O futuro dos voos comerciais do Aeroporto Santana, de Ponta Grossa, enfrenta instabilidades desde o anúncio do encerramento das atividades pela Azul Linhas Aéreas, empresa que opera o transporte aéreo no município. A companhia alegou prejuízos financeiros, o que está relacionado à falta de melhorias no aeroporto, que até hoje não teve seus planos de expansão concretizados, apesar da existência de um estudo técnico detalhado.
Em 2014, um Estudo de Viabilidade Técnica (EVT) foi elaborado por um consórcio a pedido da Secretaria de Aviação Civil (SAC) do Governo Federal. O documento, que custou mais de R$ 30 milhões, detalhou alternativas para modernizar o aeroporto e permitir que ele recebesse aeronaves de maior capacidade. A pesquisa apontou a necessidade de algumas mudanças como a ampliação da pista, um novo pátio para aeronaves e um terminal de passageiros reformado. Os investimentos necessários variavam entre R$ 66,7 milhões e R$ 261,6 milhões.
NOVO ESTUDO
Em um esforço para reverter a situação, um novo Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) foi proposto durante um encontro de lideranças regionais com o governo do Estado, no último dia 6 de fevereiro. Essa proposta de estudo é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (SEI) e a Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg) e visa analisar alternativas para recuperar a viabilidade econômica do aeroporto e retomar a operação de voos comerciais.
O EVT de 2014 projetava que, após as melhorias, o aeroporto poderia atender até 442 passageiros por hora em momentos de pico até o ano de 2025. Porém, sem a execução dos planos, o aeroporto continua a enfrentar dificuldades estruturais que impactam diretamente sua capacidade de operar com eficiência e atrair companhias aéreas. O futuro do aeroporto e a possibilidade de novos investimentos continuam dependentes da realização de um novo estudo e da implementação das melhorias necessárias.
PROJETO JÁ EXISTENTE
O Secretário do Estado de Infraestrutura e Logística do Estado do Paraná, Sandro Alex, se posicionou sobre o estudo com exclusividade ao D’Ponta News e afirmou que o trabalho feito no aeroporto foi trabalhoso, uma vez que o local estava inoperante. “O trabalho feito no aeroporto de Ponta Grossa, ao longo desses últimos anos, foi muito grande porque ele partiu de um aeroporto fechado, inoperante, abandonado, para um aeroporto operando comercialmente”, cita.
Relembrando a situação, o secretário contou que com o estudo realizado em 2014, foi possível a liberação de uma verba de R$35 milhões. “Naquele momento, a gente trabalhava junto à SAC para que pudéssemos ter recursos. O governo federal fez um levantamento de necessidades do aeroporto de Ponta Grossa. E entre esses levantamentos, está um novo pátio, taxiway e terminal de passageiros, que eu consegui aproveitar o estudo e aprovar com 35 milhões e surtiu efeito”, afirma.
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O secretário considera que embora o estudo não tenha sido conduzido para um projeto concreto e completo na época, ele foi relevante. “E para uma pista, eles fizeram uma projeção, inclusive com a aeronave que já não está mais operando. Então é óbvio que ele [o estudo] tem que ser atualizado. Mas naquele momento, claro que o estudo foi aproveitado, tanto é que foi autorizado 35 milhões de reais”, disse.
Sandro ainda comenta sobre os investimentos que foram realizados no espaço do aeroporto. “A pista recebeu investimentos de pavimentação e balizamento, e a gente conseguiu também os equipamentos, para os instrumentos que eram necessários. Avançamos e o aeroporto ficou operacional”.
O secretário ainda contou sobre como a situação ficou acordada com a SAC. “O que foi decidido com a SAC, naquela época, é que o aeroporto operaria, como funcionou com três voos. Para que com o táxi, o pátio e o terminal, a gente pudesse depois focar na pista, que é mais complexo”, indaga.
Sobre a construção do terminal, Sandro fala que a obra está autorizada desde 2019. “A partir do momento da construção do terminal, que já está aprovada desde 2019, a gente estaria encaminhando então a segunda etapa do estudo, que é a pista. Então, se esse estudo está disponível, ele vai ser atualizado”, afirma.
Além disso, o secretário citou que mesmo que o valor tenha sido liberado, a primeira etapa ainda não foi concluída, mas que o governo pretende recuperar os estudos já existentes para que o projeto se encaminhe o mais rápido possível. “Esse valor foi liberado e não tivemos essa primeira etapa concluída até hoje. Eu coloquei nossos técnicos à disposição para que a gente possa resgatar todos esses estudos e iniciar um projeto novo, mais moderno, e com as aeronaves que hoje estão disponíveis para os voos que podem operar em Ponta Grossa. Então a gente pode aproveitar tudo isso, atualizar, modernizar e tocar em conjunto”, conta.
Quando questionado se esse estudo foi citado durante a reunião realizada em Curitiba, o secretário disse que tem percebido que as autoridades dos municípios apresentam dados, estudos e projeções que são feitas ao longo dos anos e afirma que Ponta Grossa nunca chegou a ter um projeto concreto para o aeroporto. “Ao longo de vários anos, estudos foram feitos, mas isso sempre é necessário ser atualizado, então nunca houve um projeto para o aeroporto de Ponta Grossa. Você faz um estudo que determina quais seriam as melhores viabilidades que poderiam ser feitas para aquele aeroporto. Agora, um projeto não foi feito, um projeto para que você possa normalizar o custo e a necessidade de desapropriação, vários pontos que são importantes no processo, então isso não foi feito”, afirma.
Por fim, Sandro colocou a sua equipe à disposição para seguir adiante com a elaboração de um projeto do aeroporto Santana. “O que a gente precisa agora é atualizar tudo isso, organizar isso de forma profissional e tocar para um projeto. Quanto mais estudos, melhor o projeto”, finaliza.