O psicanalista e hipnoterapeuta, Dr. Eduardo Pereira, explicou sobre como superar o fim de um relacionamento, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (16).

Luto pós-término de relacionamento

Após o término de um relacionamento, cada pessoa possui uma forma de superar, e algumas pessoas chegam a viver um luto. “O luto não é frescura, existem pessoas que entram em estado depressivo devido ao luto [pós-término]”, explica o Dr. Eduardo.

O especialista destaca que existe um estudo científico ligado às doenças psicossomáticas, que são causadas por problemas emocionais do indivíduo e representam a ligação direta entre a saúde emocional e a física. “Em casos mais extremos, existem pessoas que acabam cometendo até suicídio devido ao luto”, afirma. “Nós já temos prova científica da psicossomática, que o nosso estado emocional interfere diretamente sobre o nosso corpo”, complementa.

Problemas físicos acarretados

Devido a essas doenças psicossomáticas, muitas pessoas acabam desenvolvendo alguma doença e mal-estar físico, segundo o especialista. “Tenho pacientes que após alguns meses do divórcio, desenvolvem um estado depressivo, fibromialgia e outras doenças psicossomáticas”, ressalta. “Então interfere profundamente, mudando inclusive a química do organismo. Pessoas, que estão em estado depressivo, tendem a ter um organismo mais ácido [menos alcalino] as tornando mais propensas a algumas doenças”, complementa.

O ser humano, quando pensa sobre seu passado, costuma lembrar muito mais dos seus erros do que seus acertos, porém no caso da separação acontece algo inverso, segundo o especialista. “Freud nos fala da pulsão de dor e da pulsão de prazer. A de dor é mais forte, então nós temos a tendência de olhar para o nosso passado e lembrar muito mais dos erros. No caso da separação acontece algo inverso, a mente da pessoa bloqueia a parte ruim daquele relacionamento e lembra da parte boa, tornando a vivência daquele luto muito mais difícil”, explica.

Ajuda profissional

A assistência terapêutica é indicada desde o momento que a pessoa percebe que o casamento está em crise e pode acarretar em uma separação. “Quando você percebe que o casamento está em crise, procure a assistência terapêutica, para tentar recuperar o relacionamento ou para em caso de um rompimento inevitável, que seja realizado da forma mais civilizada e amistosa possível”, afirma o Dr. Eduardo. “O acompanhamento terapêutico te ajuda a enxergar coisas que quem está dentro da situação, muitas vezes não consegue enxergar”, complementa.

A crise do relacionamento é pautada, na maioria dos casos, em pequenas coisas que vão acumulando com o passar dos anos até o ponto da relação ficar insustentável. “Muitas vezes, o casal não consegue enxergar que os motivos que estão levando à separação são acumulativos. É aquele momento que aquilo vem se acumulando durante anos e acontece um ‘grande evento’, que o casal usa como uma desculpa para a separação”, destaca o psicanalista. “E essa carga que vem de anos, muitas vezes, é uma questão de ajuste de ambos cederem um pouco para que o casal volte a se ajustar”, complementa.

Ele explica que um dos principais motivos de briga entre casais é a pasta de dente. “Existe um trabalho feito por uma universidade norte-americana, que entrevistou um grande número de casais, e o principal motivo de briga foi a pasta de dente [um aperta por cima do recipiente e o outro por baixo]”, aponta. “Quando eu relato isso aos casais na primeira seção, a reação normalmente é de risada, porque é um motivo fútil. Eu guardo bem essa situação, porque no decorrer da terapia os casais começam a relatar a respeito dos motivos de briga e eu pontuo, ‘esse motivo que você está me relatando é a sua pasta de dente’, porque em alguns casos é tão fútil quanto”, complementa. O especialista fala que as pessoas devem prestar atenção se vale a pena brigar por motivos, que podem ser pequenos, e acabam desgastando o relacionamento.

Confira a entrevista completa: