O paratleta e palestrante, Trajano Ferreira Caldas Neto, comentou sobre as suas premiações, além de dar conselhos sobre a sua trajetória de superação e resiliência, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (26).
Ele está ranqueado entre os 10 melhores do Brasil em 4 provas de atletismo, é palestrante com duas participações a nível internacional e presidente da Associação Pontagrossense de Esportes para Def Físico (Apedef).
Limitação
Trajano acredita que a palavra ‘deficiência’ pode ser substituída. “Eu não gosto muito da palavra deficiência, prefiro falar que temos uma limitação. A gente tem algum tipo de limitação, seja ela visual, física ou intelectual”, explica. “Eu falo também das outras limitações, porque sou presidente da Associação e represento mais de 60 pessoas com algum tipo de limitação”, complementa.
Superação
Há nove anos, ele foi dormir após um dia de trabalho e ao acordar no dia seguinte estava sem a visão do olho esquerdo. Após um ano e três meses perdeu a visão do olho direito. “Não tem uma explicação [científica] e até hoje eu não tenho um norte sobre isso. Procurei um diagnóstico aqui em Ponta Grossa, fui me tratar com especialistas em Curitiba e não obtive uma resposta até hoje, após nove anos. Então resolvi viver, porque algo que você fica procurando por muito tempo e não consegue alcançar, acaba se transformando em uma frustração”, comenta.
Ele destaca que era empresário no ramo da construção civil e tinha estudado até a sexta série do ensino fundamental, e após o ocorrido se aprofundou nos estudos. “Eu resolvi viver, e hoje após tanto tempo, eu consegui conquistar o término do ensino fundamental e médio, já tenho minha primeira graduação e iniciei uma pós, que ainda estou cursando”, afirma. Trajano é formado em Administração, está cursando Ciências Políticas na pós-graduação e Espanhol.
A prática de esportes não fazia parte da sua vida anteriormente ao ocorrido, e ele destaca que decidiu começar a praticar. “Eu não praticava nenhum tipo de esporte, e os resultados estão aí com a gente sempre procurando melhorar”, ressalta o paratleta.
Esportes
Trajano virou um destaque nacional nos esportes que pratica. No atletismo, modalidade que já pratica há mais tempo, ele está em primeiro lugar no ranking nacional do lançamento de dardo, há dois anos. Além dessa colocação, ele está em oitavo lugar no lançamento de disco e décimo primeiro no lançamento de peso.
Não satisfeito com o alto rendimento no atletismo, ele é movido a desafios e começou a praticar a corrida de cavalos. “A gente gosta de desafio, então há um ano e meio eu iniciei nas corridas de cavalo, que a gente corre 10 quilômetros. Nesta modalidade, estou em quarto no ranking nacional”, destaca.
Ele explica que um atleta guia acompanha cada paratleta com outro cavalo ao lado, para socorrer em caso de qualquer dificuldade. “E é correndo, passamos por floresta, galhos, árvores, atravessamos alguns riachos”, explica o paratleta, mostrando que a modalidade envolve um nível elevado de desafios.
Maior sonho
Sobre sonhar com deitar para dormir e acordar com a visão de volta, ao oposto do que aconteceu há nove anos, Trajano destaca que sim, porém não é o seu maior sonho. “Eu quero enxergar novamente, mas não é o meu maior sonho. Chegar a uma Paralimpíadas e aos Jogos Parapan-Americanos são os meu maiores sonhos e estou lutando por isso todos os dias”, afirma.
Ele ainda destaca que está tão adaptado à vida com a limitação visual, que se voltar a enxergar terá que fazer uma adaptação. “Estou tão adaptado a fazer tudo, esteja relacionado à casa [ou outras tarefas], que precisaria de uma readaptação”, finaliza.
Serviço
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Confira a entrevista completa: