privatização, alega continuidade da terceirização e defende diálogo

Em nota oficial, a prefeitura reforça que “não há privatização da merenda, mas apenas continuidade da terceirização já existente”, afirmando que o modelo praticado desde gestões anteriores será apenas reorganizado para maior integração e eficiência. A gestão municipal diz respeitar o papel dos servidores e a legislação vigente, e afirma estar aberta ao diálogo com todas as partes envolvidas.