A fonoaudióloga, Dra. Francine Costa, informou sobre problemas de deglutição e alimentação, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (13).
Fonoaudiologia
O fonoaudiólogo é um profissional que trabalha com diversos aspectos da comunicação humana. Ele atua na prevenção, avaliação, diagnóstico, terapia e aperfeiçoamento da função auditiva, além da linguagem oral e escrita, voz, fluência, articulação da fala, respiração, deglutição e afins.
“A fonoaudiologia tem diversas áreas de atuação, e a minha especialidade é na área da disfagia, que está relacionada à dificuldade de deglutir”, explica a Dra. Francine.
Disfagia
A disfagia é a dificuldade de deglutição. Essa condição é secundária ao impedimento do transporte de líquidos, sólidos ou ambos da faringe para o estômago.
“Nesta área, atendemos desde bebês, que têm dificuldades para sugar, mamar e que não conseguem fazer um esgotamento do seio adequado”, ressalta a fonoaudióloga. “Também atendemos crianças, que possam ter dificuldades na introdução de alimentos sólidos, por exemplo, e acabam se engasgando, até adultos que possam ter dificuldades, por algum problema neurológico”, acrescenta.
Segundo a especialista, nestas situações o risco é que o alimento passe pela traqueia e chegue ao pulmão causando danos a essas pessoas. “Quando a pessoa tosse e se engasga, significa que esse alimento não está seguindo o caminho correto para chegar ao estômago, mas querendo entrar na traqueia e no pulmão”, afirma a Dra. Francine. “Se entrar na traqueia e no pulmão há grande risco de sufocamento e também de desenvolver uma pneumonia, porque o resíduo do alimento não deveria estar ali”, complementa.
Sintomas
Existem alguns sintomas que podem ligar o sinal de alerta para as pessoas que estão com a disfagia, que podem ser identificados durante os momentos de refeição e também no pós.
“A tosse e o engasgo durante e após a alimentação são sinais de que a pessoa possa estar com disfagia. Por exemplo, a pessoa acabou de se alimentar, e começa a ter bastante tosse”, orienta a fonoaudióloga. “A tosse é um mecanismo ‘para tirar o que foi para o lugar errado’, e nesses casos vem um fluxo forte dela”, ressalta.
Reflexo de GAG
O reflexo de GAG é um reflexo natural e protetor dos bebês que acontece frequentemente na época da introdução alimentar. Assemelha-se a uma ânsia de vômito e o bebê consegue expelir o alimento pela boca.
“Esse é um reflexo protetivo, que acontece durante a introdução alimentar, e a criança ainda está aprendendo a lidar com aquele alimento. Durante este período, este reflexo é normal e pode acarretar em algumas tosses e alguns engasgos”, afirma a especialista.
Com seis meses é considerado o período ideal para que a introdução alimentar seja realizada. “O ideal é que a criança com seis meses já comece a comer outros alimentos, então nas primeiras experiências pode ser que aconteça esse reflexo e isso é esperado nos primeiros meses”, explica. “Porém isso não deve impedir que a mãe continue dando os alimentos, desde que o engasgo não seja sério, e também não deve fazer as ‘papinhas’, mas sim o corte certo dos alimentos para que a criança possa desenvolver a musculatura. Este processo deve ser realizado com 100% da supervisão do responsável”, acrescenta.
Ela também pondera que essas tosses e engasgos não devem continuar por muito tempo, e em caso de permanência o sinal de alerta deve ser ligado.
“Com um ano de idade, a criança já deve conseguir comer o sólido bem, e se ela não está conseguindo por consequência de constantes tosses e engasgos, o responsável deve buscar a ajuda e orientação de um profissional”, pondera a fonoaudióloga.
Deglutição
A deglutição é basicamente o ato de transportar os alimentos da boca até o estômago, porém a especialista destaca que envolve uma complexidade maior para que esse processo aconteça da forma correta.
“Ela é um ato bastante complexo, que envolve mais de 10 nervos e 30 músculos. Tudo acontece muito rapidamente, então quando colocamos o alimento dentro da boca já existem alguns mecanismos que identificam se o alimento é mole deve ser realizada tal força, se ele for mais seco a produção de saliva é maior”, destaca a especialista. “Essas informações são passadas ao corpo, que precisa se preparar, e isso requer uma integridade de toda a parte neurológica, pulmonar, de cabeça e pescoço [laringe, faringe]. Então ela se trata de uma atividade complexa, e toda vez que temos alguma doença ou alteração em algum desses sistemas, pode haver uma dificuldade de deglutição”, acrescenta.
Quando algum fator neurológico, por exemplo, atrapalha este processo podem acontecer os casos citados de disfagia e até mesmo acarretar em algum problema pulmonar.
“Se a gente tiver um problema neurológico como um Acidente Vascular Cerebral, traumatismo craniano ou uma demência, por exemplo, dependendo da área que ele afetar, ela pode alterar uma das fases da deglutição”, aponta a Dra. Francine. “O paciente também pode desenvolver um problema pulmonar, e não terá uma tosse efetiva”, finaliza.
Serviço
A Dra. Francine Costa atua na Clínica N5, R. Tiradentes, 976 – Centro; e também a domicílio. O telefone para contato é: (41) 9 9658-9956.
Você também pode entrar em contato e conferir os conteúdos através do instagram.
Confira a entrevista completa: