A Polícia Rodoviária Federal (PRF) anunciou o cancelamento de todos os acordos de cooperação técnica com os Ministérios Públicos estaduais, incluindo os Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaecos), e com a Polícia Federal (PF). A decisão, comunicada pelo diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, interrompe uma parceria que vinha sendo considerada crucial no combate ao crime organizado em diversas regiões do país.
Na prática, agentes da PRF que atuavam integrados aos Gaecos e às Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficcos) deverão retornar às suas unidades de origem. Operações emblemáticas, como “Fim da Linha” e “Salus et Dignitas”, realizadas em São Paulo com apoio da PRF, são exemplos do impacto positivo dessas colaborações. Essas ações foram fundamentais para desarticular redes criminosas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e combater atividades ilícitas na Cracolândia.
Segundo Oliveira, a medida foi tomada após o Ministério da Justiça identificar “fragilidades jurídicas” na atuação conjunta. O ministro Ricardo Lewandowski destacou que a falta de amparo legal para as operações “extra rodovia” da PRF poderia gerar questionamentos judiciais. A solução apontada seria a aprovação da PEC da Segurança, atualmente travada no Congresso Nacional, para regularizar essas cooperações no futuro.
Embora a PRF tenha anunciado que reavaliará as parcerias nos próximos 30 dias em busca de soluções técnicas e jurídicas, a decisão gerou insatisfação entre promotores e especialistas. Eles ressaltam que a integração entre forças é essencial para enfrentar organizações criminosas complexas, como o PCC, e criticam a interrupção abrupta das operações conjuntas.