Por Camila Souza
A polêmica envolvendo a vereadora enfermeira Marisleidy Rama e o Partido da Mulher Brasileira (PMB) ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (06). Após as notas emitidas pelo partido sobre a abertura de um processo administrativo que pode levar à perda do mandato por infidelidade partidária, a parlamentar falou presencialmente pela primeira vez com a imprensa. A equipe do D’Ponta News foi a primeira a conversar com a vereadora pessoalmente antes da sessão da Câmara Municipal de Ponta Grossa.
O impasse começou após o voto contrário da parlamentar ao aumento do IPTU, o que, segundo ela, foi feito pensando na população. A legenda afirma que o processo não se resume a essa questão e que existem outros conflitos internos. A íntegra da nota oficial do partido está disponível em matéria publicada pelo portal.
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Na conversa com a reportagem ainda na última terça-feira (05), data em que ocorreu o primeiro pronunciamento do partido, a vereadora relatou surpresa com o caso e disse que só soube do processo pela imprensa. “Inacreditável! Desde quando o partido intervém no voto do parlamentar? Quem tem o mandato sou eu, ganhei as eleições pelo povo”, afirmou. Ela reforçou que acredita haver irregularidade na postura do partido. “Isso deve ser contra a lei. Como alguém vai intervir no meu voto?”, questionou.
Após as primeiras reações do partido na noite de terça, Marisleidy utilizou as redes sociais para se manifestar e criticou a decisão do partido. “Gente, me ajuda a entender: uma vereadora vota contra o aumento de impostos, ou seja, ela defende o bolso da população, e o partido dela decide abrir um processo por infidelidade partidária? Espera aí, desde quando ser fiel ao povo virou infidelidade? Quando um parlamentar vota contra um projeto que pesa no bolso do cidadão, deveria ganhar destaque no processo. Mas tudo bem, né? Tem gente que acha que democracia é concordar com tudo que o partido manda. Só falta agora colocarem no estatuto ‘pensar por conta própria será punido com rigor!’ Resumindo: eu defendo o povo e vou ser julgada por isso. Parece piada, mas é notícia”, disse.
Já na tarde desta quarta-feira (06), no contato presencial durante live (veja abaixo) do D’Ponta News, a vereadora reafirmou sua posição e demonstrou que não pretende mudar sua conduta. “Se eu tiver que votar de novo, vou votar contra novamente”, declara.
A parlamentar também afirmou que não recebeu nenhuma notificação formal sobre o processo. “Quem foi diplomada a vereadora fui eu, o mandato é meu e a cadeira é minha”, diz. No entanto, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as vagas nas Câmaras municipais pertencem aos partidos ou federações e não aos candidatos individualmente. O sistema proporcional utilizado nas eleições para vereador define que as cadeiras são distribuídas conforme o quociente partidário e, dentro do partido, ocupadas pelos mais votados. A vereadora obteve 1.344 votos em Ponta Grossa.
Marisleidy ainda alega que o partido perdeu cargos mas que isso tem relação com acordos que não a envolvem. “Se eles perderam esses cargos depois da minha votação, não é eu quem tem que responder, não foi acordo comigo. Eles têm que procurar com quem foi esses acordos para rever esses cargos”, recomenda.
Por fim, a vereadora ressaltou que espera uma conversa oficial com a direção estadual do PMB. “Eu quero que eles venham até o gabinete e falem comigo para explicar o que eu votei que denegriu a imagem do partido para que possamos discutir”, conclui.
A equipe de jornalismo segue acompanhando os desdobramentos do caso.