Por Camila Souza
Que o Buraco do Padre tem uma beleza impactante isso não é novidade, mas por muito tempo não possuía qualquer estrutura para receber visitantes com segurança ou conforto. Hoje, o cenário é completamente diferente. Localizado em Ponta Grossa, o atrativo natural passou por uma transformação nos últimos anos e se consolidou como um destino turístico estruturado, acessível e pronto para receber públicos de todas as idades.
O representante do Buraco do Padre, Marcos Vinicius, esteve no programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) nesta terça-feira (15) e detalhou a evolução do local. Ele fez questão de lembrar que o parque, que pertence à família Scheffer desde a década de 70, por muito tempo funcionou de forma totalmente desestruturada. “De lá para cá, até 2015, a visitação foi aberta ao público sem nenhum tipo de controle, cuidado ou serviço prestado pela família”, conta.
Essa ausência de gestão trouxe consequências sérias. “A gente já retirou um carro queimado dentro do Buraco do Padre e nós não temos ideia de como chegou um carro lá dentro, mas saiu um carro incendiado”, relata. O turismo, segundo ele, era predatório e sem garantias básicas de segurança. Hoje, a realidade é bem diferente. “Hoje o panorama é completamente outro”, destaca.
A mudança começou em 2015 com os primeiros passos rumo à profissionalização da área. “A gente começa com uma administração com menos ênfase. Existe uma cobrança de entrada e começa uma estrutura menor com banheiros, poucos funcionários, sinalização e abertura de trilhas”, explica. A grande virada veio em 2019, com a criação de um Centro de Visitantes completo e a expansão dos serviços oferecidos. “De lá para cá o nosso turismo alavancou”, afirma.
Além disso, o parque conta agora com um restaurante novo e totalmente integrado ao espaço. “É uma estrutura nova e realmente linda. Quando se considera o restaurante, não precisa pagar a entrada do parque para ir nele”, destaca. O restaurante funciona de quarta a domingo. De quarta a sexta com cardápio à la carte e, aos finais de semana, com buffet livre.
E a acessibilidade também evoluiu. “Para ter uma noção, um cadeirante ou um carrinho de bebê chega ao parque sem muito esforço”, garante Marcos. Para ele, a comparação é inevitável “É outro Buraco do Padre em relação ao passado”.
A segurança dos visitantes também está no centro das mudanças. “As normas entendem que o Buraco do Padre é uma caverna e segundo as normas da ABNT temos que usar capacete em cavernas”, explica. Além disso, é permitido o banho apenas no lago, e não na cachoeira, por questões de segurança. “Pode trazer pedras e galhos e não conseguimos saber o que vem com ela”, justifica.
E mesmo com toda a estrutura e segurança oferecidas hoje, muitos ponta-grossenses ainda não conhecem essa nova fase do parque. “Nosso maior público é o Curitibano. Por exemplo, em um mês que recebemos 10 mil visitantes, 2 mil são Curitibanos e 1.000 são ponta-grossenses”, revela Marcos. Ele acredita que isso ocorre porque muitos ainda associam o atrativo ao que era antes de 2015. “Temos um turismo de qualidade, banheiros, 35 colaboradores em operação, sistema de segurança, trilhas sinalizadas. Oferecemos turismo de qualidade e acessível”, defende.
Para incentivar a visita dos moradores da cidade, o parque oferece um valor diferenciado onde a entrada é R$ 48 mediante apresentação de comprovante de residência. Visitantes de fora pagam a partir de R$ 60. Crianças de 0 a 5 anos e pessoas com deficiências não pagam. O parque aceita pagamentos por crédito, débito, Pix e até parcelamento no e-commerce. E, embora o local não tenha sinal de celular, há rede Wi-Fi disponível para os visitantes.
A visita também pode ser ainda mais especial nas férias de julho. Até o dia 20 deste mês, há uma atividade voltada para crianças. “Temos um condutor oferecendo uma condução kids, às 14h reunimos as crianças que querem participar e 40 minutos depois retorna”, conta.
Outro diferencial é a energia única do lugar. “Quando a gente fala da furna Buraco do Padre a gente fala de um contexto religioso de muito tempo. Quando você entra sente uma sensação de pureza, paz e tranquilidade que se encontra em poucos lugares”, disse Marcos, que trabalha há quatro anos no parque. Ele já presenciou visitantes emocionados ao entrar na furna. “Pessoas vão ao local e choram de estar nesse ambiente por sentirem uma paz grande”, relata.
E toda essa espiritualidade tem raízes históricas. Marcos explicou no programa que o nome do local vem do tempo dos tropeiros e dos jesuítas. “Nos anos 1700 os tropeiros passavam pela região vindos de Viamão e indo à Sorocaba. Faziam uma viagem de 14 meses em cima do lombo de cavalos e precisavam parar em pontos para fazer reabastecimento de suprimentos ou ter cuidados médicos”, contextualiza.
“Um dos pontos que eles utilizavam era o acampamento dos jesuítas que existia na região, não necessariamente no parque, mas na região”, disse. “Esses jesuítas buscavam os pontos mais altos para orar e acreditavam que quanto mais alto o ponto, mais rápido as orações chegavam a Deus”, completa. O local de oração era justamente o platô sobre a furna. “As orações eram envolta e por cima do Buraco do Padre, era em cima, no platô”.
Foi então que os tropeiros, ao avistar os padres reunidos em oração em volta da furna, batizaram o local de forma prática. “Como não tinha GPS na época, esses tropeiros precisavam nomear determinados pontos por onde passavam para se localizar e saber se estavam indo na direção certa”, lembra. “Os tropeiros então nomearam de ‘buraco dos padres’, nós estamos no caminho certo porque estamos próximos do buraco dos padres”, explica. “É bom ressaltar que nós somos o Buraco dos Padres ou Buraco do Padre há pelo menos 400 anos, com o tempo singularizou o nome”.
O atrativo está localizado na Rua Peri Pereira Costa, Setor Cercadinho, no Distrito de Itaiacoca, em Ponta Grossa. O Buraco do Padre está aberto para visitação de quarta a domingo e também em feriados, com entrada permitida das 9h às 16h30. Os visitantes podem permanecer no local até as 17h30, horário de encerramento do passeio.
É permitido levar alimentos, desde que sejam consumidos nas áreas apropriadas, como quiosques e espaços com redes. Por questões de segurança e preservação ambiental, nas trilhas é autorizado levar apenas água.
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A compra de ingressos pode ser feita com antecedência pelo site oficial AQUI.
