Sexta-feira, 06 de Junho de 2025

Coordenador do Controle de Zoonoses de PG orienta o que fazer em ocorrências de morcegos

Durante o programa Manhã Total o coordenador expos como o vírus da raiva se apresenta e também passou algumas recomendações
2025-02-21 às 12:01
Eduardo Vaz/ D’Ponta News

Durante o programa Manhã Total desta sexta-feira (21), do D’Ponta News, o Médico Veterinário e coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Ponta Grossa (CCZ), Leandro Monteiro Ingles, concedeu uma entrevista exclusiva para falar sobre um caso positivo de raiva registrado na cidade na última segunda-feira (17). O vírus, que foi detectado em um morcego na Vila Estrela, acometeu um gato que teve contato com o animal infectado e precisou de atendimento.

Relembre a situação: Zoonoses confirma caso de raiva em bairro de Ponta Grossa

Relembrando a dinâmica da ocorrência que aconteceu na última segunda-feira, o coordenador disse que o gato capturou o morcego em um instinto normal da natureza felina. “Os donos desse gato entraram em contato conosco e relataram que o animal capturou o morcego e mordeu ele. Imediatamente, recomendamos que segurassem o animal para que fosse possível a captura e o encaminhamento ao laboratório”, conta Leandro.

Leandro citou que a mesma situação, com o mesmo felino, havia ocorrido há um ano atrás e que a vacinação antirrábica foi fundamental para que o animal não tivesse a saúde comprometida. “Esse caso já ocorreu há um ano atrás, esse gato já tinha pego um morcego e tomou a vacina. E dessa vez, que teve um contato com esse novo morcego, esse animal já estava vacinado”, cita.

DOENÇA DA RAIVA E SUA VARIANTE
Conforme exposto por Leandro, a raiva é uma doença viral e que acomete todos os mamíferos. Animais como vacas, cavalos, porcos, cachorros e gatos, além do próprio morcego, podem ser transmissores da doença. A transmissão do vírus ocorre por contato direto com a saliva de um animal infectado, seja por mordida ou arranhadura.

Leandro alerta que com o decorrer do tempo, a doença tem se apresentado de outras formas. “Antes era normal a raiva furiosa, onde o animal ficava agressivo e espumava pela boca, essas eram as variantes do cão e do gato. Hoje o vírus está diferente, se trata da raiva paralítica que vem do morcego”, cita.

De acordo com Ingles, essa variante da raiva que advém dos morcegos, deixa o animal infectado com problemas neurológicos. Nesses casos, é comum o hospedeiro do vírus ter sintomas como o comprometimento na locomoção e apresentar quadros de paralisia. Ademais, sintomas como a salivação, perda de apetite e desenvolvimento de medo d’água, também podem atingir esses animais.

O MORCEGO ATACA O SER HUMANO?
Quando questionado sobre ocorrências de ataques de morcegos que se alimentam de sangue humano, Leandro citou que isso não ocorre em Ponta Grossa pois esse tipo de animal não habita a região. Os morcegos-vampiros são morcegos que a fonte de alimento é sangue de outros vertebrados. Esse animal costuma se abrigar em cavernas, poços antigos, ocos de árvores, locais preferencialmente próximos a corpos d’água. “Não encontramos esse tipo de morcego na zona urbana, é mais na zona rural. Eles vão procurar o ser humano porque provavelmente estão com falta de alimento”, explica Leandro.

Esse é um Morcego-vampiro, que não está presente em cidades / Foto: Uwe Schmidt

 

O coordenador conta que os morcegos que existem nas cidades são os que se alimentam de frutas e insetos e que auxiliam até mesmo os seres humanos. “O morcego faz mais bem do que mal. Se exterminarmos os morcegos estaremos exterminando a natureza. Eles são uma grande fonte de polinização de muitas plantas. Cada morcego insetívoro come mais da metade do peso dele por noite. Ou seja, eles nos livram de vários insetos e pragas e fazem uma limpa na cidade”, afirma.

TRABALHO DO CONTROLE DE ZOONOSES
Dentre as atribuições do Controle de Zoonoses do município, Ingles conta que quando há ocorrências de morcegos, a equipe vai até o local e recolhe o animal para acompanhamento. O morcego só é sacrificado em casos onde o animal apresenta mudanças de comportamento ou ainda, em casos onde o morcego teve contato com o ser humano ou animal de estimação de uma família. Fora dessas situações, o animal é devolvido à natureza, conforme exposto pelo coordenador. “Se for um animal que está bem a gente recolhe e solta em um outro lugar na natureza”, diz.

APARECEU UM MORCEGO EM MINHA CASA, E AGORA?
Ainda de acordo com Leandro, o próprio residente pode fazer a remoção do morcego, quando só tiver um animal na casa. Para isso, pode ser utilizado uma caixa de sapatos quando o animal está em um local de fácil captura. Após a captura, é só soltar o morcego em outro local ou ainda acionar a equipe do Controle de Zoonoses, em horário comercial que eles fazem a remoção. Contudo, o coordenador recomenda. “Se o animal está em um local de difícil acesso ou a pessoa tem medo de coletar, pode ligar para nós que iremos até o local fazer a remoção”, pontua.

Leandro reforça que os morcegos são animais silvestres e que por isso são protegidos por Lei e que o extermínio desses animais se enquadra como crime ambiental. “Temos que tomar cuidado e não podemos fazer isso”, alerta.

Já em situações onde há vários morcegos, por exemplo no forro da casa, Leandro orienta que durante o período da noite, os moradores saiam para fora da residência e observem por onde esse animal está entrando. Após verificar, é necessário realizar uma vedação e somente deixar um ponto sem fechar. Essa vedação pode ser feita com massa expansiva, cimento ou passarinheiras. “É necessário deixar assim por uma semana porque após esse período, a tendência é que esses animais saiam do local e você pode fechar esse espaço definitivamente. Se não aguardar esse período de saída, eles vão morrer lá dentro e vai ficar um cheiro insuportável”, recomenda.

QUANDO CONTATAR O CONTROLE DE ZOONOSES?
O CCZ deve ser acionado em casos de mordedura ou ataque de animais domésticos como cães e gatos, além de ocorrências com morcegos em caso de contato direto com animais ou seres humanos. Além disso, para informações sobre a castração e vacinação gratuita para animais domésticos. Em situações envolvendo ataques de escorpião, o recomendado é a captura do animal e o direcionamento a uma Unidade Básica de Saúde o mais rápido possível.

CONTATO CONTROLE DE ZOONOSES
Para contatar uma equipe do Controle de Zoonoses basta ligar em horário comercial no número (42) 3220-1000, no ramal 4094 ou 4095. O CCZ funciona de segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 13h às 17h. O trabalho da equipe pode ser acompanhado através das redes sociais, clique AQUI.

Por Camila Souza.