há 3 horas
Matheus Gaston

A Subseção de Ponta Grossa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu uma nota em que se manifesta sobre a prisão de um advogado suspeito de envolvimento na morte do motorista de ônibus Everton Henrique dos Santos, de 35 anos. A reportagem do D'Ponta News apurou que o profissional alvo da operação Coordenada Falsa, deflagrada nesta terça-feira (02), é José Maurício Barros Junior.
O crime aconteceu em setembro de 2024, no bairro Neves. Everton foi morto a tiros enquanto dormia com a esposa e a filha bebê, sem chance de defesa. A investigação da Polícia Civil constatou que o motorista foi assassinado por engano e que o alvo do crime era um morador da vizinhança.
As diligências revelaram que o homicídio foi planejado com base em informações obtidas de forma indevida por José Maurício. O advogado teria usado o acesso a sistemas do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) para identificar o endereço de um rival de seus clientes. No entanto, o profissional se confundiu e indicou a localização errada aos criminosos, o que terminou com a morte de Everton.

A investigação ainda apurou que, mesmo após o engano, o advogado encaminhou áudios a um dos investigados para incentivá-lo a matar o alvo correto - escute aqui.
Em nota encaminhada ao D'Ponta News pela presidente da OAB Subseção de Ponta Grossa, Mariantonieta Pailo Ferraz, a entidade informou que além da prisão de José Maurício, a operação da Polícia Civil também teve como alvo de investigação e mandado de busca e apreensão uma advogada - o nome dela não foi revelado.
"Embora o flagrante de hoje e o mérito da busca e apreensão em face dos advogados não estejam relacionados ao exercício da profissão, a OAB Subseção de Ponta Grossa reafirma a atenção e acompanhamento direto e rigoroso de ambos os casos por seus representantes, em específico, pela Diretoria e Comissão de Prerrogativas", diz o comunicado.

Confira a nota completa a seguir:
Trata-se de advogado preso na manhã de hoje, terça-feira 02/12, em tese envolvido em delito grave sob investigação da Polícia Civil do Paraná (PCPR), por meio do Setor Operacional da 13ª Subdivisão Policial (13ª SDP) de Ponta Grossa.
A ação policial se concentra em cumprimento de mandados variados entre prisão e busca e apreensão na investigação em andamento contra associação criminosa responsável pelo homicídio de um homem inocente, ocorrido em setembro de 2024.
Nas diligências em Ponta Grossa, além do advogado preso está também sob alvo de investigação e mandado de busca e apreensão, uma advogada, cujos nomes são reservados ao sigilo.
Embora o flagrante de hoje e o mérito da busca e apreensão em face dos advogados não estejam relacionados ao exercício da profissão, a OAB Subseção de Ponta Grossa reafirma a atenção e acompanhamento direto e rigoroso de ambos os casos por seus representantes, em específico, pela Diretoria e Comissão de Prerrogativas.
Ainda em tempo, observo que “A OAB ressalta que além de acompanhar, elabora relatórios de todos os casos de prisão e de busca e apreensão envolvendo advogados, ainda que não se trate de prerrogativas - são garantias ao profissional advogado quanto ao direito de exercer a plena defesa dos clientes”.
A Ordem ressalta que uma dessas prerrogativas é justamente o acompanhamento pela OAB em qualquer das situações, com atentas diligências quando necessárias, a incluir a construção em andamento das Salas de Estado Maior no sistema prisional de Ponta Grossa, entendendo também as prerrogativas dos advogados, quando lamentavelmente sejam sujeitos à prisão.
O D'Ponta News entrou em contato com o advogado que representa José Maurício. Em nota, a defesa informou "que até o presente momento não teve acesso aos elementos de prova colhidos na investigação, e que buscará, ainda hoje, o respectivo acesso aos autos, a fim de que os diretos do investigado sejam respeitados".
Ainda segundo a defesa, José Maurício já passou por audiência de custódia. A reportagem também apurou que o advogado é suspeito de envolvimento em outro homicídio cometido em 2024 - a vítima foi Rulian Eduardo da Silva da Luz, de 22 anos.
Everton Henrique dos Santos foi assassinado a tiros em 01º de setembro de 2024, dentro da própria residência, enquanto dormia com a esposa e a filha. Segundo a Polícia Civil, desde o início, a linha de investigação considerou a hipótese de erro na execução do plano criminoso, o que foi confirmado ao longo da apuração.
Com o cumprimento das ordens judiciais em Ponta Grossa, Barra Velha (SC) e Imbituba (SC), os investigados alvos da operação serão interrogados. Ainda segundo a Polícia Civil, outros dois suspeitos de participação no crime já estão mortos. A previsão é que o inquérito seja concluído nos próximos dias - veja os detalhes aqui.