Sábado, 12 de Outubro de 2024

Apadevi atende pessoas com baixa visão e cegueira há quase 40 anos em PG

2024-01-31 às 15:54
Foto: Moisés Kuhn/D’Ponta News

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta-feira (31), a equipe da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de Ponta Grossa (Apadevi) comentaram sobre os trabalhos prestados na instituição.

Cilmara de Fátima Buss de Oliveira, diretora da Apadevi, comenta que a instituição atua há quase 40 anos no município, atendendo pessoas com baixa visão e cegueira, independente da idade. Atualmente, conta com cerca de 180 alunos. “Para que a gente possa realizar o atendimento, a gente sempre se pauta no laudo oftalmológico. Temos uma série de documentação que é solicitada”, explica.

A instituição tem dois termos de colaboração junto com a Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED) e com o Município, segundo Cilmara. “Seguimos as normativas da SEED para cadastro, tem matrícula como escola, seguimos a mesma documentação e todo o sistema de frequência e registro das escolas, mas nós somos um centro de atendimento. A Associação, que é a Apadevi, mantém os dois centros dentro da instituição: o centro de atendimento para pessoa com deficiência visual e o centro dia, que é para pessoas acima de 18 anos”, afirma.

Luiz Carlos Carneiro Gomes, presidente da Associação, pontua que hoje os atendimentos são realizados na sede localizada na Rua Pernambuco, 344, em Olarias, porém uma nova sede está sendo construída há quase duas décadas. “A nossa construção é perto do Olho d’água São João Maria. Faz mais de anos que falamos que está há 16 anos sendo construída, então acho que é um pouco mais. Falta uns 25 ou 30%  para terminar a obra. Só que em valores é bastante, tem em torno de mil metros de construção”, diz. A nova sede contará com um espaço amplo com refeitório e cozinha, que já estão prontos, e ainda com salas de aula, consultório, parte administrativa, que ainda estão sem andamento.

“Hoje eu consigo viver até melhor do que eu vivia quando eu enxergava”, diz aluno da Apadevi

Jefferson Luan Almeida de Oliveira, de 30 anos, é aluno da Apadevi há nove anos, desde quando perdeu a visão, por conta do diabetes. “Eu enxerguei até os 21 anos, em questão de três meses eu perdi a visão. Tenho bastante lembranças, algumas coisas eu consigo me recordar bem, consigo ter a imagem na minha cabeça, mas tem coisas que por mais que tentem explicar ou descrever, não tenho uma lembrança, parece que apaga da cabeça”,relembra.

Oliveira conta que após perder a visão passou por um processo depressivo até a aceitação. “Aí me apresentaram a Apadevi e eu comecei a frequentar e conviver mais com essas pessoas que vivem da mesma forma que eu. Foi onde eu comecei a perceber que a vida que eu levo hoje é muito melhor do que a que eu levava antes. A minha mãe sempre fala que se eu estivesse enchergando, talvez eu nem estivesse aqui mais. Hoje eu consigo levar isso para mim, a perda da visão foi a melhor coisa, e hoje se chegar e me perguntar, se Deus colocasse para mim uma coisa que eu quisesse curar do meu corpo, com certeza não seria o olho, hoje é uma coisa que tanto faz para mim, se um dia eu voltar a enxergar ou não. Hoje eu consigo viver até melhor do que eu vivia quando eu enxergava”, destaca.

“A gente fala que eles têm o período do luto, logo que eles ficam deficiente visual, passam por aquele processo, alguns conseguem aceitar em menos tempo, em alguns o processo é muito maior, precisa de atendimento psicológico, para que possa retomar a vida”, comenta Cilmara, diretora da Apadevi.

Dificuldade de locomoção e falta de acessibilidade

Uma das maiores dificuldades enfrentadas por Jeferson no cotidiano é a falta de acessibilidade, principalmente nas ruas do município. “Hoje até tem tentativas de melhorias, mas às vezes eu falo que é um processo meio sem noção. Vejo que muitas das pessoas que estão a frente disso, não procuram saber se aquilo é bom para o deficiente, eles simplesmente fazem e na prática é diferente”, diz.

“Temos que ter uma segurança para andar. Muitas vezes estou na pista tátil e você se depara com um poste, orelhão, árvore plantada do lado, nessa parte eu vejo que tem que ter muita melhoria”, completa.

Ajuda 

O aluno da Apadevi ainda orienta qual é a melhor forma de uma pessoa desconhecida ajudar um deficiente visual na rua, por exemplo. “É perguntar qual a melhor forma dela ajudar, disponibilizar o braço dela, a parte do antebraço, cotovelo, que é uma parte que a gente consegue ter referência se ela sobe ou desce um degrau, por exemplo”, afirma.

Bazar de importados da Apadevi

A Apadevi recebeu diversos produtos da Receita Federal com o objetivo de realizar um bazar e arrecadar recursos financeiros para a Associação. Segundo o presidente Luiz Carlos o evento deve ocorrer em meados de março, em data a ser divulgada em breve.

Para saber mais sobre a Apadevi de Ponta Grossa, basta acompanhar pelas redes sociais: @apadevipg

Confira a entrevista completa: